SHE KNOWS ↠ Xiaojun

20. Light me up

— Xiaojun?

Era normal a expressão confusa de Ten quando murmurei o nome do garoto que havia trago as alianças, pois ninguém ali sabia que nos conhecíamos. Mas pior do que isso, nós não sabíamos que estaríamos exatamente na mesma cerimônia, naquelas posições.
Xiaojun estava ligado a Ten, assim como eu estava a eles. Não era uma simples coincidência, uma hora ou outra acabaríamos nos conhecendo e não por menos.

— O que? Bo-na, responda. — Ten tentava me trazer de volta da minha paralisia, mas eu estava tão imersa no olhar de Xiaojun preso ao meu que eu não consegui perceber que ainda tínhamos uma plateia esperando minha resposta.

— A-aceito. — Nesse instante, ainda encarando o garoto de fios platinados, abri a boca com a voz trêmula finalizando o objetivo da cerimônia. Enquanto eu sentia minhas bochechas geladas minha visão se embaçava cada vez mais, demonstrando a garotinha fraca que sempre fui.

— Bo-na, siga meus passos, vai ficar tudo bem. — meu recém noivo tomou meu rosto direcionando-o para si tentando disfarçar o meu estado, parecendo entender o que eu estava sentindo quando nem eu mesma entendia.

E aquele olhar de compaixão foi o suficiente para me quebrar.

— Ten... eu não consigo mais. — Neguei diversas vezes balançando a cabeça enquanto limpava rapidamente vestígios de choro. Não ousei olhar para o público e encontrar meus pais pois saberia que seria pior.

Xiaojun pareceu estar tão surpreso quanto eu quando correu sua mão pelos fios loiros os puxando para trás de forma frustada assim que se retirou do centro do salão. Eu queria poder dizer que tudo aquilo era um engano, queria poder dizer que só precisávamos sair daqui, mas sabia que não seria possível.

Não só por mim, mas também por ele.

Xiaojun, é um dos primos mais novos de Ten, por não ser da Coréia eu presumia que ele era destinado a uma das filias da empresa na China, e por isso nunca havíamos nos encontrado antes, até sua vinda ao meu país.

Não estávamos nem perto de sermos livres a partir do momento em que tínhamos relações socioeconômicas entre as famílias. Seria impossível livrar-se disso.

— Shh. É a minha vez de jogar.  — Ten  na tentativa de me tranquilizar parecia estar fazendo o completo oposto quando percebi seu corpo se afastando de mim.

— Ten, o que está fazendo? — questionei confusa sem ousar me mexer, mesmo estando no centro de todo aquele espetáculo.

— Espero que o noivado tenha atendido às suas expectativas, e espero mais ainda que nossos fotógrafos possam registrar cada momento. — Ten elevou sua voz para que o público pudesse escutar, encerrando sua reverência com um sorriso orgulhoso e subitamente autodestrutivo.

— Chittaphon, não faça nada agora, nós daremos um jeito, você prometeu.— murmurei, sem me importar de borrar minha maquiagem enquanto lágrimas desesperadas escorriam por meu rosto, assim que sai dos holofotes para alcançar Ten.

— Bo-na, eu menti quando falei que a noite era nossa. Permita-me rouba-la de você. — meu melhor amigo estava fazendo exatamente aquilo que eu imaginava, e agora sobre os olhares não só dos convidados angustiados, mas também de nossos pais, eu sabia que não acabaria tudo bem.

Estávamos completamente arruinados.

— Chittaphon, não!
     Sicheng? — acima dos meu protestos meus olhos travaram atônitos nos fios loiros de Winwin que saia da plateia acompanhado de Ten.

Antes que eu pudesse impedi-los de causarem caos no ambiente, todos os holofotes estavam apontados para os dois garotos no centro do salão. Eu não podia mais fazer nada para consertar aquilo, havíamos ido longe demais para voltar atrás, e eu não tinha certeza se conseguiria suportar as consequências.

— Um brinde ao melhor noivado da Coreia!