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kyōka suigetsu (鏡花水月)

~link da playlist na minha bio~

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vida, amor, sonhos e morte.

✧ flashback ✧

- por que está tão inquieto?! se você continuar se mexendo, você vai se virar pra descolorir e pintar seu cabelo por si mesmo. - bufei enquanto aplicava a mistura das pontas para a raiz de Elijah.

- primeiro, está ardendo minha cabeça. segundo, ao invés de ficar reclamando você poderia se concentrar e tentar fazer com que meu cabelo não caia. - revirei os olhos.

- eu não compreendo você querer descolorir o cabelo inteiro se você só irá pintar somente as pontas de um tom colorido, e a raiz de castanho claro. - num tom de mel.

deixei agir por 30 minutos, e em seguida, lavei seus fios com água fria e shampoo, sem deixar nenhum resíduo. depois eu enxuguei até ficar seco para passar a tinta.

dividi seu cabelo, e assim passei os produtos nas pontas e nas raizes, tendo noção de separar quais cores eu deveria utilizar em cada parte.

após 40 minutos, enxaguo até sair todo o excesso de tinta.

[...]

- onde está seu espelho? já terminei.

- eu não tenho espe-

- como assim você não tem a droga de um espelho?! tanto faz, o cabelo não é meu. se você não gostar, é só raspar.

- você é tão rabugento. como estou? me diga vai. - sim, aquela cor havia ficado deslumbrante nele.

- está num tom verde-Elijah. - sem dúvida, verde era sua cor.

- o seu está num tom azul-estúpido. - garoto petulante, não sei como o suporto.

[...]

estávamos sozinhos em sua casa, e talvez esse fato seja a razão do mundo quase entrar em colapso.

as paredes de seu quartão tinham uma tintura tão deprimente, que me fez ter a mirabolante ideia de torná-las mais alegres. quando comentei com o garoto de fios de gelatina (não sei porque gelatina me lembra a cor verde), ele aprovou minha ideia, provável que estivesse faltando uns parafusos na sua cabeça naquele instante. com certeza sua mãe iria me esganar quando notasse o que eu havia feito.

ao som de Two Weeks por Grizzly Bear, com dois pincéis e uma paleta de cores, me permiti deixar minha imaginação me guiar no caminho de exprimir meus sentimentos em forma de desenhos naquelas paredes.

a música fazia cada parte minha vibrar, e assim o pincel com tinta púrpura entrou em contato com a parede fria de seu quarto, foi como um passo de uma dança, e eu pretendia designar uma coreografia inteira sem intervalos.

tantas ideias exóticas e incompreensíveis vieram à tona, e eu me perdi com a situação que nem sequer reparei que Elijah não piscava há um longo tempo, ele apenas tinha olhos pra mim e mais nada aparentava ter grande importância naquele instante para ele.