Capítulo 5

3.5K 287 4
                                    

Bella

Se eu seguir a linha do escorpião na carteira, nada de gastos superficiais e desnecessários. Sem lanches nas sextas, sem sorvete, sem chocolates no caixa do mercado, sem roupa novas - não que eu compre muitas- quem sabe apenas um tênis novo ? Não, nem pensar... Com esse pensamento na cabeça, eu começo a pesquisar no jornal, ideias de empregos. Algo que não seja influenciado pela artimanha ridícula de Verbena. Ela pode até ter colocado meu rosto nos jornais para me atrapalhar, mais eu vou conseguir e dar a volta por cima. Ainda estou sentada na velha mesa da cozinha, quando a porta se abre e Alessandro entra todo cheio de sacolas, ele está sozinho e precisa de três viagens para colocar tudo para dentro. ⠀

-Já esta fazendo o enxoval ? - Digo para provocar, ele me olha com um ar irritado e começo a rir.

-Engraçadinha. Me ajuda aqui. ⠀

-O que é isso ? -Digo mordendo a caneta e apoiando a cabeça na mão. ignorando o pedido de ajuda. ⠀ -Vou aproveitar a pequena viagem da Lena, para dar uma reformada nesse lugar. - Alessandro me encara e vejo o brilho perverso em seu olhar. Ele está animado e ansioso.

-Para onde sua irmã foi ? - Pergunto pulando da banqueta para o ajudar quando ele pega o sofá e começa a puxar.⠀

-Curitiba. Esta tendo uma feira de tatuadores lá, ela estava em polvorosa com a ideia de ir; então.- Ele faz um movimento que deveria ser uma levantada de ombros e sorri - Eu a disse para ir.

-Você já estava pensando nessa reforma, não é ? - Arqueio a sobrancelha vendo seu rosto avermelhar ao concordar.

-Mas me diz se não precisa. - Diz rindo. ⠀

-Precisa sim. ⠀
⠀ ⠀
-Não é ? eu estou sendo realista. ⠀

-Até demais. Sua irmã vai te matar, você sabe não é ?- tento argumentar, mais no fundo, lá naquele fundinho da alma, eu estou amando isso. suspiramos em uníssono ao jogar o sofá na portaria do velho prédio.

-Bom, eu não ligo. - Ele ri e sei que ele realmente não liga, Selena é uma maria mole quando se trata do Ale.

-Ok, nós já demos um jeito nisso aqui.-Dou alguns tapinhas no estofado puído do sofá e respiro fundo - O que vamos fazer agora ?

-Que tal comer uma pizza e começar a pintar tudo ? - ele sugere, mas me lembro do modo escorpião e nego. ⠀

-Podemos comer um sanduíche ? tem os ingredientes na geladeira. - Falo sem graça.

-Ué, está fugindo da Pizza ?
⠀ ⠀
-Eu estou de dieta.- minto ⠀

-Mentirosa, manda a real. - Ele brinca me pegando no colo, tão de repente que dou um grito agudo. ⠀

-Alessandro, não faz isso. Sabe que odeio que me peguem. - falo me mexendo em seu Colo.

-Mas eu amo te segurar, você é fofa nervosa. - Ele sorri roubando um selinho meu.

- Chato. - mostro a língua para ele.

-Eu pago a pizza, não precisa se preocupar. Sei que está com problemas com sua madrasta. -Ele revira os olhos e me coloca no chão, logo que entramos no apartamento - Na verdade, queria saber qual foi o lance com a Verbena. Minha irmã não me disse nada e desde ontem você só quer me beijar. nem para conversar. ⠀
-Que calúnia. - Coloco as mãos na cintura irritada. - Eu só vou te explicar, porque você é advogado e pode me ajudar.

-Então fala, bravinha.- Alessandro provoca enquanto pede a pizza. ⠀

-Basicamente, eu fui até a imprensa e falei que Tio Rafael e Verbena haviam envenenado meu pai e aproveitando da sua fraqueza, feito ele assinar um documento que deixava todas as posses para ela. ⠀

-Então você disse a verdade. -Ele diz normalmente e assinto - Qual o problema disso ?

-Eu não tenho provas. Então quando a polícia entrou no caso, eu fui processada por calúnia e difamação. - Explico - Até tentei achar algo, mais nada foi deixado como prova. Eu nunca vou conseguir provar que meu pai não morreu de um ataque cardíaco simples, e sim foi envenenado. ⠀

-Mas e o atestado de óbito dele, não diz nada ? ⠀

-Sei lá, nem vi o atestado. Tio Rafael foi quem pegou e guardou, nem a tia Ângela viu. - Falo com a voz murcha.

-Vamos dar um jeito de provar. Eu juro.

Sorrio para ele que me abraça. Logo a pizza chega e, quando terminamos de comer, começamos a pintar toda a sala. Quando tudo está finalizado, decidimos nos banhar para dormir. Eu ainda tenho alguns dias antes de voltar a trabalhar, já que peguei minhas férias no bar para procurar outro emprego. Estou nervosa com situação, isso faz com que eu tagarele direto. Ale é compreensivo mas durante a noite, quando já esta cansado demais da minha voz, ele me tasca um beijo e eu realmente me calo. Isso acaba rendendo outras coisas e no fim da noite, estamos cansados e nus na cama do quarto de hóspedes.  Essa é a melhor maneira de calar uma pessoa. ⠀

Acordo me sentindo sufocada e com um calor enorme tomando conta de mim. O ar gelado que sopra em meu rosto, não condiz com tanto calor assim, mais ao me mexer na cama, recordo da noite anterior e sorrio. Alessandro está agarrado em mim, sua perna largada em cima das minhas e seu braço, que esta em minha cintura, me prende contra ele. Sem nenhum cobertor sobre nós, a cena é um tanto constrangedora. Estamos totalmente nus e algumas marcas roxas se destacam em nossos corpos.

Me remexo na cama e levanto com uma certa dificuldade devido ao peso de Alessandro. Assim que consigo sair, corro ao banheiro, tomo um banho e decido sair. Preciso procurar outro emprego não posso depender apenas de um. O dia passa com tanta rapidez, que quase nem me dou conta de que já passam das cinco da tarde. Caminho rapidamente afim de pegar um ônibus, mas uma chuva enorme se inicia e tenho que tentar me apressar em busca de abrigo, começo a correr e como se eu já não estivesse com problemas, meu tênis acaba ficando preso em um burraco na calçada e levo o maior tombo da minha vida. ⠀

-Você esta bem ? - uma voz fina fala comigo. Demoro a encontrar a fonte dela, até que vejo duas cabeças pequenas e de longos cabelos loiros, saindo da janela de um carro.

-Estou bem sim. - Sorrio tentando puxar meu pé preso, ele esta realmente dolorido.

-Não parece. - a outra menina de voz fina diz. ⠀

-Vai ficar tudo bem. - Exclamo.

Bela e as 7 meninasOnde histórias criam vida. Descubra agora