Capítulo 12

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Kai...

"Eu te amo"...

As palavras dela não paravam de se repetir em minha mente, porra, eu não consegui olhar nos olhos dela depois daquilo, eu era um cretino, era oficial, eu era um monstro por permitir tudo isso.

— Kai, você não precisa desviar os olhos de mim, e nem se sentir culpado.

Olho para ela que esta se vestindo, estava confuso com tudo aquilo, eu admito, foi eu mesmo que causei tudo isso.

— Eu não espero, que diga que me ame...

Ela solta uma risada tremida e continua falando.

— Eu não espero que se apaixone por mim, só quero que as coisas, não fiquem estranhas depois disso.

Ainda estou parado feito a porra de uma parede, não me movo e também não falo nada, que merda eu estava fazendo, eu havia travado dentro de mim e agora não conseguia reagir como deveria.

— Vamos descer, sua mãe deve esta nos esperando.

Ela diz, indo em direção a porta, eu ainda estou pondo a camiseta quando finalmente consigo me mover, ela caminha na frente enquanto eu a sigo, perdi a porra da voz, ou qualquer tipo de reação que um ser normal teria.

Minha mãe abre um sorriso, assim que nos vê, mas logo ameniza, ela está observando, e já sabe que tem algo de errado.

— Eu fiz um cozido maravilhoso filha, Kai ama e espero que esteja com fome.

Sienna abre um sorriso fraco, ela estava tentando disfarçar, mas era péssima nisso, o sorriso dela costuma iluminar os lugares onde ela vai, agora esse que ela esta direcionando a minha mãe, esse está tão, apagado e sem vida, me senti culpado por fazer a única pessoa, que me fez sentir e viver tudo nos últimos dias, infeliz, eu sabia que era assim que ela estava se sentindo.

— Então, amanhã é a exposição, vocês vão?

— kai não costuma ir, em suas exposições

Ela diz, sem me olhar, mas eu não estava disposto a deixar estragar minha surpresa a ela, mesmo que eu tenha partido seu coração, eu ainda podia fazer algo por ela.

— Na verdade, nós vamos.

Digo, pondo um pedaço de carne na boca, esse cozido é divino e se minha boca não estivesse sentindo esse gosto amargo, o sabor seria ainda melhor, Sienna ergue uma sobrancelha me encarando, parece confusa e surpresa com minha resposta.

— Vamos?!

— Sim, ninguém precisa saber quem sou de verdade, e aqui isso, também é possível.

— Ah! Então, nós vamos a sua exposição.

Um brilho surgi, dando vida a seus olhos pela primeira vez, eu sabia que isso podia, anima-la.

— Sim, além disso, eu preciso que veja algo.

Ela franze a testa confusa.

— O quê?!

Sorrio, deixando ela mais curiosa, mas nada de revelar o que eu tinha planejado, ou estragaria a surpresa.

— Vai descobrir, ruiva.

Ela tenta esconder um sorriso, mas já era tarde demais, eu o vi assim que começou a surgir em seu lindo rosto.

— O que vocês vão fazer, durante a manhã?

Minha mãe torna a perguntar, eu percebi que ela estava tentando ajudar.

— Vou levar a Sienna, para um passeio.

Ela ergue os olhos.

— Ah! É?

— Claro, ainda nem exploramos a cidade, amanhã faremos isso.

Ela concorda e depois disso, sinto um alívio por finalmente a fazer sorrir

O jantar se tornou mais digestivo, depois de todo aquele momento tenso, minha mãe decidiu que era hora de me fazer passar vergonha, ela contava minhas histórias de infância, as artes que eu fazia no dia a dia, contou como descobriu sobre minha acromatopsia, de meu pai, foi o único momento naquela conversa que vi minha mãe vacilar, era sempre assim quando ela falava de meu pai, eu era pequeno quando ele, teve um AVC, ele não resistiu e morreu me deixando aos 8 anos com minha mãe, ela nunca se casou ou até mesmo se apaixonou novamente, meu pai foi seu único amor, até hoje eu vejo aquele brilho em seus olhos, ao recordar de meu pai chegando em casa.

A conversa após o jantar, serviu para recordar, matar a saudade de um tempo em que tudo parecia fácil, eu era apenas uma criança, os problemas por maiores que fossem, logo se desfaziam quando minha mãe chegava sorrindo ou me levava para um passeio.

Já era tarde, quando subimos para nossos quartos, a minha vontade era de bater na porta do quarto de Sienna, mas eu me contive, eu estava muito impulsivo ultimamente, teria que parar para pensar de agora em diante, e não arruinaria o resto da noite quando havia consertado uma parte dela, amanhã era nosso último dia aqui, eu queria, leva-la para um passeio no museu onde estava exposta a maior obra da cidade, a árvore de ouro, e a noite ela teria a surpresa que prometi, eu torcia para que tivesse feito a coisa certa, já que tenho feito muito a errada.

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