amor de carnaval ✧ besson

✧ dezoito

Acho que aquele foi meu pior aniversário.

Quando acordei pela manhã, não senti a paz que estava sentindo antes de dormir. Senti um vazio tão grande que por alguns segundos não consegui respirar. Ao meu lado, onde Corbyn esteve, havia um pedaço de papel dobrado. Peguei o mesmo e o abri, vendo as palavras "Happy birthday" e um coração desenhado.

Lágrimas se formaram em meus olhos e finalmente me permiti chorar todo o sentimento que estava me inundando nos últimos dias. Quando achei que eu não tinha mais lágrimas, tomei um banho.

Ao sair do banheiro, encontrei Bianca e Henrique chegando. Ela me abraçou e me desejou um feliz aniversário, e comecei a chorar de novo. Contei tudo o que tinha acontecido e que decidimos tentar.

E tentamos.

Quando Corbyn chegou em Los Angeles, já era mais de meio dia aqui, mas ainda eram oito da manhã lá. Ele precisava descansar e quando conseguimos nos falar o dia já tinha praticamente acabado. Mesmo assim, nós conversamos muito e foi como se nada tivesse mudado. Os outros meninos me ligaram, dizendo feliz aniversário, e eu pensei que aquilo realmente poderia funcionar.

Estávamos apaixonados, nos falávamos a todo momento e fazíamos planos de nos ver novamente o mais cedo possível. Nesse meio tempo, o clipe de Come To Brazil saiu e foi o maior sucesso. Eu ouvia essa e outras músicas deles todos os dias. Até conseguimos assistir a segunda temporada de Élite à distância. Foi assim por um mês.

Depois desse período, as coisas complicaram aos poucos. A banda começou a gravar outro álbum e Corbyn estava ocupado com mais frequência. Minha faculdade também me limitou, nossos horários não eram mais tão compatíveis assim. Outro mês passou voando antes que um de nós percebesse o que estava acontecendo.

Eu ainda arrastei as coisas por um tempo, mas ficava cada vez mais claro que aquilo não estava funcionando. Até que eu disse que precisávamos conversar. Naquele dia, nós concordamos que estávamos nos desgastando muito. Nunca nos consideramos namorados oficialmente, mas existia um certo compromisso, e o terminamos. Era melhor que não nos prendêssemos um ao outro, mas prometemos continuar amigos.

E conseguimos, por um tempo. Semanas depois do nosso "término", a Why Don't We saiu em turnê para o novo álbum, no primeiro momento apenas nos Estados Unidos. Corbyn e eu já não nos falávamos todos os dias e depois disso, muito menos. Eu vivia com uma angústia constante, mas com o tempo ela também diminuiu. Parecia que a bolha que nos envolveu no carnaval havia se estourado e os resquícios dela estavam se dissipando. Nenhum de nós assistiu a terceira temporada de Élite quando foi lançada.

Não que eu tenha parado de me importar com ele. Nunca parei, e nunca deixei de acreditar no fio que nos conectava. Só nos encontramos cedo demais, era o que eu repetia para mim mesma quando lembrava de todos aqueles dias com ele e meu coração doía.

Percebi que acabou quando Corbyn e eu ficamos três semanas sem mandar uma mensagem sequer um ao outro. Ainda nos seguíamos no Instagram, eu o acompanhava e ele também, mas nos tornamos apenas conhecidos. Aquela pessoa que você gosta muito, mas ambos acabaram se distanciando. Eu já tinha retomado minha vida normalmente e sabia que ele também.

Julho estava chegando ao fim quando começaram rumores dele estar namorando. Uma youtuber, dona de uma marca de roupas e produtos para a pele. Ela se chamava Christina. Era bem-sucedida. E linda. Senti uma pontada de ciúmes, é claro, mas esperava que ele estivesse feliz.

Um por um, parei de seguir os garotos da banda. Nós não tínhamos mais nenhum vínculo. Corbyn foi o último, por motivos óbvios. Quando apertei o botão, foi como se estivesse finalmente me desapegando de uma fase que havia durado bons meses. Não me senti triste, porque sabia que fizemos o certo. Eu ainda o considerava demais para fazê-lo sofrer.

Conheci pessoas novas desde então. Namorei algumas vezes, mas poucas sérias de verdade. Não escutava mais as músicas da Why Don't We e doei a blusa que eu havia feito para o show deles. Uma parte de mim tinha medo de encontrar outra fã na rua e ser arrastada para aquela realidade de novo.

Tive outros carnavais. Em um deles, Henrique pediu Bianca em casamento. Se me perguntassem na época em que eles ficaram pela primeira vez, eu nunca imaginaria isso. O moreno era um pouco imaturo, para falar a verdade. Mas o relacionamento mudou os dois, e qualquer um via o quanto estavam felizes.

O episódio do casal me fez lembrar de um carnaval em específico e, pela primeira vez em anos, tirei a camiseta de Corbyn do meu armário. Dormi agarrada com ela, sentindo uma saudade absurda, mas sem coragem de digitar seu nome no Google e saber como ele estava. Mas isso aconteceu apenas duas ou três vezes.

Eu me formei na faculdade. Arrumei um ótimo emprego e ganhei dinheiro fazendo algo que amava. Finalmente pude dar à minha mãe todos os mimos que ela merecia e retribuir tudo que ela havia feito por mim. Nós andamos de avião pela primeira vez e depois disso nunca paramos de viajar para vários lugares.

Não pensava em Corbyn. Era raro de acontecer, e na maioria das vezes o pensamento era passageiro e eu o espantava dizendo a mim mesma que aquela foi uma época distante. Eu estava certa de que não o veria mais.

Até aquela noite.