Lembre-se de Mim

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"Lembre-se de tudo que queríamos

Agora, todas as lembranças estão assombradas

Nós fomos feitos para dizer adeus

Isso nunca teria funcionado do jeito certo...".


Ponto de vista – Meredith.

Quinta-feira, 34 horas e 45 minutos antes do jantar no restaurante italiano com vista para o cais e as barcas na Pioneer Square.


Estava presa a um mórbido transe. Notava de relance vultos passando por ela e nenhum condizia com a imagem real dos funcionários do staff, enfermeiros e pacientes. Tudo parecia confuso. Havia se passado longos quinze minutos desde que lera sua última mensagem. "Te vejo amanhã, Mer". Ficar ali, imóvel, ouvindo os barulho provindo dos próprios batimentos cardíacos não tornava menos suscetível ela desabar ou ser tomada por uma onde de covardia, dando meia volta e retornando ao casulo que tinha se habituado estar.

Precisava e queria vê-lo e num ímpeto, olhou para os lados, torcendo para não encontrar nenhum rosto conhecido do Grey-Sloan, pois não gostaria de estar sendo observada quando adentrasse aquele quarto no fim do corredor.

311, era este o número.

Ele estaria acordado à sua espera? Ou sequer recordava-se das últimas horas que compartilharam na tardis particular?

Deu os primeiros passos em direção ao seu maior receio e gradativamente, viu os resquícios de coragem esvaírem pelos poros. Guardou o celular no bolso do jaleco e começou a suar frio. De repente, o hospital assemelhou-se a uma das praias de Los Angeles que costumava ir durante as férias da universidade. As mãos fechadas em punhos que deixava os nós dos dedos esbranquiçados, tamanha força depositada. Fez uma pausa, parando em frente a porta que o separava do italiano que roubara seu sossego e a colocara naquela maldita situação, mais uma vez.

Mirou seu olhar para ambos os lados, confirmando novamente a ausência de seus amigos por perto. Suspirou, desfazendo o aperto de uma das mãos e a levando até a maçaneta gélida, abrindo-a lentamente.

Entrou no quarto e sequer notou que estava prendendo a respiração.

Os bipes dos aparelhos soavam de forma ritmada, como uma valsa vienense triste a embalar a cena que se seguia quase em câmera lenta. Fechou a porta com cuidado para não o acordar. Sim, ele dormia. Carregava uma expressão serena, entrando em contraste com os inúmeros arranhões profundos que enfeitavam o rosto e se estendiam pelos braços. Tinha levado alguns pontos na sobrancelha esquerda e notou isso ao se aproximar da cama, mantendo uma distância segura. Levou uma mão a boca, os olhos mapeando cada centímetro dele e segurando as lágrimas que com um simples piscar, desabaram em silêncio. Os cachos estavam escondidos pela faixa de gases que protegia parte da cabeça. E mesmo com a roupa do hospital, podia ver o curativo em toda a extensão do abdômen. Deu mais alguns passos, ficando ao seu lado, quando um soluço escapou por entre seus lábios e flashbacks de um episódio fatídico semelhante, reverberavam na sua mente. Puxou a cadeira e sentou-se, segurando sua mão e quebrando quaisquer limites que havia imposto a si mesma antes de chegar ali.

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