✘ how to (not) fall in love.

trois.

Eu não tinha aula no primeiro horário de hoje, então pensei em ir até a biblioteca da faculdade pegar algum livro para ler.

Eu sempre gostei de livros, meus gêneros favoritos são romance e fantasia, mas eu meio que leio de tudo. Ao chegar na biblioteca, parei na catraca e peguei minha carteirinha da faculdade, passando ela no leitor. Quando a luz ficou verde, entrei no estabelecimento e sorri satisfeito ao ver aquele tanto de estantes cheias de livros, sem contar a área de lazer com cadeiras confortáveis e vários puffs. Coloquei minhas coisas em uma das mesas e fui à procura.

Decidi sair da minha zona de conforto e caminhei até a área de terror. Não tinha muita gente na biblioteca aquela hora, tanto que naquela seção em que eu estava, tinha apenas mais uma pessoa, um altão de óculos iguais aos meus. Enfim, comecei a olhar pelas prateleiras e pegar alguns livros que me interessassem, folheando-os. Me virei para a outra estante e acabei encontrando um livro que sempre tive vontade de ler, mas por ser absurdamente caro, nunca tive a chance. Era o livro It, a coisa. Me estiquei para pegar, mas outra mão entrou na frente e o pegou.

Virei o rosto e vi o altão de óculos folheando o livro. Franzi a testa e fiz um bico, não é possível, olha o tanto de livro nessa porcaria e ele vem pegar justo o que eu queria?

— Com licença. — Falei educadamente — Mas eu queria levar esse livro.

Ele me encarou e eu fiquei entorpecido por um momento, ele era muito bonito.

— Mas eu peguei. — Ele disse grosseiramente, me assustei com seu tom de voz, era muito grave.

— Mas eu ia pegar antes.

— Mas não pegou.

— Moço, por favor, eu estou querendo ler esse livro desde muito tempo. — Reclamei, fazendo um muxoxo.

— Eu também. — Ele disse e virou de costas para mim.

Quase arranquei os cabelos dele com os dentes de tão irritado que fiquei. Corri até ficar na sua frente e ergui a cabeça, franzindo a testa.

— Me dá o livro.

— Eu tenho tanto direito de ler esse livro quanto você. — O altão bufou.

— Mas eu vi primeiro!

— Você tem quantos anos? Cinco? Pelo amor de Deus.

— Você sabia que eu ia pegar o livro, por que não deixou pra mim?

— Porque eu também queria! Não é só porque outro alguém quer, que eu vou baixar a cabeça e deixar que levem. Nada se conquista sem luta.

— Que pena, mas eu sou contra violência. — Estiquei a mão e ergui as sobrancelhas — Vamos, me entrega o livro pacificamente.

— Garoto, olha o tanto de livro! — Ele respondeu, claramente irritado — Escolha outro, ou espere eu devolver!

— Vai demorar demais! Esse livro é uma bíblia!

— Que pena. — Ele sorriu debochado, mas seu sorriso sumiu quando uma mão avulsa tirou o livro dele.

— Vocês estão sendo barulhentos demais! — A bibliotecária gritou sussurrado — Vocês não leem as placas não? — Ela apontou para uma com os dizeres "Silêncio" em caixa alta e negrito — Fora da biblioteca, os dois, agora!

No final, me sentei num banco na calçada da biblioteca e gemi, frustrado. Eu sou um idiota, eu devia ter deixado para lá e esperado aquele altão devolver o livro. Agora não vou conseguir voltar nessa biblioteca tão cedo por pura vergonha. Ah, que vexame. Meus pensamentos foram interrompidos pelo dito cujo, que se sentou do meu lado no banco. Mas não é possível, o que ele quer agora?