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- Cecília, nós vamos chegar atrasadas! - Bianca reclamou pela décima quinta vez e eu revirei os olhos.

- Ninguém chega atrasado pro carnaval, pelo amor de Deus. - continuei revirando o armário da cozinha. - Achei! - exclamei ao encontrar minha garrafa térmica.

- Finalmente...

Enchi a garrafa com água e dei uma última olhada na minha fantasia pelo reflexo do micro-ondas. Eu estava vestida de Ariel, por sugestão de Bianca. Calcei meu AllStar branco na porta de casa e tranquei a mesma.

- Por que você tá com tanta pressa? - perguntei para minha companheira de apartamento, que segurava a porta do elevador para mim.

- O Henrique falou que já tá chegando. - disse enquanto guardava nossa chave.

- Agora tá tudo explicado. - comentei. Bianca estava apaixonada pelo nosso amigo Henrique desde que o conhecemos.

A morena ao meu lado se olhou no espelho do elevador e ajeitou sua fantasia de policial. Ela pegou o celular e tirou rapidamente uma foto nossa, então o elevador abriu e saímos.

O bloco para onde estávamos indo não era longe do nosso apartamento, por isso decidimos ir andando. Chegamos em questão de minutos e começamos a abrir caminho pela multidão de pessoas presentes, tentando encontrar nossos amigos.

- Tá sozinha, gata? - alguém perguntou próximo ao meu ouvido e me virei assustada, mas dei de cara com um rosto conhecido e suspirei aliviada.

- Gustavo, faz isso de novo e eu juro que você não vai mais poder ter filhos. - ameacei, mas ele e os outros dois garotos apenas riram.

- Vocês demoraram. - Henrique disse, dando um gole no copo que tinha em mãos.

- Culpa da Cecília. - Bianca respondeu e revirei os olhos.

- Demora pra ficar linda assim, só lamento. - brinquei. - E então, vamos animar?

- A gente só tava esperando você, passista. - Caio piscou. Eu sorri e comecei a sambar no ritmo da música que tocava alta.

As horas se passaram, o estilo musical mudou, mas continuei me divertindo com meus amigos. Havia bebido apenas uma lata de cerveja e continuei com a água, ou provavelmente desmaiaria por conta do calor.

Quando percebi que minha garrafa estava vazia novamente, avisei meus amigos que iria enchê-la e me afastei, indo para uma lanchonete de esquina que possuía um bebedouro do lado de fora, onde eu já havia ido pegar água uma vez.

- E aí moça, não quer ir ali trocar uma ideia comigo? - um homem se aproximou de mim, aparentando ter em volta de trinta anos.

- Tô de boa, valeu. - respondi terminando de encher minha garrafa e já fui me afastando sem nem fechar a mesma.

- Qual é gata, só um pouquinho. - ele segurou meu braço e senti seu bafo de álcool, fiz uma careta.

- Tá ficando surdo? Eu disse que não quero. - soltei meu braço com um tranco e comecei a andar para longe dele.

- Foda-se, você nem é tudo isso mesmo. Vagabunda! - o homem gritou atrás de mim e me virei por um segundo para mostrar o dedo do meio.

Assim que me virei para a frente, fui de encontro a um corpo masculino e acabei derrubando uma boa quantidade de água na sua camiseta.

- Ai, me desculpa, moço. Eu não prestei atenção porque tinha um cara idiota enchendo meu... Uau. - eu comecei a me desculpar envergonhada, passando as mãos em sua blusa tentando inutilmente secá-la, mas parei assim que ergui a cabeça e vi seu rosto.

O rapaz em que eu trombei era loiro, tinha os olhos meio azuis e por mais que eu sempre tenha dito que preferia morenos, ele poderia ser totalmente meu tipo. Voltei à realidade e percebi que ele me encarava com uma expressão assustada.

- I- I... don't speak portuguese, I'm sorry. - ele disse e foi minha vez de ficar surpresa. O bonitinho era gringo?

- Oh, that's ok. - respondi e percebi que ele ficou aliviado por me entender. - Eu só estava me desculpando por derramar água em você. - expliquei, dessa vez em inglês.

- Não tem problema. Foi refrescante, aqui é bem calor. - ele olhou em volta e eu ri.

- É sim. Tá perdido? - perguntei e o loiro assentiu.

- Meu assessor deixou a gente sair do hotel pra passear um pouco, mas eu me perdi no meio de tanta gente.

- Assessor? A gente? - franzi o cenho confusa.

- É que eu faço parte de uma banda. Estamos em turnê e viemos pro Brasil pela primeira vez.

- Então você é famoso? - ergui uma sobrancelha e ele riu fraco.

- Mais ou menos. Sou Corbyn. - ele estendeu a mão, que eu apertei.

- Prazer em te conhecer, Corbyn. Sou Cecília. - eu me apresentei e nós dois sorrimos.

amor de carnaval ✧ bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora