1986

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Era Marty.


"Por quê, ele? Por quê?", ela disse, chorando.


Eu comecei a dar chutes no caixão para fazer barulho...


...


Ela parou de chorar.



"R-Roger?", ela disse.


Eu fiquei tentando gritar.

Até que saiu:

"S-S O C O R R O, M A R T Y !", eu gritei, com a voz falha.

Ela deu um grito e saiu correndo.


Eu pensei que ela havia me deixado lá, para morrer.

Até que eu escutei vários passos.

"Eu juro que ouvi! Não estou ficando doida!", Marty disse.


Eu estava sem fôlego, não conseguia me mexer, não conseguia falar.

Ficaram minutos conversando. Se eu me mexesse ou falasse, gastaria todo o ar, e me sufocaria.


Eles começaram a ir embora.

M-Marty...

Me desculpe...







...

Eu ainda estava vivo.

Eu escutei alguma coisa...

...

Parecia...

...

Terra?





Marty...?






Marty...?




...




O caixão começou a ficar mais claro.

Era ela.


"Senhora, pare!", um homem gritou.

"Nunca!", Marty gritou.

Parecia horas, mas ela finalmente conseguiu.

Eu estava escutando ela.

"Roger? Roger me responda, Roger!", ela disse, tentando abrir o caixão.

Eu dei um soco na tampa do caixão.

"Mart..." Eu disse.


Ela....

Ela estava ali...

Para me ajudar...

Ela liga para mim...





CRACK



Ouve um estrondo.

O caixão estava quebrando.

Ela estava conseguindo.


Eu apaguei.



...


Eu acordei horas depois, eu estava num hospital.


"Roger? Está me escutado", disse Marty.

Eu não conseguia falar, mas olhei para ela e fiz um sim com a cabeça. 

"Graças a Deus, Roger", disse Marty. "Os doutores falaram que você estará bem daqui a 3 meses. Está tudo bem, Roger".


Eu...


Eu estava tão dolorido...


Eu apenas...


dormi.

Chupa-Cu  -  Goianinha EditionOnde histórias criam vida. Descubra agora