Capítulo 4 - O levante NECRO

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  Marcelo Nogueira era médico legista do IML de São Paulo. Estava há mais de 20 anos em sua profissão. Passava a maior parte de seu tempo trabalhando. Ao longo dos anos ele conheceu diversas histórias dos falecidos em suas macas. Alguns mistérios nunca chegaram a ser resolvidos por completo. Embora isso acontecesse, se empenhava ao máximo para que isso não ocorresse. Tanto tempo naquele necrotério, jamais presenciara nada estranho. Agora ele retornava ao turno. Era já cinco horas da tarde. No lugar três macas espalhadas pelo espaço, cada uma com um falecido. Dois moços e uma mulher. Ao lado das macas havia uma enorme geladeira que cobria a parede lateral. Do outro lado das macas havia a mesinha de instrumentos de Marcelo. A luz no ambiente era um pouco fraca e parecia piscar com frequência. As outras paredes que estava a amostra pareciam rachadas e descascadas de tão velhas. Aparentemente o necrotério não era uma construção muito recente e confortável. Agora Marcelo entrava com seu auxiliar, Rafael, para iniciar a autópsia dos corpos. O primeiro que passaria pelo exame tinha sua maca mais próxima da porta e estava á uma distância intermediaria da mesa de instrumentos. 

- Então, Rafael, pretende ficar ou vai pular fora? - Marcelo questionou aos risos colocando seu avental e luvas.

- Ah, qual é, cara? Eu preciso desse trabalho. É óbvio que eu não vou! - Afirmou o jovem Rafael pegando o avental dele também.

- Meu caro, quando um jovem como você precisa de um trabalho, procura geralmente em mercados, ou empresas, mas não vejo com frequência em um necrotério. Você aparenta ter mais coragem do que alguns da sua idade - Marcelo falou se aproximando da maca com o primeiro falecido. 

- É uma área que eu quero muito fazer parte. Conseguir um estágio aqui é uma realização - Rafael falou se aproximando da maca.

- Bom, vejamos como você lida com esse tipo de coisa - Marcelo retira o lençol de cima do corpo, revelando um homem de meia idade com sobrepeso e calvice. O bigode porém era imenso. Tinha um aparelho estranho preso em sua testa, assim como os outros dois cadáveres - Vamos lá. O que você consegue tirar desse paciente? - Questionou Marcelo.

- Bom, José Felipe Santana, 53 anos, morava no Jardim Helena. Supostamente teve Infarto Fulminante devido ao excesso de álcool e tabaco. Mas uma coisa chamou minha atenção - afirmou Rafael.

- O que exatamente? - perguntou Marcelo.

- Na testa dele, há uma espécie de dispositivo grudado na pele. Um dispositivo losangular com uma circunferência luminosa no centro. Fiz uma pesquisa mas não consegui identificar absolutamente nada dessa natureza.

- Não só isso - Marcelo foi em direção das outras duas macas e retirou o pano da face dos outros cadáveres. Ambos estavam com o mesmo dispositivo em suas testas.

- Como essas coisas apareceram? - perguntou Rafael meio apreensivo.

- Não faço ideia, mas estamos aqui para descobrir - afirmou Marcelo.

- Quer que eu examine os outros? 

- Não é necessário. Letícia, 44 anos, faleceu de câncer no fígado. Roberto, 39 anos, faleceu com dois tiros na cabeça - Marcelo descreveu os perfis -. Ao que parece, não há nenhuma ligação entre estas pessoas, a não ser o fato de que possuem essas coisas na cabeça.

- Então é melhor retiramos, não é?

-  Sim. Eu vou tentar removê-lo - Marcelo pegou o bisturi da mesa e então tentou fazer uma incisão em torno do dispositivo. Foi em vão. Marcelo levou um choque - Ai! - ele exclamou.

- Está ativo? - questionou Rafael.

- Aparentemente - afirmou Marcelo.

- O que fazemos então? 

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