7º CAPÍTULO

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Maria

Naquela manhã de domingo eu havia cochilado um pouco, era uma nova conquista, olhei o relógio, eram 7:00 horas, então fui tomar café, com um rosto tedioso e triste, eu precisava realmente de um banho. Passei em frente a mamãe que estava sentada numa cadeira próxima da mesa de jantar, tomando o seu café e dei um tristonho "bom dia", fiz o mesmo quando passei em frente ao papai que estava de pé escorado no balcão da cozinha, com um jornal em sua mão direita e uma caneca na mão esquerda, conforme eu passava em sua frente, ele me acompanhava com os seus olhos e eu podia perceber isso, olhos repletos de preocupação e de pena. Próximo ao balcão há quatro cadeiras altas como aquelas de lanchonete, não conseguia subir, então dei dois leves puxões na camisa do papai pra que ele voltasse a sua atenção pra mim, e com isso ele abaixou sua cabeça e me olhou.

— O que foi, filha? — ele disse com uma voz tão trêmula, tão triste, ele estava realmente abalado com o meu estado.
— Você pode me colocar numa dessas cadeiras? Eu não alcanço. — de cabeça baixa, eu estava quase sussurrando, depois de tudo o que aconteceu, essa foi a primeira vez que havia falado algo além do meu "bom dia".
— Claro. — ele se agachou, posicionou as mãos debaixo das minhas axilas e me suspendeu para que me colocasse sobre a cadeira, nesse exato momento eu olhei em sua face e um sorriso começava a surgir bem de leve, ele estava se sentindo bem em me pegar no colo e eu percebi isso. Enquanto eu tomava o café o papai me olhava, ele queria falar comigo, mas é como se lhe faltasse palavras. Logo, terminei o café e o cutuquei para que ele me colocasse no chão, feito isso, voltei para o meu quarto e deitei, com os olhos fixos no teto, escutei alguém bater na porta do quarto, mesmo ela estando aberta, então mandei que a pessoa entrasse e quando elevei os meus olhos, a pessoa que entrara era o meu pai.

— Princesinha? — o papai sempre me chamava assim e eu amava, ele sabia disso e ele sempre me tratava como a menininha dele, por mais que eu crescesse, sempre iria me tratar assim.
— Oi, pai. — eu realmente não estava afim de conversar, mas eu amava falar com o papai, ele escutava tudo o que eu dizia nos mínimos detalhes e eu gostava muito, mas naquele dia eu não queria, e ele estava ali com um semblante abatido me olhando. Ele caminhou até a minha cama e se assentou do lado em que eu estava deitada e acariciou o meu rosto com o polegar.

— Qual é o problema, princesinha? Por que está assim? O coração do papai não aguenta te ver desse jeito.

Ele considerava fofa uma frase em terceira pessoa e eu realmente achava também, era um jeito diferente que ele tinha de desviar a minha tristeza.

— Papai, eu vou ficar sem te ver?

Os olhos do papai se encheram de lágrimas, ele não esperava aquela pergunta de mim.

— Não! claro que não! Você nunca vai ficar sem me ver.

Meu coração se aliviou um pouco, mas eu ainda tinha medo.

— Você vai ficar com a minha guarda?

O papai paralisou por um tempo e manteve os olhos em mim.

— Eu não sei, filha... Mas vai ficar tudo bem. Não se preocupe.

Me ajeitei na cama e fiquei sentada ao seu lado enquanto ele olhava para baixo, pensativo. Toquei em sua mão fazendo com que ele a abrisse, coloquei a minha mão sobre a dele e percebi o quanto ela era pequena, dei um leve sorriso ao ver isso.

A Garota dos Meus Sonhos [EM MANUTENÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora