✧ de volta ao que não tem volta ✧
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• 23 de fevereiro de 2008
Elijah, meu vizinho esquisito e meu amuleto também, que usa preto da cabeça aos pés, me convidou pra ir na sua casa da árvore mais tarde pela primeira vez, fazer sei lá o que. nossas janelas são exatamente, uma de frente para a outra, eu consigo observar tudo o que ele faz e ele não presta atenção em nada que seja relacionado a minha pessoa.
eu e esse cabeça oca, estudamos na mesma classe da escola nova que frequento atualmente, faz 2 anos que entrei lá e ainda me refiro como escola nova. ele costuma ser simpático e um pouco avoado em seus pensamentos, às vezes me distraio olhando para ele e tento adivinhar no que ele está pensando, será que ele percebe à aceleração do meu coração quando ele coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha?
ele costuma estar sempre junto dos seus amigos mais velhos, Simon e Tomoe, os dois são um belo de um paradoxo juntos. Simon tenta ser engraçado, é convencido e insuportavelmente irritante, porém, bonitinho. Tomoe é como o inverno, seu cabelo é descolorido que chega à uma tonalidade branca como a neve e ele aparenta sempre estar exausto de tudo que o rodeia mas me sinto aconchegado só de olhar pra ele, é bastante tímido e distante de todos, suas palavras costumam ser leves e calmas.
[...]
mais tarde naquele mesmo dia, assim que berrei o nome de Elijah no intuito de fazer ele notar que estou esperando um sinal de que tenho permissão pra adentrar naquela casa da árvore que é enfeitada com pisca-piscas coloridos, como os que meus avós colocam em volta de sua casa no natal.
depois de subir pela escada feita com cordas e pedaços de madeira que ele arremessou, pude notar que havia mais duas presenças conhecidas assim que pus o pés no local, Simon e o doce Tomoe, espero que ele nunca saiba que eu o chamo assim mentalmente.
passamos a tarde inteira, jogando variados tipos de jogos e escutando música, eles possuem um bom gosto musical e me surpreenderam com as músicas que me mostraram, logo eu que passo todo o meu tempo livre explorando o paraíso que eu chamo de internet.
Fluorescent Adolescent, foi a música que Tomoe escolheu enquanto Simon tentava mesmo falhando miseravelmente imitar a pose da modelo que havia numa revista que estava jogada por aquele lugar todo bagunçado e desorganizado. posters de bandas e animes, uma televisão, video game decorado com figurinhas, os mangás em fileira junto com os videos cassettes de filmes, alimentos e bebidas espalhadas por todos os cantos, um aparelho de som, almofadas coloridas, paredes com variados tipos de desenhos e frases, sacos de dormir e um urso enorme. aliás, aquele canto era o clube deles, eles nomearam de bolha, pela razão de que aquele lugar nos protegeria da realidade, seria como outra dimensão totalmente desconectada daquela que havia além dessa casa na árvore.
• 2 de março de 2008
no meio da noite, escuto o barulho de pedras sendo arremessadas contra a minha janela. em seguida, me levanto com certa rapidez e um pouco grogue, no intuito de descobrir quem será o miserável que interrompeu meu sonho com o Keanu Reeves.
assim que me aproximo da janela, consigo ver à figura de Elijah um pouco desesperado. ele acena com a mão esquerda, e depois faz um gesto pra que eu vá até ele. no primeiro momento, xinguei ele até sua centésima passada geração.

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looking for an answer
Genç KurguYukimera é um garoto que tinha certa admiração pelo mundo e tudo que o habitava até o trágico momento da morte de sua mãe. Anos depois, ele vê a si mesmo encurralado a acreditar que há possibilidade de resgatar o brilho em seu olhar que perdeu há u...