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O que é amor?

Eu sempre me perguntei isso, mas nunca obtive resposta. Será que só dá para saber se estivermos apaixonados? Mas eu já estive apaixonado, e até hoje não sei! Hm... Talvez seja porque todos os meus "crushes" não tiveram um final bom. Ou o cara era hétero, ou era compromissado, ou simplesmente não gostava de mim por eu ser um esquisito, sei lá. Só que, ao mesmo tempo que eu queria a resposta para esta pergunta, decidi me privar de pensar demais no amor por um bom tempo. Depois de tantos foras, a gente cansa, não é?

Levei um pequeno susto quando meu despertador tocou. Eu tinha acordado mais cedo e fiquei encarando o teto, pensando na vida. Não tive muito o que pensar, minha vida não é lá tão agitada. De segunda a sábado eu acordo, vou para minha faculdade a pé, já que ela é aqui pertinho da minha casa; estudo, volto para casa, almoço e fico de pernas pro ar o resto da tarde até eu jantar e ir dormir. Essa é minha rotina, bem monótona, mas eu até gosto. É calma, tranquila e eu consigo planejar bem meus dias, posso estar acomodado, mas é uma rotina boa.

Tomei um banho e me vesti, olhei meu horário de aulas e coloquei as apostilas das matérias de hoje dentro da minha mochila. Peguei meu fichário e desci até a cozinha.

— Bom dia, Ji. — Minha mãe sorriu enquanto empurrava um prato de biscoitos na minha direção — Está com fome?

— Não, mãe. Você sabe que eu não consigo comer de manhã. — Sorri sem graça e me sentei na mesa ao lado dela — Cadê a Bada?

— Está terminando de se arrumar.

Bada é minha irmã mais nova. Todos os dias eu a acompanho até seu ponto de ônibus, que é no caminho da minha faculdade. Eu gosto de passar um tempo com ela, me deixa mais animado. Logo a dita cuja apareceu na cozinha, me tirando dos meus devaneios, pegando dois biscoitos e os enfiando na boca de uma vez

— Bada! — Minha mãe ofegou — Cuidado, vai engasgar.

— Tá tudo sussa, mãe, eu tô bem. — Ela disse enquanto enfiava uma folha dentro da sua mochila, alguns farelos dos biscoitos voaram de sua boca.

— Que nojo. — Franzi o nariz e minha irmã me olhou.

— Larga de ser chato, garoto.

— Para de falar de boca cheia!

Bada abriu a boca na minha direção e revirei os olhos, tentando tirar do meu cérebro aquela imagem horrível dos biscoitos recém mastigados por ela.

— Sem brigas, meninos. — Minha mãe nos repreendeu — Agora, vão, ou você perde seu ônibus, Bada.

— Sim, senhora. — Minha irmã sorriu e beijou o rosto da mulher — Tchau, mãe!

— Tchau, mãe. — Acenei e fui atrás de Bada.

Bada era quase do meu tamanho, não me orgulho muito disso, admito, pois, ela tem 17 anos e eu estou no auge dos meus 22. Ela tem cabelos pretos que nem os meus, só que, diferente de mim, não precisa usar óculos. Eu tenho lentes, mas tenho preguiça de colocá-las, então...

— Você vai na minha peça, né? — Bada disse após uns minutos de caminhada.

— É nessa semana? — Perguntei.

— Sim. Vai ser um musical sobre a peça "Sonho de uma noite de verão", do Shakespeare. — Ela disse toda orgulhosa — Eu vou ser a Titânia.

— Você vai se apaixonar por um burro. — Dei uma risadinha e ela me empurrou.

— Idiota.

— Mas eu vou ver sim, Bada. Prometo. — Sorri em sua direção e ela sorriu de volta.

✘ how to (not) fall in love.Onde histórias criam vida. Descubra agora