✧ quatorze

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- Eu não acredito que você fez isso. A gente realmente achou que você tinha batido a cabeça no poste, Zach! - eu falei brava enquanto ele apenas ria.

- Ele faz isso sempre, Cecília. Nós já até nos acostumamos. - Jonah explicou, rindo também.

- Amado? - Bianca disse e percebi que os garotos ficaram felizes por entender o meme. Sim, eu ensinei cultura brasileira para as minhas crianças.

Todos nós entramos no restaurante e pegamos uma mesa grande. Além da banda e do assessor deles, outras pessoas da equipe estavam conosco.

- Podem escolher o que quiserem. - Steve disse para mim e minha amiga. - Cortesia nossa. - o homem abriu um sorriso mínimo e quase chorei de emoção. Ele tem sentimentos!

- Obrigada. - nós duas dissemos.

Cada um escolheu seu prato e ficamos conversando enquanto esperávamos. Os meninos inventaram uma brincadeira onde tentávamos adivinhar o que as pessoas dali estavam fazendo antes de entrar no restaurante e o que fariam depois.

- Aquela mulher ali, de blusa verde. - Daniel apontou para a senhora que estava sozinha em uma mesa. - Ela acabou de chegar de uma missão de dois anos caçando dragões que queriam destruir o país.

- Leu meus pensamentos. - eu disse irônica e ri.

- Ela parou pra almoçar, mas quando sair daqui ela vai encontrar o marido e a filha pela primeira vez em todo esse tempo. - Jack continuou a história maluca. - Mas ela vai descobrir que...

- O marido apagou a memória da filha e deu ela pra outra família cuidar, e ela foi substituída por um robô programado pelos dragões! - Zachary terminou e nós gargalhamos.

- Com certeza é isso que aconteceu. Ela tá deixando muito na cara, lamentável. - Bianca disse.

Eles procuraram outra vítima para inventar uma história, mas parei de prestar atenção. Eu me sentia tão bem entre eles, era como se fôssemos amigos há anos. Mesmo os conhecendo por pouquíssimos dias, eu sabia que sempre que estávamos juntos se passavam momentos leves e divertidos.

Acabei me perdendo nesses pensamentos e achei que ninguém havia notado, mas então a tela do meu celular se iluminou com uma notificação.

corbyn
ei
tá tudo bem?

Não pude evitar o pequeno sorriso que se formou no meu rosto. Olhei para o loiro, que me olhava parecendo mesmo preocupado, e fiz que sim com a cabeça.

corbyn
quer conversar?
sair daqui?

eu
não quero te preocupar

Eu sabia que se contasse para ele que estava triste por eles irem embora, Besson também ficaria triste por antecipação, e queria que ele aproveitasse seus dias no Brasil.

corbyn
vem comigo, por favor

Após mandar essa mensagem, o gringo se levantou e disse que iria ao banheiro. Esperei um ou dois minutos e fiz o mesmo. Como meus amigos estavam entretidos na brincadeira, não deram importância. Bem ao lado da entrada dos banheiros existia uma porta que dava em uma espécie de varanda, e passei pela mesma.

- E então?

- Não é nada, eu só... lembrei que vocês vão embora em dois dias. Eu me divirto muito com vocês, vai ser difícil me acostumar com a minha rotina entediante de novo.

- É, eu também não gosto de pensar nisso. Não queria que o carnaval acabasse nunca.

- Pela primeira vez na vida, não estou ansiosa pro meu aniversário. - comentei e ele arregalou os olhos.

- Seu aniversário? Que dia?

- Quarta-feira. - fiz uma careta.

- Por que não me falou?

- Bom, na verdade eu falei sim. Eu te contei minha história de nascimento uns cinco minutos depois de te conhecer, não lembra? - soltei uma risada.

- É claro que eu lembro. Mas você não disse o dia exato.

- Pois é. Ah, não faz diferença. Você não vai mais estar aqui. - dei de ombros, mas na verdade queria chorar. Estava muito sentimental esses dias. Será que era TPM?

- Sinto muito por isso. - Corbyn disse.

- Eu também sinto. - eu me aproximei e o abracei, encostando a cabeça em seu peito. O abraço dele sempre me trazia a sensação de conforto junto com um frio na barriga.

O loiro fez carinho no meu cabelo e ficamos alguns minutos daquele jeito, em silêncio. O sol não estava tão forte, por milagre, e a pequena varanda era cheia de flores. Acho que se eu pudesse, viveria só nesse momento.

Depois disso, voltamos para dentro. Terminamos de almoçar e fomos para o hotel onde os meninos estavam hospedados. Dali, Bianca e eu iríamos a pé pra casa, já que era perto. Nós nos despedimos de todos e então fomos embora.

amor de carnaval ✧ bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora