A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente.
-Clarice Lispector
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E mais um dia, Lalisa acordava com o Sol em seu rosto.
Mas que merda, essa porra de cortina é enfeite?
Apesar da reclamação, levantou da cama rústica de casal, já sabendo o que a esperava lá fora. Já haviam se passado um ou dois dias da festinha na casa da Joy... Ou três? Sinceramente, parara de pensar no tempo em que passavam ali depois que se conscientizou de que não tinham muitos dias.
Voltando ao tópico inicial, alguns-ou talvez só um- dias tinham se passado e uma rotina já tinha sido estabelecida naquela casa escondida e consistia em, basicamente, transar até dormir>acordar com a merda do sol batendo em seu rosto>assistir Roseanne fazendo o café das duas em seu pijama e cabelo preso>comer>fazer nada (ou transar mais)>repetir.
E mesmo sendo assim, tão simples, acreditava que já estava completamente familiarizada, como se vivesse assim há anos. Sem contar que já tinha um bom material para seu livro.
Depois de sua higiene matinal, Lalisa partiu para sua parte preferida de acordar: Ver Rosé preparando algo para as duas. Mas algo estava errado. Ela não estava no lugar de costume. O pão, leite, frutas, cereal e panquecas (de novo) já estavam devidamente postos na mesa, porém.
Mas que merda?
"Chaeng?" Saiu da cozinha, parando na frente da televisão. "CHAENG! POR FAVOR, VOCÊ SABE QUE EU ODEIO ESSA BRINCADEIRA!" Andou pela sala de estar, procurou atrás dos armários e entrou no banheiro de novo. Nada. "Porra, Roseanne!"
Então, com as mãos na cintura e o cenho franzido, ouviu um barulho do lado de fora. Um arrepio gelado correu sua espinha e podia jurar que se estivesse na frente de um espelho agora, veria como estava pálida. Eram passos. Mas Chaeyoung jurou que elas estavam sozinhas, aquilo era quase o fim do mundo, quem podia ser o louco?
Com o pouco de consciência que lhe restava, alcançou a faquinha de manteiga do Mickey Mouse na mesa do café e ensaiou um ataque, posicionando uma perna na frente da outra e levantando a mão com a faca. Se achou muito idiota, portanto, voltou a posição inicial, mas logo se encolheu ao ouvir o som mais perto.
Não tinha ideia do que fazer. Seu coração batia rápido, sentia o suor gelado descendo por sua têmpora e a nuca arrepiando. Por isso, o que lhe pareceu mais inteligente a se fazer foi se esconder. Correu para o quarto e se escondeu debaixo da cama, agarrou a faca do personagem com as duas mãos e fechou os olhos o mais forte que pôde, ainda ouvindo os passos que agora estavam dentro da casa.
Seu coração batia forte, sentia que ele sairia pela sua boca, as pontas dos dedos já estavam brancas pela força e sentia que estava tremendo.
Mas aí a voz veio da porta do quarto.
"Lisa?" Viu os pés de Roseanne num tênis passeando pelo quarto a sua procura. Queria ter saído de onde estava, mas a vergonha, somado à raiva que sentia agora a impediram de se mover. "Lis? Onde você tá?" Rosé saiu do quarto e Lisa ouviu o barulho da porta da frente se abrindo, mas ainda não conseguia se mexer. "Pirralha?"
Não é possível.
Se recompôs rapidamente e saiu do esconderijo, ainda com o objeto na mão, e rumou para a porta da frente pisando forte. Estava puta da vida... Só não tinha certeza do porquê. Pronta para despejar todos os palavrões que conhecia em Roseanne, parou na frente da entrada, mas simplesmente esqueceu o que foi fazer ao ver como sua amiga se encontrava.
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Written Weekend (Chaelisa)
Storie d'amoreLalisa Manoban é uma escritora fracassada que precisa lançar um livro totalmente diferente do que escreve para salvar sua carreira e não imagina que Park Chaeyoung, sua amiga de longa data e uma renomada advogada seria sua salvação.