A Casamenteira

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A tarde em Seattle estava ensolarada e belíssima e o turno de Meredith sequer encontrava-se perto do fim. Gostaria de poder apreciá-la ao lado dos filhos, levando-os para brincar no parque e talvez até fazerem um piquenique. Perguntava-se às vezes se estava sendo uma boa mãe. Sua carreira exigia muito tempo dela e as crianças eram tão compreensíveis com suas ocasionais ausências. Ela sempre tentava recompensá-los quando alguma emergência no hospital a impedia de estar presente nas festas da escola, por exemplo. A presença de Amelia, Maggie ou Alex em muitas situações era sua salvação e reconforto. Ter sua irmã e amigos por perto a fez valorizar ainda mais a noção de família que criou ao longo dos anos. Sentia-se sortuda e gostava de acreditar que fazia um bom trabalho, afinal. Derek ficaria orgulhoso. Pensou na feira das nações e no que poderia preparar para Zola levar, levando em conta que não tinha talento nenhum na cozinha, mas ainda tinha tempo, pensaria nisso no caminho de casa mais tarde.

Após fazer as rondas com Deluca pela manhã, ela permaneceu no laboratório até o horário da cirurgia de Cece Colvin, que aconteceria às 14:00. Sentiu dificuldades para se concentrar e prosseguir com os testes clínicos da sua nova pesquisa. As palavras dela rondavam sua cabeça e torcia para que Cece perdesse o interesse por sua vida amorosa inexistente. Não havia nada de empolgante em ser uma viúva solteira e mãe de três filhos, pensou, afastando de uma vez por todas esses devaneios.

Faltavam cerca de vinte e cinco minutos para a cirurgia e resolveu almoçar no hospital, dirigindo-se ao refeitório. Avistou Alex no corredor e ficou surpresa por ver o amigo ali.

– Você deveria estar em lua de mel. O que faz aqui? – perguntou.

– É a Jo. Ela teve uma grande ideia revolucionária e desistiu de Boston. Agora estou tentando recuperar meu emprego.

– Boa sorte com Bailey. Ela está num péssimo humor com toda a procura por um chefe interino. – disse. – Ah e depois peça para que Jo me conte à respeito dessa ideia, lembre-a que eu sou a responsável por fazê-la ser uma cirurgiã incrível. – sorriu, afastando-se. – Sentir sua falta, semente do mal. – gritou.

Alex deu de ombros. Estava feliz em estar de volta. Aquele local havia se tornado sua segunda casa e todas aquelas pessoas, sobretudo, Meredith, sua família.

Ao adentrar no refeitório, logo foi abordada por Andrew Deluca. Tudo bem que ele estava ao seu serviço hoje, mas isso estava parecendo um tipo de perseguição. Ele estava em todos os lugares como um lembrete inapropriado dos seus desejos inconscientes.

– Dra. Grey. – cumprimentou-a.

– Oi. – falou. – Pois não, Dr. Deluca? – ergueu a sobrancelha, perguntando-se por que diabos ele estava parado em sua frente.

– Cece está sendo preparada para a cirurgia e pediu para falar com a senhora antes de começar. Digo, com você. – estava nervoso e mais uma vez estragando tudo.

– É algo sobre sua condição médica?

– Não, eu acho. – sua voz tremeu, ele sabia muito bem do que se tratava.

– Você acha? – estava impaciente. – Vamos, Deluca, eu não tenho o dia inteiro.

– Acho melhor você mesma ir conferir.

– Agora ficarei com fome. – praguejou, saindo do refeitório. – Eu espero profundamente que não seja sobre minha vida amorosa ou eu não respondo por mim.

Deluca a seguiu.

"Ela estava furiosa, mas ainda assim linda. Droga. Não seja estúpido, Andrew. Ela é sua professora e esses pensamentos devem ser somente resquício do álcool.".

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