Capítulo 1

247 7 0
                                    

Sienna...

Nova Iorque,12 de março 2018

Dobro a última peça de roupa e acomodo com cuidado no espaço que sobrou na mala, deslizo o Zíper soltando um último suspiro, pensar que, em poucas horas eu estaria num voo pra Florença, em busca de um sonho, pensar nisso faz meu coração saltitar no peito, Florença, a Capital da Toscana, é uma cidade onde os amantes da arte se deleitam, museus, estátuas, praças, rodeada por Edifícios Religiosos, mercados e Palácios de uma beleza épica.
Florença era uma cidade contemporânea, conhecida por unir o clássico com o moderno, tudo em que eu conseguia pensar era na semana de arte, eu estava excitada com a possibilidade de testemunhar tantas novidades.
Como pensar na Itália, onde se tem a cidade mais bela do mundo, aquela que tudo é arte, cada rua perfeitamente distribuída, as casas com suas construções onde escondem histórias, cheia de amor, calor.
Eu li e reli milhares de histórias onde a beleza de Florença foi o cenário lúdico, perfeito, mas o que faz meu coração bater tão desesperado pela bela cidade, é meu amor incondicional pela arte, sim, sou uma mulher de 23 anos que estuda artes, eu respiro arte e desde que vi as cores em uma tela pela primeira vez, eu não consegui desprender os olhos, foi ali onde tudo começou, o problema é que meu professor disse, que eu pintava como uma profissional, mas que faltava emoção, fiquei chateada na época, mas depois que vi a exposição de um artista aqui em Nova Iorque, como as pessoas ficavam fascinadas pelos tons se misturando, meu coração palpitou tão rápido enquanto transbordava sentimentos variados, a cada tela que meus olhos passeavam, era como se eu visse sua alma exposta ali, eu nunca tinha me sentido daquele jeito, nunca tinha ido numa exposição como aquela, o nome do artista Kai Rowan, ficou gravado em minha mente, meu professor disse que o artista era um jovem em ascensão, sua arte corria pelo mundo, lotando salas com admiradores, corri naquele dia e fiz várias pesquisas na "internet", os meus olhos, mau acreditavam em tudo que liam, Kai não era apenas considerado um grande artista, como o único a alcançar a magnitude de atingir os sentimentos do seu público, e tudo isso sem se expor, ele não gostava de ter seu rosto estampado ou de dar entrevistas.
O fascínio logo me dominou, então na primeira oportunidade pedi ao meu pai uma viagem a Florença, eu sabia que Kai Rowan morava lá, e tudo que passava em minha mente era conhecer o dono daquela arte que tanto me fascinou, agora, estou aqui pronta para embarcar em algumas horas.

— SIENNA??

E pronto,acabou -se o minuto, tranquilidade da Sienna, minha mãe chegou das compras.
Pulo da minha cama e vou em direção a ela, provavelmente ela comprou uma daquelas roupas exageradas, caras e horrendas, minha mãe acha, que só porque possuí uma etiqueta de grife na roupa, faz dela uma peça excepcional.

— Oi! Mãe.

As várias sacolas espalhadas pela sala, revela que a fatura do cartão esse mês, estará no pico mais elevado da conta bancária do papai.

— Mãe, o que é tudo isso?

— Compras bobinha, você vai viajar amanhã, pensei que ia precisar de uns casacos.

Deus, tenho medo que a qualquer momento, salte um guaxinim vivo daquelas sacolas.
Me sento no pouco espaço que sobrou no sofá.

— Mãe, eu não preciso de mais nada, minha mala já tá pronta.

Ela simplesmente balança as mãos em desdém, me ignorando como sempre.

— Querida, acredite, nunca temos o suficiente.

— Mãe temos mais do que muitas famílias, possuem para ter uma vida confortável.

— Vai criticar, sem nem ao menos olhar Sienna.

Viu, ela não escuta nada e nem ninguém, sua opinião era sempre a única.

— Ok, me mostre..

Os olhos dela era puro brilho, ela havia vencido afinal.
Fico parada observando o desfile de horror, eu gostava de discrição, já minha mãe queria que eu fosse uma espécie de Outdoor chamativo, dou graças a Deus, minha irmã Isla chega, sua primeira reação ao me ver cercada pelo horror de casacos, foi torcer o nariz.

— Alguém chama o Ibama, parece que nossa mãe andou caçando todos os guaxinins da terra.

— Isla querida, você não entende nada de moda, basta olhar pra você.

Minha irmã dá, uma volta exibindo seu jeans rasgado e sua regata, acompanhada por seu camisão xadrez.

— Isso se chama, conforto mãe, básico e não essa coisa aí cheia de paetê.

Me levanto ficando ao lado de Isla, podíamos ter gostos diferentes, mas quando se tratava do gosto da nossa mãe, estávamos de pleno acordo.

- Eu não desisto, se vocês gostam do frugal, problema de vocês.

Minha mãe ajeita suas compras e sobe para seu quarto, eu queria saber onde ela enfiaria todas aquelas compras, aposto que o closet estava abarrotado.

— Eu estou tentando entender, como ela vai conseguir guardar todas aquelas coisas no closet.

Olho para minha irmã rindo.

— Então, vai mesmo viajar pra outro País, atrás de um misterioso artista que nunca, gosta de aparecer em público.

Minha irmã acha que é loucura eu me aventurar nessa busca, mas ela não entende que o meu amor pela arte é incontrolável, tudo que consigo ver ao fechar os olhos é aquela arte cheia de sentimentos.

— Ele é apenas uma pessoa discreta, isso não tem nada de estranho, gosta de ter privacidade pra pintar, explorar sua arte.

Isla revira os olhos com a mão sobre o peito, tão dramática.

— E se, ele for uma fera, aquele, cara com uma cicatriz horrenda.

— Você tem muita imaginação, mas eu confio no meu instinto, alguém que pinta com a alma, com tanto sentimento não pode ser um monstro.

— Ta legal, mas me liga se estiver sendo perseguida.

Arremesso uma almofada nela que desvia rapidamente, palhaça.
Meu pai entra, ele para e ergue os olhos em nossa direção, eu sei que o maior sonho de nosso pai, era poder ter um filho homem, pra segui-lo a todas as reuniões, assumi a empresa, mas somos só nós duas, Isla ama música e eu a arte, minha mãe adora compras, o que resta pra ele trabalhar em dobro.

— O quê minhas meninas, estão aprontando?

Meu pai Robert, era um homem elegante, conquistou toda sua fortuna com seu trabalho, sempre apaixonado por nossa mãe a trata como uma verdadeira rainha.

— Estou tentando fazer com que Sienna, mude de ideia.

Meu pai põe sua pasta sobre a bancada, e caminha até se sentar à nossa frente.

— Isla sua irmã só fala nessa viagem, acho difícil ela desistir agora.

— Eu já expliquei isso pra Isla, mas ela insiste em me aterrorizar com sua mente criativa.

Isla ergue as mãos em sua defesa.

— Cadê sua mãe?

Ouço passos descendo a escada apressada, o clac, clac do som dos sapatos ecoam pela casa anunciando minha mãe.

— Aqui querido.

Isla revira os olhos, a cena a seguir era toda melosa, um beijo ardente, era sempre a mesma cena se repetindo durante anos.
Eu ficava feliz por ter pais que se mantinham apaixonados, com aquela velha chama acesa.

🖌🖌🖌🖌🖌🖌🖌🖌🖌

As Cores Do Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora