Capítulo 8

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Dois dias depois o laudo da perícia no corpo de David estava pronto, Scott recebeu Ted em sua sala para ouvir suas explicações sobre o relatório. Desta vez ele tinha muitas coisas interessantes a dizer.

— Então a cena do crime foi forjada? Tudo para que parecesse que David morreu de overdose.

— Isso mesmo, Scott. Descobrimos que David ingeriu um medicamento para dormir, não por livre e espontânea vontade. Encontramos traços do remédio no copo de cerveja dele. Supostamente ele já estava dormindo quando teve a droga injetada em seu corpo e acabou morrendo, devido à grande quantidade.

— Então não foi ele quem injetou a droga?

— Definitivamente não, Scott. Não havia impressões digitais na seringa, nem dele ou de qualquer outra pessoa. Elas deveriam estar lá, ele não estava usando luvas. Além disso, já temos uma informação que descarta totalmente essa hipótese, David não era destro, jamais teria injetado a droga no braço esquerdo, mas sim no direito.

— Quem fez isso obviamente não tinha essa informação, isso mostra que era alguém que não conhecia a vítima intimamente.

— Isso mesmo. Também descartamos que tenha havido contato sexual. É como se quem fez isso tivesse apenas colocado o preservativo sobre o pênis dele, para deixar vestígios de látex. A quantidade de sêmen encontrada no local não é compatível com uma ejaculação. Isso é outra coisa que foi forjada.

— Isso está ficando interessante, continue — disse Scott levando a mão até o queixo, assimilando aquelas informações, criando teorias sobre o crime.

— Havia alguém no apartamento com ele, estavam bebendo antes de tudo acontecer, mas não encontramos nenhuma impressão digital no outro copo. Nenhum sinal de batom, absolutamente nada. É como se o copo tivesse sido colocado ali apenas para montar a cena.

— Talvez foi realmente isso o que aconteceu. O copo que a pessoa usou de verdade foi levado da cena do crime — conjecturou Scott.

— É possível, tudo foi forjado. A pessoa que esteve lá usou luvas, encontramos outras impressões digitais, mas já sabemos que o local era frequentado por outras mulheres, também por Adam que é o dono do apartamento. Vamos tentar identificar essas pessoas, mas acredito que não tenham nada a ver com o crime.

— Então não há nenhuma prova concreta sobre quem fez isso?

— Infelizmente não, Scott. Encontramos algumas pegadas de sapatos, fios de cabelo compridos, mas só isso. Não será nada fácil descobrir quem fez isso.

— Realmente não. Procuramos por câmeras de segurança nas redondezas e nada foi encontrado. Sei que são crimes completamente distintos, mas estou começando a acreditar que a morte de John e de David possam ter alguma relação. Vou pesquisar isso mais a fundo, ver se eles se conheciam, se eles tinham algo em comum.

— Certo! Se eu descobrir mais alguma coisa te informo em seguida — falou Ted antes de deixar a sala.

Scott virou-se para a tela do computador e abriu as duas pastas com as fotos dos dois crimes em questão. Definitivamente não havia nada de igual nas duas cenas de crimes. Um homem degolado e mutilado, seu corpo coberto de sangue sobre a cama. O outro com o corpo completamente limpo, apenas drogado para que morresse, também em cima de uma cama. Isso era algo em comum. Os dois ao que tudo indica estavam com uma mulher quando foram mortos.

Mesmo sem nada que pudesse comprovar isso, Scott estava começando a acreditar que os dois crimes pudessem sim ter uma relação. Ambos eram homens casados cometendo adultério, provavelmente estavam se encontrando com uma mulher desconhecida. Essa mulher poderia ser a mesma nos dois casos, era algo difícil de provar, mas que realmente poderia ser o que de fato aconteceu.

Letal (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora