PRÓLOGO

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"As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se perde...".

Fiódor Dostoiévski

PRÓLOGO

Existiam verdades inexoráveis na vida, a mais simples de todas; Um dia você perde! James Watts conhecia o significado daquela verdade. Quando se levantou naquela manhã sua cabeça estava mais uma vez, como em todos os outros dias da semana, embaralhada e pesada. Ele conseguiu se erguer apoiando-se nos móveis, indo até a janela, puxando a pesada cortina, entrando nada de novo na paisagem.

Mais um dia miserável em sua existência... James devaneou nem um pouco contente. Felicidade, na verdade, era um artigo de luxo para ele, o que era um tanto inadequado levando em conta o quão rico era, poderia comprar tudo, absolutamente tudo, ou nem tudo.

Deus devia ter muita raiva dele, pelo menos assim julgava, já que o puniu da pior forma possível. Tinha castigo mais cruel do que aquele de continuar vivo quando a única coisa que já havia lhe dado razão lhe foi tirada? James acreditava que não, culpar aquele ser universal divino era a única forma de não enlouquecer de vez, mas lá no fundo, uma vozinha lhe dizia; A culpa não é dele, é somente sua, e só sua! E é claro que era.

- Sir. Blackcastle?

Com o "time" perfeito seu mordomo bateu na porta do quarto. Ele mandou que entrasse, todavia, soou mais como um grunhido animal. Um homem vestindo um terno cinza e com sapatos insuportavelmente polidos entrou no quarto, os cabelos com sinais da idade apareciam, no entanto, os olhos cinza ainda carregavam a vivacidade de um jovem, e a mente também, James poderia atestar.

- Preciso de algo para minha cabeça!

- Imaginei que sim.

Ele estendeu uma bandeja com um copo de água e um comprimido. James nem havia visto que a figura trazia aquilo consigo, apenas aceitou, tomando tudo de uma vez esperando realmente que não vomitasse, não porque havia algum decoro em ralação ao seu mordomo, no fundo não achava que poderia aparecer ainda pior aos olhos de Pottes, o homenzinho já tinha lhe visto em situações bem piores.

- Algo para mim Pottes?

Perguntou ele se afastando, o mordomo concordou, recolhendo a roupa e as garrafas de bebida no chão do quarto, bem como restos de charutos.

- Se está se referindo ao Jack, ainda não.

James parou a porta do banheiro a tempo de virar e ver a careta do mordomo ao tirar um copo de cima de uma mesa de mogno centenária naquele mausoléu.

- Ele não já devia ter voltado, pelas minhas contas, estou me embebedando há doze horas é tempo suficiente para ele já ter voltado com o que pedi!

- Obviamente a bebida não afeta sua capacidade de fazer contas Sir. Blackcastle - Pottes disse elegante, como se não estivesse cheio de lixo nos braços. - Todavia, eu acredito que matar pessoas é um trabalho demorado...

- Devia ter feito eu mesmo?

O homem deu um aceno muito respeitoso em negativa.

- Não, um barão nunca suja as mãos!


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Informação: "Sir" é senhor nos países de língua inglesa, título dado a cavaleiro ou baronete, figuras notáveis da Antiguidade, lordes etc.

Um Último GolpeOnde histórias criam vida. Descubra agora