✧ quatro

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- Deve chegar em quinze minutos. - avisei o bando de garotos famintos que esperavam jogados no sofá.

- Um dia vou aprender a falar português. - Jack comentou. - É muito bonito.

- É mesmo. - Corbyn concordou e eu sorri.

- Eu queria aprender espanhol e francês. - contei. - Acho que são línguas muito lindas.

- Hola. - Jonah, sim eu aprendi seu nome, disse e nós rimos.

- Ei, você tem uma roupa pra me emprestar? - cutuquei Besson, que assentiu e se levantou.

- Vem cá.

Eu o segui pelo grande apartamento até um dos quartos. Havia duas camas e várias malas no chão. O gringo se abaixou e mexeu em uma delas até encontrar uma calça de moletom cinza.

- Vai ficar meio grande em mim, mas obrigada. - comentei com uma risada.

- Quer uma blusa também? - ele ofereceu.

- Por favor. Essa fantasia não é a melhor do mundo, e tá começando a ficar frio aqui dentro.

Depois de pegar uma camiseta na mala, Corbyn disse que ia me dar privacidade, mas parou na porta do quarto.

- Cecília, você não precisa se sentir obrigada a ficar aqui, tudo bem? Se você ficar desconfortável pode me avisar e eu peço pra chamarem um táxi pra você. - fiquei sem palavras por alguns segundos até que me toquei e respondi.

- Corbyn, tá tudo bem, mesmo. Não sei o porquê, quer dizer, a gente se conhece há dois minutos, mas confio em você. Gostei da sua vibe. - soltei uma risada.

- Também gostei da sua vibe. - o loirinho abriu um sorriso e piscou pra mim antes de fechar a porta do quarto, me deixando sozinha.

Eu tirei minha roupa de sereia, dobrei e deixei em cima de uma das mesinhas de cabeceira, então vesti a de Corbyn. Fiquei parecendo uma criança usando a roupa do pai, mas ignorei e rapidamente saí do quarto.

Quando voltei para a sala, outros dois caras tinham aparecido e imaginei que seriam Zach e Zack. Um deles parecia ser mais velho, enquanto o outro devia ter a minha idade ou menos.

- A testosterona, meu pai. - murmurei para mim mesma ao ver as seis figuras masculinas.

- A namorada do Corbyn voltou! - Daniel olhou pra mim e sorriu provocativo. Revirei os olhos e ri.

- Meu nome é Cecília.

- Prazer, Cecília, eu sou o Zack com K, e aquele é o Zach com H. Sou o fotógrafo da banda. - o homem explicou e assenti com a cabeça.

- Que legal. Eles parecem te dar bastante trabalho. - brinquei e ele riu.

- Você não imagina o quanto! Às vezes parece que eles ainda têm cinco anos.

- Caspary! Assim você me magoa. - o outro Zach fez um biquinho.

- Desculpa. Mas enfim, vou deixar vocês à vontade. Tenho trabalho a fazer. - ele apontou para a câmera em suas mãos e então saiu da sala.

- Que triste, ele parecia o mais sensato de todos vocês. - eu falei e Corbyn me olhou indignado.

- O quê? E eu?

- Você se perdeu dos seus amigos, conheceu uma estranha na rua e a levou para o seu hotel. Eu podia ser uma assassina! - dei de ombros e os rapazes começaram a rir. - Não entendi a graça.

- É que você com certeza não parece muito perigosa, principalmente usando essas roupas três vezes maiores que você. Qual a sua altura? - Jonah me olhou curioso.

- Para a sua informação, eu tenho um metro e cinquenta e oito. Mas vocês não entendem o que é isso porque os americanos insistem em usar todos os sistemas de medida diferentes do resto do mundo, por sei lá qual motivo. - cruzei os braços, emburrada.

- Ei, calma! - ele arregalou os olhos, rindo.

- Eu tô calma. Só estou dizendo que eu posso ser perigosa, acho bom vocês ficarem espertos.

Nesse momento a campainha tocou, interrompendo a nossa conversa. Como os garotos não sabiam nem falar um "obrigado" em português, sobrou pra brasileira atender a porta. Peguei as duas pizzas com o entregador e paguei com o dinheiro que o assessor deles havia deixado, já que eles insistiram.

Abrimos as caixas e cada um pegou seu pedaço de pizza, então comemos com algumas conversas aleatórias.

- Posso fazer uma pergunta? - pedi assim que terminei meu segundo pedaço e percebi que as duas pizzas haviam acabado.

- Já fez. - Zach deu de ombros e revirei os olhos.

- Engraçadinho. - mostrei a língua para o mesmo. - Para quantos países vocês já foram?

- Nossa... - Daniel parou pra pensar por alguns segundos. - Faz tempo que parei de contar. Foram vários.

- Mas o Brasil foi o melhor, né? - eles riram com a minha fala.

- Um dos meus preferidos, com certeza. - Besson me olhou e sorriu.

- Bom mesmo, ou vocês estariam ferrados comigo. - avisei.

- Já que você é a nossa brasileira favorita, podia fazer aquele doce famoso pra gente, né?

- Brigadeiro? - perguntei e ele confirmou. - Tudo bem, eu faço. Vamos lá.

amor de carnaval ✧ bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora