52. Burn this world

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— Gah-

Minhas mãos estavam se arrastando pelo chão enquanto eu tomava distância daquelas grades, completamente em choque quanto o que acabara de acontecer. Sem saber o que fazer apenas observei meus pais   parecendo minimamente chocados pelo que provocaram a sua própria filha, enquanto Yukhei, o garoto que apesar de ter sido casado com minha irmã por relações empresariais, amava ela mesmo no meio daquela bagunça.

Mesmo não sendo o que exatamemte planejavam para suas vidas, eles se amavam. Mesmo que não pudessem demonstrar isso em público, pois nossos pais certamente não aprovariam qualquer demonstração de apego emocional em relações empresarias. Segundo eles, o amor cegaria nossos ideais e se acumularia em energias negativas que mais tarde se transformariam em revoltas, e assim desalinharia a estrutura de seus planos.

Apesar disso tudo, Yukhei se mantinha intacto ao seu lado até agora.

— Como, como vocês puderam? — gritei sentindo minha garganta arranhar, contendo todos os sentimentos apertados em meu coração.

— Bo-na, feche seus olhos, por favor.
— Yukhei pedira sem desviar seus olhos de meu progenitor que encarava na mesma intensidade o garoto parado em sua frente.

— O que? O que vocês-

Meu coração travou, atrasando suas batidas dentro de meu peito. O som estridente que invadiu meus ouvidos foi o suficiente para me deixar paralisada.

Mãos quentes e macias bloqueavam minha visão em relação ao cenário a minha frente, impedindo que eu pudesse compreender o que de fato havia ocorrido. Aos poucos braços me viraram para o lado oposto encaixando meu corpo no meio deles. Reconheci o cheiro familiar e sereno quando a brisa gélida o jogou em minha direção, acalmando automaticamente minha postura.

— Eu estou com você, Bo-na. — sorri com sua voz calma enquanto sentia suas mãos alisarem meus fios soltos. Ainda que fosse difícil lidar com tudo aquilo, sabia que teria um motivo para me reerguer.

— Desculpa por ter te deixado, eu sinto muito. — solucei envolvendo seu pescoço com meus braços trêmulos, fechando meus olhos com força, esperando que tudo fosse apenas um pesadelo.

— Não foi sua culpa, agora precisamos sair daqui, ok? — Xiaojun tomou meu rosto em suas mãos forçando-me a encara-lo e tudo que consegui fazer foi assentir positivamente aos seus comandos.

Assim que conseguimos levantar, enxerguei o restante dos garotos correrem em nossa direção. Kun e Sicheng pegavam Yukhei pelos braços o afastando de onde estava. A sua frente o corpo de meu progenitor estendido no chão segurando seu braço enquanto gritava para seus homens foi o suficiente para abrir completamente minha visão.

— Xiao, o que planejam fazer? — indaguei segurando sua destra conforme íamos em direção aos garotos do outro lado da pista.

— Confie em nós, ok? — assenti mais uma vez, confiando sem hesitação em suas palavras.

Antes que ficassemos sem saída, comecei a me preocupar quanto ao nosso destino final.

Foi quando barulhos de hélices acompanhandos de sopros fortes de vento invadiram o cenário, iluminando as silhuetas daqueles que observavam o helicóptero preto subir sobre nossas cabeças vindo debaixo sem que ninguém ao menos desconfiasse. Uma lâmpada brilhou em minha mente encarando os garotos ao meu lado em completa euforia. Quase tudo plenamente calculado pelos herdeiros do conglomerado chinês.

— Eu não acredito. — murmurei sentindo meu coração se acelerar sem saber ao certo como reagir dianto aquilo.

— Não vou esperar a noite inteira, princesas. O encanto não durará para sempre. — escutar sua voz divertida acalmou meu nervosismo, deixando apenas um sorriso estampado em meu rosto.

— Chittaphon, desde quando sabe pilotar helicópteros?! — gritei enquanto sentia meu corpo sendo puxado até sua direção.

— Tem várias coisas que você não sabe sobre mim. — Ten piscou ajeitando o microfone de piloto em seu rosto, deixando com que o helicóptero ficasse em uma altura relevante ao edifício e pudessemos entrar sem demora no interior do veículo.

— Puta merda, às vezes Chittaphon me surpreende. — Sicheng foi o primeiro a entrar colocando o cinto em si. — Por favor, não nos mate.

— Bo-na, não ouse ir embora assim!
— virei para trás quando ouvi os gritos esbaforidos de meus pais obviamente contra o que acontecia. E lembrar de tudo que passamos hoje foi a última gota para que eu pegasse a mão de Xiaojun e embarcasse de uma vez ao seu lado.

— Até mais, senhores. — Yukhei se pendurou no helicóptero inclinando-se de forma que seu braço ficasse rente à saída. Em sua mão, uma pistola negra canalizava toda sua energia em três disparos que atingiram os tanques de combustíveis do terraço deixando que o líquido escorresse por todo o lugar.

— Parece que vocês perderam. — Yukhei proferiu suas últimas palavras antes de deixar um isqueiro aceso cair em contato com o líquido inflamável, e em instantes praticamente toda a estrutura estava em chamas.

Era final de semana, então apenas alguns seguranças e sócios, vulgo pais dos garotos que me rodeavam, ainda estavam naquele prédio. Não sabia o que aconteceria no meio de toda aquela bagunça, mas sabia que nada daquilo aconteceu por acaso.

Nosso mundo queimava em chamas por uma última vez.

SHE KNOWS ↠ XiaojunOnde histórias criam vida. Descubra agora