yonderly

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este capítulo é narrado por Tomoe

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• 18 de agosto de 2010

nunca houve um dia de calmaria por onde costumo habitar, sempre há caos e tormento.

a maioria das pessoas costumam reclamar de não receberem tal atenção de alguém, costumam sempre querer ser o centro do universo de alguém. eu nunca fui esse tipo de pessoa, sempre tive pessoas me colocando como o centro mas de uma forma que fosse para me humilhar, nenhuma dessas pessoas queriam minha felicidade e meu bem-estar.

já ouviram falar em amor tóxico? é o que meus parentes tem por mim, parece amor de longe, porém, se você se aproximar e escutar com atenção, a verdadeira face será revelada.

por onde caminho, consigo perceber eles me perseguindo com certa distância do local onde estou. as fotos, vídeos, músicas, filmes, seriados, jogos, amizades, relacionamentos, vestimenta, dinheiro, aparência, personalidade, sentimentos e meu futuro, é controlado por eles e eu não posso fazer nada em relação pois resultará em ele me machucar.

estou acostumado com a dor, no começo ela ardia e eu chorava involuntariamente. depois de um tempo, ela se tornou algo comum, eu me adequei a sua intensidade e agora estamos no mesmo nível.

perante minhas memórias, meu pai sempre demonstrou quem ele era, um ignorante.

quando eu tinha oito anos de idade, ele me levou para comemorar meu aniversário num restaurante alternativo. quando chegamos ao local, eu me fascinei por tudo que havia por lá, as pessoas, a decoração, a comida e a música que combinava com o ambiente.

eu me sentia no país da maravilhas mas meu pai se incomodou com algo. havia dois garotos na mesa ao nosso lado esquerdo, porém, o que mais o enfureceu, foi quando eles deram as mãos e seus olhares foram preenchidos com paixão.

nesse momento, ele aumentou seu tom de voz ao me ordenar que eu me apressasse em terminar de comer. fez o pagamento da conta, e agarrou meu pulso direito com certa brutalidade, eu tinha noção que ficaria arroxeado aquele lugar, e me arrastou até o estacionamento onde estava seu carro.

estávamos no trânsito, e ele resolveu tocar no assunto que eu já havia previsto que ele comentaria cedo ou tarde.

- você viu aquela baixaria perto de nós?! se soubesse daquilo, nunca teria te levado até lá. você deve estar traumatizado, não iremos voltar lá. - fiquei em silêncio, apenas engoli em seco e continuei dando atenção ao barulho da chuva.

- por que não está prestando atenção no que estou dizendo?! você gostou do que viu? - e em seguida, fechou o punho da mão direita e o enterrou no meu abdômen.

- se eu souber que você está envolvido com essa merda, se você for doente, eu te espanco até você ser curado ou morrer. viados como eles poluem o mundo. - permaneci em silêncio, mordi meu lábio inferior enquanto tentava conter as lágrimas que preenchiam meus olhos mas assenti olhando em direção para o farol que sinalizava que era permitido seguir em frente.

[...]

(play The Amazing Broken Man - Near Town)

meus parentes tinham crises diárias de preocupação em relação a mim sem necessidade. eu não tinha conhecimento sobre o mundo que ficava além do portão da minha casa e o que o habitava, eu não saía de casa com frequência pois sempre que eu pedia permissão, todos negavam. até o momento em eu me tornei amigo de Elijah, foi a melhor decisão da minha vida.

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