✧ onze

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- Então, o que achou? - perguntei esperançosa logo que Corbyn colocou a primeira colher de açaí na boca.

Ele fechou os olhos e fez um barulho bem Ana Maria Braga mesmo, me arrancando uma risada.

- É muito bom. Como eu vivi vinte e um anos sem isso? - arregalou os olhos.

- Pois é, eu disse que você ia gostar. Tem gente que fala que tem gosto de terra, mas na minha opinião é a melhor sobremesa que existe. E é claro, só minha opinião importa.

Ele riu com a minha fala. Notei que os atendentes da sorveteria nos olhavam estranho, com certeza porque estávamos falando em inglês, mas não pareciam reconhecer o loiro na minha frente.

- No que está pensando? - perguntou e voltei à realidade, piscando os olhos duas vezes.

- Vai parecer estranho. - avisei.

- Não tem problema, pode me falar. - ele deu de ombros.

- Estava pensando que é meio engraçado esse negócio de você ser famoso.

- Como assim engraçado? - Corbyn franziu o cenho.

- Bom, a gente tá aqui nesse lugar pequeno. Se estivéssemos em um shopping, por exemplo, seria mais provável que uma fã te reconhecesse. Imagina se de repente tem uma multidão de garotas enlouquecidas correndo atrás de você, tipo naquele filme do Matthew Espinosa? - fiz uma expressão pensativa e então nós dois caímos na risada.

- Quem vê você falando pensa que eu sou famoso no nível One Direction, mas na verdade eu sou normal.

- Ah, sabe o que eu acho? Você merece ser "famoso no nível One Direction". - fiz aspas com as mãos. - Você tem um dom, Besson. Os meninos também. Vocês nasceram com a música nas veias e precisam passar isso pras outras pessoas. Essa noite no show eu senti uma energia muito boa e todo mundo deveria poder sentir isso que vocês transmitem.

Corbyn não disse nada por um tempo e ficou apenas me encarando, olhando nos meus olhos. O silêncio começou a me deixar com medo de ele ter me achado uma louca e desviei o olhar, colocando uma colher cheia de açaí na boca.

- Nossa. - murmurou de repente e olhei para ele.

- O que foi? Falei demais? Deixa quieto então. - meu rosto esquentou de vergonha.

- Não, não. - negou com a cabeça e soltou uma risada. - Sabe, eu gosto muito de conversar contigo porque você me faz rir, mas quando você fala coisas sérias, eu fico tipo... uau! - ele fez uma expressão exagerada de surpresa e eu ri fraco. - Acho que seu dom é tocar as pessoas, Cecília. Porque parece que tudo que você diz vem da alma, e eu sinto como se já te conhecesse há muito tempo.

Foi a minha vez de ficar sem resposta. Por mais improvável que fosse, me conectei com esse gringo de uma maneira que nunca havia sentido com outra pessoa. Nós vivíamos em realidades opostas, mas nos entendíamos perfeitamente, e meu coração apertou quando lembrei que em poucos dias ele teria que ir embora.

- É uma coisa estranha, né? Também sinto isso. Enfim... - mudei de assunto. - Me conta como vai ser o clipe de Come To Brazil?

- Como é que você sabe que o clipe vai ser de Come To Brazil? - o loiro franziu o cenho e ri.

- Bom, é meio óbvio. Vocês fizeram uma música em homenagem ao Brasil, ela não tem clipe, vocês vieram para o Brasil e vão gravar um. - expliquei.

- Nós somos tão previsíveis assim? - ele fez um bico. - Mas é isso mesmo. Basicamente vai ser assim: nós vamos estar em uma festa super entediados e vai entrar uma garota pra animar tudo. Também filmamos algumas cenas nos shows aqui no Brasil pra colocar no clipe.

- Meu Deus, vai ficar muito bom! - eu falei animada. - Onde vocês vão filmar?

- Uma casa que alugamos pra fazer a festa. Ei, você quer ir? - sugeriu e fiquei surpresa.

- Eu posso? Steve não vai surtar nem nada do tipo? - brinquei.

- Claro que pode. Acho que quanto mais gente, melhor. Se quiser pode levar aquela sua amiga.

- Bianca? - perguntei e Corbyn assentiu. - Vou ver o que ela acha. E com que roupa eu devo ir?

- Algo que você vestiria em uma festa. - deu de ombros. - Não acredito que acabou. - ele apontou para seu copo vazio de açaí e eu ri. - Isso é muito bom.

- Vamos lá, vou pegar outro pra você levar pra casa. - eu disse e então pedi outro copo.

Assim que paguei tudo, sob protestos do gringo, nós saímos da sorveteria e caminhamos conversando até o meu prédio. Quando chegamos na minha porta, destranquei a mesma e parei de frente para ele.

- Obrigado por hoje. Eu me diverti muito. - Besson falou e sorri instantaneamente.

- Eu também, foi muito bom. Até amanhã, então? - abri os braços e ele me abraçou.

Enterrei a cabeça em seu peito e suspirei sem perceber. Além de tudo, esse homem é cheiroso.

- Até amanhã. - nós nos afastamos.

- Toma cuidado na rua, me avisa quando chegar no hotel. - avisei.

- Relaxa, eu sei me cuidar. - sorriu. - Boa noite, Cecília.

- Boa noite, Corbyn. - eu me despedi e então ele foi embora.

amor de carnaval ✧ bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora