1986

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Eu estava andando na feira. Ela estava abandonada faz um ano. A chuva molhava minha roupa e todas as barracas desmontadas. As flores pareciam estar bem, mas todas estavam depressivas e sem cor.

Eu escutei um estrondo e em seguida um galho quebrando logo á frente.

Era ele, eu tinha certeza.

Conforme meus passos ficavam cada vez mais rápido, comigo sentindo medo e emoção ao mesmo tempo, os sons de galhos quebrando começaram a ficar cada vez mais longe.

E longe,

e longe.


Eu tinha que acelerar meu passo para conseguir acompanhá-lo.

Mesmo eu correndo, ele parecia um pouco mais rápido que eu.

Eu olhava para o chão, vendo as marcas de pegadas, distorcidas. Como uma pata de galinha. Os galhos quebrando eram a única coisa que poderia dizer o quão perto eu estava.

Eu o-segui até uma caverna, onde os seus passos ecoavam.

Dessa vez, eu escutava seus pés bater com força no chão de pedra, ecoando na caverna inteira. 

Eu peguei a minha lanterna de bolso para poder ver naquela escuridão, e quando eu apontava minha lanterna para ele, ele gritava de um jeito agudo de ensurdecer qualquer um que estava perto. Mesmo assim, eu seguia correndo atrás dele.

Seus passos pararam.

E tudo ficou quieto por um estante.

...

...

...

"AWWNNN"

Eu escutei na escuridão.Parecia um animal. Eu fui investigar o barulho.

Eu nunca vou esquecer oquê estava ali. 

Chupa-Cu  -  Goianinha EditionOnde histórias criam vida. Descubra agora