54. Reborn

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Meus dedos percorriam toda a extensão amadeirada que rodeava a tela de tecido pendurada na parede de exposição, e não pude deixar de me sentir mais aliviada por isso.

O que parecia ser um sonho inalcançável estava acontecendo bem na minha frente. Após alguns anos na faculdade de artes chinesa pude contemplar meus quadros em exposição exalando todas as misturas de cores que continham um significado particular. Cada pincelada, cada toque, cheiro e textura tinham um propósito.

— Kim Bo-na, você é incrível. — senti braços quentes rodearem meu pescoço, fazendo-me sentir como se estivesse sempre segura.

— Não sei o que dizer. — murmurei deixando bem evidente que estava completamente sem palavras quanto aquele turbilhão de sentimentos se mesclavam dentro de meu peito.

— Que tal você comparecer a um evento exclusivo que seu namorado fará? — Xiaojun sorriu esticando sua mão com um único papel decorado, e meu coração acelerou quando percebi que se tratava de seu ingresso.

— Você vai mesmo se apresentar aqui? — questionei evitando ao máximo gritar em êxtase pela tamanha felicidade e orgulhoso que sentia.

— Não perderia a chance de colaborar com uma artista magnífica. — sorri com seu comentário, apertando ainda mais meus braços ao seu redor. Respirando seu perfume enquanto acariciava seus fios escuros e brilhantes por conta da luz que refletia sobre nós.

Alguns dias depois, após todos os garotos que agora não eram mais conhecidos como simplesmente herdeiros do conglomerado, chegarem ao local destinado do evento que marcaria uma data importante em nossas vidas, pude respirar aliviada por ter aqueles que amava ao meu redor. Diversas mudanças em nossas vidas fizeram que enxergassemos o real sentido da amizade e da união, e agora, apreciavamos a companhia uns dos outros, mesmo daqueles que um dia se opuseram a nós.

— Minghao, não toque em nada, tudo bem? — Gahyeon instruia seu filho de dois anos enquanto Yukhei observava-os com paixão estampada por toda sua face. E eu não poderia desejar destino melhor para minha irmã mais velha.

— Espero que possamos ser amigos de agora em diante. — sorri em agradecimento cumprimentando brevemente Hendery e YangYang que com reverências adentraram ao salão principal.

Não poderia guardar rancor de garotos que tiveram suas vidas tão manipuladas como a minha. Perdoar era parte de um processo lento, mas não impossível. Ambos garotos agora trabalhavam na empresa de Yukhei juntamente com Kun na Coreia, admnistrando joalherias por todo o país, e eu não pude deixar de ficar aliviada pelo sucesso que eles promoviam em si mesmos, com base no respeito e na lealdade eles fundaram seus próprios nomes, sem estar sempre à sombra de alguém.

Gahyeon continuou com sua clínica veterinária dividindo seu tempo com Minghao que mostrava-se interessado na área. Vez ou outra eu os visitava conferindo como coisas antigas costumavam evoluir, ressurgindo das cinzas de um passado distante. Não foi nada fácil chegarmos onde estamos, mas não poderia reclamar quando tudo que poderia ter acabado da pior forma, tornou-se um refúgio para corações angustiados.

— Bo-na, pensei que nunca nos convidaria. — Kun sorriu abertamente encaixando-me em seu abraço, fazendo-me respirar fundo ao lembrar o quão grata era por te-lo em minha vida.

— Desculpe a demora. — sorri para o garoto que se afastou com um sorriso subindo degraus acima com os demais.

— Ainda bem que uma festa nunca começa sem Chittaphon na área. — Ten sorriu ao me reconhecer no meio da multidão que adentrava o espaço reservado.

— Senti sua falta, porquinho tailandês atrevido. — ri apertando nossos corpos dentro de um abraço caloroso.

— Sicheng, não acredito que deixou Chittaphon vivo! — comentei passando meus braços ao redor de si, envolvendo-me em mais um reencontro.

— Garanto que não por muito tempo.
— Sicheng rolou seus olhos para o garoto que sorria maliciosamente ao seu lado, sem disfarçar nenhum pouco o que realmente pensava.

— Sabe que música aquele garoto importado vai apresentar, Bo-na? — Ten questionou ao meu lado, esticando-se em sua cadeira tentando descobrir alguma informação sobre a apresentação que abriria a noite.

— Mínima ideia. — comentei sem tirar minha atenção do palco que agora continha alguns holofotes canalizados em seu centro.

Foi então que dentre todas as pessoas em sua maioria vestidas de branco contemplaram a aparição do garoto de fios escuros que não se importava de andar até seu microfone sem quebrar nosso contato visual. Não sabia o que esperar de verdade e toda aquela particularidade me deixava ansiosa. Sentada entre Ten e Gahyeon na plateia pude sentir que eles sabiam de alguma coisa que eu não sabia, e como sempre tudo fazia parte de mais um plano.

E então pude ter as respostas bem a minha frente. Através da letra daquela música, acompanhada por sua voz suave, pude compreender finalmente o quão longe havíamos chegado.

Além das estrelas, um novo horizonte nos aguardava.

Baby, we two distant strangers. I know you don't speak my language, but I love the way she's talking to me.

SHE KNOWS ↠ XiaojunOnde histórias criam vida. Descubra agora