O percurso até a Terra foi bem tranquilo. Depois de todo o procedimento, Lorenzo estava bem empolgado, mas ao mesmo tempo assustado com sua missão. Era inegável sua ansiedade, que tomava até mesmo o seu olhar. Voltando para seu planeta natal, se teleportou para a sua rua, onde se separaria de sua mãe. Na rua escura, e agora, limpa de necros, ele abraçava sua mãe.
- Vai ser só por alguns dias, mas depois eu volto. Pode ficar tranquila.
- Eu não sei se posso, filho. Eu perdi o seu pai, mas seria ainda pior perder você.
- A senhora não vai me perder.
- Não tem como saber. Você era um simples estudante, mas agora é um... agente secreto ou, sei lá o que. Eu não acredito, nem sequer doente você estava...
- Não fique lamentando o passado, mãe. O importante é que eu estou bem. Ainda sou eu, e sempre vou ser eu.
- Eu sei disso - Janete diz passando a mão suavemente no rosto de seu filho -. Já que tudo isso é inevitável, só espero que você fique bem, meu filho.
- Pode ter certeza que eu vou ficar mãe.
- Eu te amo, filho.
- Eu também te amo, mãe.
Os dois dão um abraço bem apertado que dura alguns segundos e então se separam. Janete vai para casa e Lorenzo vai para a praça, que ficava uma ou duas rua de distância dali. A noite estava bem tranquila. conseguia escutar alguns grilos, e um carro ou outro passando ao longe. Sentou-se no banco embaixo de uma árvore e olhou para o céu. Mesmo sendo um androide, nada lhe impediu que sentisse a fresca brisa noturna. Ainda se sentia um pouco triste com a visita de sua mãe, mas tentava não se dar por vencido a esse sentimento e então relembrava o porquê de tudo aquilo. Com a mão nos bolsos de seu moletom e as pernas cruzadas, aprofundou-se um pouco nos próprios pensamentos.
O silêncio, um pouco rompido pelos grilos, se manteve por um tempo, até que o rapaz escutou um som, era um teletransporte. Selina viera lhe fazer companhia.
- Oi - ela disse.
- Oi.
- Está tudo bem? O que está fazendo aqui?
- Está tudo bem, é que Varda não detectou nenhum sinal ou atividade de Antero, então eu decidi esperar um pouco, e aproveitar para assimilar tudo... tudo isso.
- Entendi.
O silêncio retornou por algum tempo.
- Eu sei o que pensa de mim.
- Do que está falando?
- Você sabe. Acha que eu sou um idiota.
- Lorenzo, eu...
- Eu não tiro sua razão. Eu nunca me preparei sequer para encontrar vida de um outro planeta, quanto mais... isso. Sei que você queria um parceiro como... talvez Ernesto, ou você mesma. Mas a verdade é que eu não sou. Mas a vida é assim, num dia você está estudando, para se tornar um professor, e no outro, você vira uma máquina e tem que salvar o mundo. Que coisa.., A verdade é que eu realmente não sei por onde começar. Eu estou nervoso e nenhum outro adolescente passou por isso que estou passando.
- Realmente. Acho que nenhum humano passou pelo que você passou. Mas a verdade é que , justamente por causa disso, é que você não pode agir como um fraco. Nem tudo na vida acontece como o planejado, e vocês humanos... bem, eu não diria que vocês sabem disto com certeza. Mas você aprendeu isto. Agora, o que pretende fazer? Vai chorar ou vai fazer algo a respeito?
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AGENTE 15
Science FictionUma nave extraterrestre sobrevoa a cidade de São Paulo trazendo uma raça de máquinas vivas. Tais criaturas estão atrás do jovem Lorenzo Lacerda, um gentil estudante de História que está prestes a entrar na faculdade. Uma vez que o encontro entre o r...