• 2° - Apolo que lute

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Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)

♡♡♡


— Eu fui... eliminada? – indaguei. – Eliminada por ter passado mal?

A verdade é que eu me sentia injustiçada. Apolo estava na minha frente, o cabelo loiro enfeitado pela coroa de louros, vestindo a túnica grega impecável, extremamente lindo. O rosto tão perto... os olhos azuis tristes... Me dei conta de que não o veria mais. Eu finalmente tinha conseguido, havia sido expulsa da Seleção, cumpria meu objetivo final... Eu deveria ficar feliz, soltar rojões de alegria, era isso o que eu sempre quis afinal... então porque meu corpo insistia em ficar tão triste?

— Eu vou ver o que posso fazer – disse ele. – Deve haver uma brecha. Sua mãe vai querer ajudar, com certeza.

Eliminada da Seleção? – repeti, em choque.

— Eu sinto muito – ele se inclinou, e eu ainda estava tão chocada que nem tentei afastá-lo. Mas para o seu bem, Apolo não tentou nada atrevido, ele só beijou minha testa, um beijo demorado e carinhoso. – Amanhã de manhã tenho uma reunião com os deuses para debater sobre os detalhes da sua saída e os da próxima prova.

Da minha saída? – soltei o ar que estava prendendo, sem perceber.

— Não vou deixar que simplesmente tirem você – ele segurou meu queixo com uma mão e o ergueu, para que eu olhasse pra ele. De novo: eu estava tão chocada que não reuni forças para afastá-lo. – E você tem o público ao seu lado. E sua mãe. E eu.

Senti meus olhos ficarem molhados. Não pelo o que Apolo disse, eu nem estava prestando atenção. Mas porque eu estava indignada. Como assim, depois de todos os meus esforços pra sair desse lugar, eu sou expulsa por um erro que nem foi meu?

— Cammy... – Apolo me abraçou, provavelmente achando que eu estava chorando por causa dele. – Não chore. Vai ficar tudo bem.

— Me-me solte! Nã-não estou chorando por v-v-você, seu idiota! – empurrei-o.

Era tão injusto. Por que os deuses nunca escutam os semideuses? Por que nós não temos voz? Me puseram aqui contra a minha vontade... me manteram aqui contra a minha vontade.... E depois me mandam embora, assim, sem mais nem menos. Eles nunca escutam a gente e nunca vão escutar. O que eu quero nunca vai importar. Sou só uma marionete com o destino traçado por pessoas poderosas que não posso enfrentar. Não existe livre arbítrio.

— Desculpe.

Apolo me ofereceu um lenço, que eu aceitei, irritada. Ele também é um deus. Também é um deles. E o pior: estava me vendo desabar, toda desarrumada e machucada por culpa dele próprio. Agarrei sua túnica de repente.

— Escuta aqui, Apolo – falei com a voz mais autoritária que consegui – Isso não foi minha escolha, não foi minha culpa, pelo contrário, foi erro de vocês. Então, me escute bem: não me importa o que vocês vão fazer agora e muito menos o que acham disso, mas daqui eu não saio, e daqui ninguém me tira!

— Tuuuudo bem – ele gentilmente tirou minha mão de sua túnica, sorrindo, embora seus olhos estivessem um pouquinho arregalados. – É assim que eu gosto.

Irritada, o puxei outra vez, agora com as duas mãos, nossos rostos estando a milímetros de se encontrar.

— Estou falando sério Apolo, portanto não me teste. Tenho certeza que você já presenciou ataques o suficiente de Afrodite pra não querer assistir o meu.

A Seleção de ApoloOnde histórias criam vida. Descubra agora