Capítulo 18

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Bela


-Não sei, ela estava muito cansada e com dor. A medicação dela é forte demais, não dá para saber quando o efeito irá passar. - Senhor Romanov explica. ⠀

-Com licença. - Falo um pouco mais alto que o normal, para avisar que eu acordei. ⠀

-Bela - Todas as meninas presentes na sala dizem, elas ficam em pé e correm em minha direção.

-Devagar. - Aviso fechando os olhos. Suavemente várias mãos me abraçam e sorrio. ⠀

-Nos perdoe Bela, não queríamos te machucar. - Maria Cecylia começa a se desculpar, elas estão chorando e sinto uma dorzinha no peito ao vê-las nesse estado.

-Está tudo bem, não foi culpa de ninguém, eu que sou estabanada e tropecei. - Digo com um sorriso amável no rosto - Desculpe pela cena que viu, Yasmin, não foi minha intenção magoar vocês. ⠀

-Não peça perdão. Eu quem tirei conclusões precipitadas, devia ter deixado você explicar. - Ela diz, à vergonha e tristeza em sua voz - Eu que inventei de amarrar a linha na escada, mas foi uma péssima ideia... ⠀

-Foi mesmo mocinha. - Digo divertida - Não repita mais isso, a dor é horrível. - Pontuo a frase com uma careta. ⠀

-Perdão Bela. -A menina diz, seus olhos brilham com lágrimas não derramadas e me derreto.

-Já estão perdoadas a muito tempo, não sofram mais com isso. -concluo sorridente. ⠀

-Agora que já se desculparam, podem ir para seus quartos, está tarde para ficarem acordadas. Amanhã, teremos o dia todo para conversar com Ayala. - Senhor Romanov diz. Todas as meninas me abraçam e partem vagarosamente para seus aposentos. ⠀
-Elas são um amor, tem sorte senhor Romanov. - disparo a frase no silêncio. ⠀

-Ora, dispense essa formalidade, pode me chamar de Lorenzo. Afinal, nós já estamos até dividindo o guarda roupas. - Ele fala despretensiosamente. ⠀

-Dona Zezé disse que o senhor não estava usando essa camisa. E como o pijama da Yasmin não coube, eu acabei aceitando. - Tento explicar. ⠀

-Não precisa explicar. Eu gostei de como ela ficou na senhorita. ⠀

-Ora, dispense essa formalidade, me chame Bela. - Imito sua frase e ele sorri. ⠀

-Tudo bem. Então, Bela, está com fome ? - Ele pergunta se levantando e vindo em minha direção. A realidade é que não havia notado até agora, o quão faminta eu estou. Assinto envergonhada e ele segura minha mão. -Vamos, Dona Zezé deixou uma sopa preparada para Você. ⠀

-Humm, se importa se eu dispensar a sopa ? Nada contra - Me defendo quando seu olhar matador cai sobre mim - Mas é que eu comi sopa por sete dias seguidos no hospital, não aguento mais. ⠀

-Eu havia me esquecido disso, perdão. Vou preparar um sanduíche para você, aceita ? - Assinto novamente e ele me segura nos braços, fico um pouco desconfortável com a situação e ele pede para eu relaxar, a caminhada até a cozinha parece enorme, e agradeço por não ter que andar. ⠀

-O senhor.... digo, Lorenzo. - Me corrijo, e vejo satisfação em seus olhos - Não precisa me carregar, quero dizer, eu agradeço, mas não quero causar dores em você. ⠀

-Como eu mesmo disse, você não pesa tanto assim e eu gosto de me sentir útil para as pessoas. ⠀

-Então, de toda maneira, obrigada.

-Não precisa agradecer.

Lorenzo prepara o sanduíche e coloca o prato e um copo de suco em minha frente. Eu não sei se consigo comer tudo, afinal o lanche ficou enorme e com as medicações que tomei no hospital e aqui, meu estômago não está muito bom. Me esforço para engolir o máximo possível, enquanto isso, nós dois conversamos sobre histórias da nossa infância. É gostoso ter alguém com quem conversar assim. Lorenzo é engraçado, fofo e bem humilde, apesar de toda sua riqueza e pompa de senhor inacessível, ele é bem diferente do que sua postura demonstra. Além de ser um cavalheiro, diferente do Alessandro que surta por qualquer coisa, Lorenzo consegue ser pai de 7 meninas, chefe e dono de uma empresa enorme e ainda lidar com a imprensa em cima dele. ⠀

-Acho que não aguento mais nada. - Suspiro empurrando o prato para longe, comi quase o lanche todo e não consegui terminar o suco, mas se eu der mais um gole no suco eu vou vomitar. ⠀

-Pelo menos você comeu, isso é bom. O médico mandou você se alimentar bem.

-Exagero isso. - Reviro os olhos e abro a boca em um bocejo nada discreto - Perdão a indelicadeza, acho que estou cansada. ⠀

-Já esta tarde, imagino o quão cansada deve estar. Está sentindo alguma dor ? - Lorenzo diz todo preocupado, me sinto com catorze anos novamente. ⠀

-Um incômodo na cabeça, nada demais. - Falo ficando em pé.

-Eu te levo...não quero que se machuque. - Um sorriso brinca em seus lábios e ele me levanta nos braços, encosto a cabeça em seu ombro e inalo o cheiro másculo e amadeirado de seu perfume. Isso não está certo, mas o momento não me permite pensar no que é ou não errado. Só quero aproveitar essa pequena brecha e tirar uma casquinha desse homem M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.O.

Bela e as 7 meninasOnde histórias criam vida. Descubra agora