1 - LÁGRIMAS E DOR

30 4 1
                                    

A DOR ANGUSTIANTE NA PARTE de trás da minha cabeça é insuportável: procede até a fronte, entre os olhos e as  orelhas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A DOR ANGUSTIANTE NA PARTE de trás da minha cabeça é insuportável: procede até a fronte, entre os olhos e as  orelhas. O sangue em meus ouvidos pulsa, enquanto ouço os azucrinantes tic-tacs palpitantes mergulhando resolutamente em minhas veias. Estremeço, quando sinto uma gota gélida de sangue cair em minha coxa nua. Olho para cima, averiguando o local de onde a gota caiu. Inadmissível, a agonia defere-se sobre mim, quando a dor na parte de trás da minha cabeça se amplifica intensa e vagarosamente.

Abro a boca, respirando com dificuldade. Arquejo, meus lábios tremem, o suor brota da minha testa, expandindo-se pouco a pouco por toda a minha fronte, sinto o gosto salgado dele, quando flui diretamente com a minha boca. Apercebo-me de um forte puxão no nervo da perna esquerda, e por um breve instante ela fica dormente, porém, a morbidez cruza a outra perna também, voltando para a perna esquerda novamente, e então as duas ficam completamente tenras. Logo, tenho um rápido, porém abominável, espasmo de dor nas duas pernas.
          

Grito, contudo, num silêncio atemorizante, que faz minha mente ficar carregada por uma obscuridade tenebrosa. Tenho uma breve visão nefasta e fúnebre do nada: melancólica, a escuridão desaparece com a mesma velocidade que apareceu.
          

Procurando empenhar-me em ignorar a agonizante dor, esforço-me mais uma vez a olhar para cima. Noto que o sangue caíra de uma bolsa de sangue pendurada no caibro do teto. Uma vertigem atordoante cae sobre mim repentinamente: o sangue, é o meu próprio sangue.
          

À vista disso, desvio minha intenção da bolsa de sangue e sondo o antro em que estou, verificando: é um mero recinto, acabado portanto; não há janelas nem nada parecido, nenhuma abertura que permita entrar ar fresco, que possa ser capaz de substituir o clima abafado que paira em minha volta; o assoalho é gasto, a porta, apesar de ser de madeira, tem uma aparência confiável, resistente até. Exceto a cadeira em que estou sentada, não há nada demais no antro.
          

Tento me levantar, com a intenção de correr até a porta e sair daqui o mais rápido possível, de preferência, imediatamente. E é aí que sinto meus pulsos arderem com intensidade, enquanto uma dor eletrizante mergulha pelas veias dos meus braços até chegar no pescoço e ceder em seguida. Só agora fui perceber que estou amarrada na cadeira, os braços atrás do suporte e as pernas no apoio dela. Minha pele se abre a cada mínimo e insignificante movimento que faço, a mordaça corta minha carne sem hesitar, com intenso prazer.
          

Mordo os lábios, furiosa com a minha própria infelicidade.
          

A única lâmpada do recinto, além de fraca, pisca. Eu a olho, enquanto ela não decide se deixa o recinto na escuridão ou na luz.
          

HINDLANCE - A SENHORA DO DESTINO Onde histórias criam vida. Descubra agora