O crime

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Você amanheceu com uma imensa dor nas costas, enquanto Jerome dormia como um anjo. Você ficava se perguntando como o garoto conseguia dormir ali todos os dias.

Você se levantou, e tratou de tentar sair logo dali, já estava tarde, e você tinha medo da mãe dele chegar e fazer alguma coisa.

Ela era muito má quando queria.

Para melhorar a situação, e comprovar que você tem muita má sorte, a mãe do garoto apareceu, e para variar, aos beijos com um palhaço qualquer.

Você olhava inojada para a pouco vergonha que ela tinha. Deixar o filho daquele estado e depois voltar para transar com um palhaço praticamente do lado do garoto.

O "casal" percebeu sua presença, e você logo tratou de se retirar, pedindo mentalmente para que eles não atrapalhassem o sono do pobre ruivo.

(...)

Já estava tarde, e no anoitecer você se apresentaria novamente, então tratou de se arrumar para isso. Você estava penteando o cabelo, até perceber uma presença atrás de você.

Você não pode deixar de notar todos encarando tal cena, então se apressou para ver quem era.

Você não pode deixar de sorrir ao ver Jerome.

— Você está melhor? Dormiu bem? Aconteceu mais alguma coisa? — perguntou tudo de forma rápida pela preocupação, fazendo-o rir.

— Eu estou bem melhor, não se preocupe com isso — ele enfatizou o seu estado, o que te fez estranhar.

Ele estava com uma felicidade incomum, e qualquer um que o visse poderia garantir isso.

— Tem certeza que não aconteceu nada?

O garoto sorriu mais abertamente, te puxando pelos pulsos. Você queria recusar, mas Jerome não te deu essa opção, e de qualquer forma, você estava curiosa.

Você ficou abismada ao ver o que ele tinha feito.

Ele te mostrou a tal piada, que você nunca entenderia.

Suas pernas estavam bambas, e você não conseguiria se apresentar. Jerome segurou suas mãos antes que elas perdessem total contato com as suas. Você estava assustada.

Assustada por não sentir medo de Jerome, por se sentir aliviada por tudo. E principalmente por não ter se sentido mal ao ver aquele corpo ensanguentado. O que estava acontecendo?

Você achava que ela havia pagado o preço por faze-lo sofrer, e queria dar o mesmo destino para quem torturou seus pais e seu psicológico na sua frente. 

Você sorriu da lado ao parar pra pensar que Jerome não teria mais motivos para chorar no seu aniversário, ou em qualquer outro dia que eles o machucassem. Porque ela não estava mais viva para toca-lo.

Você estava perdida em seus pensamentos, até passar pelo trailer de Lila. Você observava a cobra um tanto agitada com atenção. Era um cobra bonita.

O susto domina seu coração agitado e seu coração quase sai pela boca ao sentir alguém te pegar com firmeza pela cintura, logo entrando naquele lugar pequeno e escuro.

Seu coração saltita mais, e não mais pelo susto, e sim por sentir a respiração ofegante e lenta de Jerome entrar em contato com a sua pele. As mãos grandes do rapaz ainda te seguravam com firmeza contra a parede fria.

Com o corpo ainda colado ao seu, o garoto junta os lábios avermelhados dele aos seus, o beijo era lento e intenso, cheio do mais puro desejo. As mãos do rapaz deslizavam pela sua coxa, e você puxava os fios ruivos do rapaz com certa brutalidade, intensificando o beijo.

O bater da porta fez com que vocês parassem, você já imaginava que o chefe perguntaria porque você não foi se apresentar hoje. Seja lá quem fosse, te deixou descontente, afinal, você pensou que esse momento jamais aconteceria.

Você não sabia que Jerome te olhava com esses olhos.

 — Delegacia de Gotham, queremos falar com a Lila.

Seus olhos se arregalaram dentro daquele local, e você se encolheu, desejando não ser interrogada ou algo do tipo. Você estava aliviada por eles não terem percebido sua presença enquanto perguntavam sobre ela para Jerome.

Mas seu coração parou por alguns minutos quando ouviu o homem dizer que não haviam te visto hoje também. Jerome disse com simplicidade onde você estava, e você teve que sair de lá.

 — O que ela fazia ai dentro? — o detetive perguntou, te olhando desconfiado.

Você levantou o olhar, com um pouco de vergonha. A moça que estava com o detetive te encarou por alguns segundos, provavelmente percebendo sua timidez.

— Vocês atrapalharam um momento importante — disse por fim, rindo um pouco.

Jerome riu também, pegando a sua mão com certa delicadeza, e entrelaçando seus dedos com os dele. Levando as costas de sua mão até os lábios e deixando um selar ali. Você ruborizou com tal ação, vendo a moça ao lado do detetive suspirar com um sorriso bobo para vocês.

O detetive logo cortou o assunto perguntando sobre a cobra, Jerome o respondia com sabedoria, e então o detetive pediu para solta-la. Seguiram a cobra que começou a entrar em uma manta branca, em cima de algumas madeiras.

Logo o corpo foi descoberto, você ficou confusa, pois o corpo não estava lá antes, mas manteve sua postura de quem estava horrorizada. Jerome como ótimo ator, começou a berrar. Se você não o conhecesse, acreditaria em suas lágrimas falsas. Jerome era silencioso quando estava triste.

Jerome era um lobo vestido de ovelha.

E um lobo vestido de ovelha é mais do que um aviso.

(...)

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Imagine •Jerome Valeska•Onde histórias criam vida. Descubra agora