Gosto das cores claras, mas nem tão claras, prefiro as medianas, aquelas que você pode facilmente confundir com outros tons. Não estou dizendo que eu seja daltônica, só estou dizendo que gosto das cores peculiares, ou seja, diferentes. Em parte, sou assim, peculiar, mas, às vezes, me sinto tão igual a qualquer outra pessoa. Sei que há muitas pessoas com os mesmo pensamentos que eu, a mesma intensidade em amar ou em odiar. Vivemos em um mundo tão grande, sabemos muito, mas ao mesmo tempo tão pouco. Você sempre acredita que conhece a outra pessoa, mas na verdade não a conhece. A surpresa sempre vem, pois as máscaras caem e você se surpreender com o quão ingênuo consegue ser. É! Você se subestima demais! Acha que conhece o lado mais sombrio e que ninguém pode ou poderá te esmagar como uma formiga indefesa, mas assim como as formigas, você não é avisado quando será destruído. Acreditar nas pequenas mentiras, te faz crer que há verdades nas mentiras, mas é mais um "Era uma vez..." do que um "Pode confiar em mim".
Imagino-me daqui alguns anos formada, com uma casa própria comprada com o meu dinheiro, não o dos meus pais, ou dos pais deles. Algo meu, algo que lutei para ter. Não é orgulho, é que sei o quão prazeroso é você lutar por algo e no fim dizer que você deu o seu máximo por aquilo que tem hoje. Lógico, eu queria isso ao lado de uma pessoa, mas ela me deixou em pedaços.
Parte meu coração saber que fui tão cruel expondo-a, expondo os nossos limites e nossa vida, mas eu precisava daquilo. Eu precisava expor toda aquela sujeira que estava sendo minha vida. Precisava expor o meu rancor, minha ira, meu lado sombrio e vingativo. O lado que ela despertou.
Metaforicamente falando, eu poderia simplesmente acabar com tudo? Não... Aquilo já havia acabado a muito tempo, mas minha mente, tão cansada e solitária, não queria que aquilo acabasse nunca, porque alimentava algo que ela não sentia mais. Acho incrível como o cérebro humano funciona, ele comanda tudo! É perigo! A capacidade que ele tem de sentir, odiar e enlouquecer ao mesmo tempo é magnífica, mas perigosa. Quem diria que um sentimento tão lindo pudesse fazer você se sentir tão machucado e sem caminhos claros para trilhar. Confesso que dói sentir, mas dói mais você não saber para onde ir quando sua mente só insiste em um único beijo, um único abraço, um único perfume.
Oh! São dias quentes! Mas não tão quentes quanto a raiva que percorre meu corpo, a mesma raiva que faz minhas mãos suarem frio, meu corpo tremer e minha mente, quase nunca, parar de pensar no quão perdida estou sem ela aqui. Parece que dependo dela para tudo, até para começar meu dia.
Minha mente não entende que antes dela eu tinha uma vida cuja qual era maravilhosa, e, hoje, é caótica, deprimente e sem sentido. Nem lembro mais o que é ser dedicada e ativa para tudo. Sinto-me tão cansada, tão estressada e tão magoada.
A depressão e a ansiedade são duas bombas que habitam minha mente. Uma me deixa insegura o suficiente para eu compreender que ninguém me quer, e a outra faz com que eu faça coisas que sei que irei arrepender-me horas depois. Mas não consigo conter, não consigo lidar com nada disso.
Meus familiares me olham e dizem: "estás magra demais." Vocês acham que não tenho espelho em casa? Vocês acham que minhas roupas não dizem isso todos os dias? Mas vocês nunca perguntam o porquê isso está acontecendo, ninguém pergunta. As pessoas simplesmente se afastam por me acharem chata demais, mas não sou assim porque quero, estou em um momento muito frágil, mas se não afeta você, então não importa, não é?
Cada parte do meu corpo grita por uma iniciativa sobrevinda, da qual, eu saiba reagir e lutar por mim, pela minha sobrevivência. Todavia, há partes que querem sucumbir ao caos e a morte. Que deseja descansar para sempre. Que deseja deixar de ser um fardo para as vidas das pessoas que me cercam. Eu não consegui ser leveza nem para quem eu tanto amo, quem dirá para quem me atura a tantos anos: Quase 21 anos, para ser exata! Estou tão cansada... Tão triste e fraca. Sinto saudades da menina que sonhava alto, que era emponderada e queria mudar o mundo com seus pensamentos. Hoje estou mais para imponderada e caótica. Quem amará alguém assim? Alguém que teme à si mesmo? Tenho tanto medo de machucar as pessoas que acabo às machucando de qualquer forma. Nunca penso antes de agir, pois no momento em que estou ferida a única coisa que me vem à mente é a minha dor, no quão intenso está sendo para mim. Sinto-me egoísta por isso, mas acredite, não faço isso por amor-próprio, pois não o tenho, faço isso por irresponsabilidade, por não saber medir as consequências de meus atos, mesmo que o mundo esteja me mostrando que não é desta forma que resolveram-se as coisas.