COMO FAZER JULLIETA VIVER ETERNAMENTE?

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Nos dias que se seguiram agi como uma babá super qualificada fazendo os gostos de minha cabecinha de pirulito, naquele momento verde, talvez de menta, mas eu não gosto de menta, arde meu cérebro.

Conversamos sobre como poderíamos tornar nossos dias menos dramáticos e tristes e como de costume Jullieta teve uma ideia fabulosa de adotarmos uma cachorrinha. Minha alergia queria me estapear, mas não lhe dei ouvidos, precisávamos substituir vida com vida. Fomos a um petshop, olhamos alguns filhotinhos, mas Jullieta não sentiu em seu coração comprar algum, se lembrou de que suas mães são sacrificadas para tê-los, era um comércio, então antes de deixarmos o local um funcionário disse que a mãe de um dos filhotes tinha tido um problema no útero e teve que retirá-lo. Jullieta quis conhece-la e para minha nada surpresa quis adotá-la. Questionei se seria prudente já que o que realmente gostaríamos é de eternizar o momento, futuramente com novos filhotes pra manter o laço e Jullieta me deu a ideia de sempre adotar um filhote ou animal que precisasse de cuidados, pois isso a deixaria muito feliz. Minha alergia quis bater em Jullieta, mas a silenciei abruptamente.

O nome ficou a cargo de mamãe que sempre escolhia o nome dos animais de estimação dos vizinhos já que nós não poderíamos ter. Escolheu o nome de Lili. Eu pensei que fosse sair algo esplêndido e saiu Lili. Fiquei longas horas imaginando porque raios a vizinhança consultava minha não criativa mãe para colocar nome em seus animais de estimação. O bom é que Jullieta amou, pensou em Juju também, mas Lili era muito a cara da nossa cadelinha, era delicado e doce como a bolinha de pêlos carinhosa. Jullieta ria sozinha de suas estripulias. Uma vez a peguei passando a mão na cicatriz na barriguinha da Lili e na depois na sua e entendi o porquê fizemos o correto em adotá-la.

Em meu retorno ao trabalho foi a companheira ideal. Latia quando sentia que Jullieta precisava levantar e não conseguia ou quando estava passando mal. Mamãe nem precisava se preocupar em vigiar minha casa. Os latidos de socorro eram diferentes. Quando retornava me puxava pela manga da camisa. Precisei comprar novas. À tarde passeávamos em um parque próximo de casa. Lili corria serelepe por todo ele e depois voltava como o toquinho do rabo balançando. Lambia sempre primeiro a perna da Jullieta e depois meu rosto me fazendo espirrar de tal forma que sentia que uma hora meu nariz tomate cereja ia cair na minha mão.

Jullieta nesses momentos me perguntava se foi uma boa adotar a Lili e com voz fanhosa respondia que obviamente, visto que havia uma promessa por parte do meu alergista que em longo prazo um medicamento que vinha fazendo uso ira me auxiliar nesse processo de adaptação, ou ficaria sem nariz que também resolveria o problema. Possibilidades não faltavam, mas ficar sem nossa mais nova companheira não estava em cogitação. Aos poucos nossa cachorrinha de fato se tornara parte de nossas vidas e na mesma intensidade podia ver em seus pelinhos enrolados um pouco da minha amada, tanto que pedi para mudarmos seu nome para Lilli, com dois eles igual Jullieta.

PARA SEMPRE JULLIETAOnde histórias criam vida. Descubra agora