Capítulo 5 - Detetive Ohanna

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Bruna chamou todas para dormimos na casa dela no dia seguinte. Iriamos discutir sobre o acorrido do dia anterior. Para ela aquilo foi um "sinal" e isso não poderia ser ignorado. Ohanna tem uma família fascinada pelo mundo místico, signos e tudo contido nesse universo e, pro meu azar, clarividente fazia parte desse bolo. Foi como estar em um interrogatório policial, fiquei acuada, me senti coagida e intimada. Bruna, Maré e Ohanna estavam sentadas em cima dos travesseiros me cercando. Ohanna era uma estudiosa desse ramo, ela sabia de tudo e tudo para ela era importante. Ela estava obcecada.

– Posso fazer uma pergunta? – Disse Bruna.

– Você acabou de fazer. – Ohanna definitivamente estava levando aquilo muito a sério.

– É sério. – Insistiu.

– Você está atrapalhando na minha interpretação, Bruna. É algo realmente pertinente?

– Eu duvido muito. – Disse.

– Para, Micha. Olha, claro que eu não conheço nada desse mundo que você faz parte, mas será que não podemos ir atrás da Madame Cassandra ou mesmo de outra vidente e tentar decifrar qual o significado disso.

Eu acho que a Bruna tá achando que estamos numa espécie de Harry Potter. Mas é só uma suspeita minha.

– Eu já disse o significado. É um sinal, pistas aparecem antes da previsão se concretizar. – Ohanna tinha um ar de convicção inquestionável.

– Mas será que indo em outra vidente ela não poderia nos dizer com mais clareza o que está por vim? – Indagou Maré entrando na conversa.

Fiquei apenas observando-as quieta, me movendo milímetro por milímetro para tentar escapar enquanto estão distraídas.

– Não funciona assim, Maré. – Ohanna ajoelhou-se no travesseiro e começou a digitar no meu notebook. – Cada visão de um suposto futuro e único e particular de cada vidente. Se formos em alguma outra as chances de o que ela revelar ser outra é de praticamente 99,9%. Olha aqui. – Ela nos mostrou um site explicando exatamente o que acabara de dizer.

– Ah... entendi. – Bruna fez uma expressão de decepção na hora.

– Mas continuando. Preciso saber uma coisa, Micha.

Droga, estava quase conseguindo.

– Que tipos de coisas fazem você sentir um aperto no peito ou faz o seu coração bater mais rápido, essas coisas, sabe?

– Não entendi. Você vai dar algum laudo cardiológico? – Disse em tom sarcástico.

Ela revirou os olhos de uma forma que eu tenho certeza que conseguiu enxergar a própria nuca.

– Eu preciso saber quais os ambientes em que você sente uma carga emocional maior, que você se percebe mais sensitiva.

– Como assim? – Eu olhei para Bruna, ela estava com uma cara de paisagem. Assim com ela eu não estava entendendo nada.

– Quais são os lugares que você nota sensações diferentes aflorando dentro de si.

Sério, eu juro que fiz uma expressão de quem estava numa aula de física quântica.

– O que você quer que eu responda?

– Ok, vamos mudar o foco da pergunta. – Ohanna ajeitou-se. – O que você sentiu quando viu a moeda?

Aí ela me pegou. Cara, eu realmente senti alguma coisa, não consegui identificar, mas foi como se eu estivesse esperando algo.

– Olha eu não sei responder não.

MichaOnde histórias criam vida. Descubra agora