50. Sacrifice yourself

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— Kun? Como chegou aqui?

— Não é hora para isso, vamos. — assenti para seu comando, seguindo seus passos.

— Eles-

— Estão presos no terraço. — Kun virou-se ligeiramente em minha direção, entregando-me seu dispositivo de comunicação de forma que eu o encaixasse sem hesitação em meu ouvido.

— Terraço? — Kun assentiu abrindo a porta que dava acesso ao último andar do edifício destinado para pousos de helicópteros.

— Appa? O que estão fazendo? — meus olhos logo encontraram algumas figuras uniformizadas ao redor do meu progenitor, que de costas, parecia observar atentamente o que estava a sua frente.

Pensei que nunca chegaria, Bo-na. — sua voz áspera acompanhou a rotação de seu corpo, e com isso meu passos tenderam a se afastar.

— Por quê? Por que está fazendo isso conosco? Com sua própria família!
— gritei sentindo a brisa noturna soprar contra mim, abafando minha voz.

— Não me faça ser um monstro agora, isso tudo é culpa sua! — gritou o homem que agora dava espaço entre a barreira que se formava ao redor de duas silhuetas ajoelhadas no chão.

— Minha culpa? Eu não...
— minhas palavras morreram quando reconheci as silhuetas abaixadas com suas mãos amarradas para trás. E não pude deixar de pensar no que poderia ser pior que aquilo, qual o limite da ganância de um homem?

— Ele está certo, Bo-na. É totalmente sua culpa. — encarei a dona da voz feminina que surgiu ao lado de meu progenitor, e não tive receio em deixar expressões desconfortáveis em meu rosto.

— Não ouça eles, temos que seguir nosso plano. — Kun, que ainda analisava toda a situação, manifestou-se com um pequeno toque em meu ombro indicando que eu me afastasse daquela cena.

— Vocês se arrependem de eu não ter morrido naquele dia, não é? — indaguei referindo-me ao meu acidente na infância, quando por alguma razão todas as minhas memórias foram completamente tiradas de mim.

— Bo-na? — Kun parecia não entender quais eras minhas intenções, e não pude o culpar por isso.

— Como pais desejariam a morte da própria filha? Pare de falar besteiras.
— minha progenitora riu pondo as mãos na cintura.

— Não, vocês estão mentindo para mim, como sempre fizeram. — rangi minha mandíbula, preparando-me para o que viesse a ocorrer. No final da linha, não existe escapatória a não ser enfrentar o que se está a frente, e esse momento havia finalmente chegado.

— Mentiras são necessárias para se conseguir o que quer.

— Bo-na, você não foi um garota obediente, mesmo com toda a liberdade que nós demos.

— Do que estão falando? — questionei visivelmente confusa acerca de seus comentários difusos.

— Se tivesse seguido nossas instruções nada disso estaria acontecendo.

— Vocês são loucos? Eles são herdeiros dos seus sócios, isso não faz sentido! — gritei sentindo meu coração apertar com a cena dos dois garotos amarrados mais ao fundo. Controlar a vontade de correr até eles não era nada fácil diante tal situação, eu precisava tira-los de lá.

— Eles não fazem mais parte do conglomerado, Bo-na. E você sabe qual é a sua única opção. — encarei diretamente as palavras de meus progenitores, confirmando o que eu eu temia. Herdeiros nunca estão protegidos por suas posições, podendo ser adicionados ou descartados em um estalar de dedos.

— Eu me caso com Hendery, mas por favor deixe-os em paz. — murmurei abaixando meu olhar para minhas mãos tensionadas em punhos. Sentia vergonha por ceder tão facilmente às ordens de meus pais, mas sentia mais ainda por estar fazendo isso na frente de pessoas que acreditavam de verdade em mim.

— Bo-na, o que está-

— É isso que sempre quiseram, não é? Filhas que possam formar alianças matrimoniais e gerar mais herdeiros para servi-los. — cortei qualquer interrupção avançando meus passos contra o soprar gélido do vento.

— Então entende o que está a sua frente. — minha progenitora sorriu exalando suas más intenções, que nunca teve trabalho de esconde-las.

— Prometa que não irão encostar neles nunca mais! — gritei sentindo o desconforto em meu peito crescer gradativamente a cada segundo, ultrapassando meus limites.

— Não existe saída, Bo-na.

— Eu espero do fundo do meu coração, que se arrependam amargamente por todos os seus pecados. — murmurei reprimindo lágrimas salgadas que ameaçavam escapar. Ajoelhando-me em seguida na frente de meus progenitores, sentindo como se uma adaga atravessasse meu corpo impiedosamente.

A história se repetia.

— Bo-na, não!

— Gahyeon? Por que está aqui? — despertei de meu estado quando percebi a voz familiar atrás de mim.

— Appa, Omma, deixem-na em paz por favor! — Gahyeon passou por mim segurando as mãos de nossos progenitores em súplica.

— O que está fazendo, Gahyeon? Não sabe qual é o seu lugar? — encarei desnorteada o mais velho a afastar ignorando seus pedidos.

— Bo-na, por favor saía daqui. — Gahyeon voltou a se aproximar de mim tentando empurrar meu corpo para fora daquela situação.

— Gahyeon, não-

— Eu posso dar o que vocês querem, por favor, esperem mais um pouco.
— Gahyeon gritou para nossos progenitores, não desistindo nenhum segundo de tentar me tirar dali.

— Gahyeon, pare com isso, não se rebaixe para eles! — gritei cansada de resistir contra seus protestos. Por que todos sempre precisam me afastar?

— O que tem a oferecer? — Gahyeon congelou seu corpo quando nossos progenitores pareceram dispostos a ouvir sua proposta.

— Eu estou grávida.

SHE KNOWS ↠ XiaojunOnde histórias criam vida. Descubra agora