Neuf.

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°Dicionário Francês
À droite = Certo

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[29 de Setembro 2020, Outono]

Voltando do trabalho, como muitas vezes acontecia, Im Nayeon estava tocando piano em casa. E não tinha nada que me fizesse mais feliz do que chegar do trabalho cansada depois de virar a noite e encontrar ela ali.

- Bonjour Nayeon, você aprendeu uma música nova? - Pergunto, fechando a porta da sala.

- Na verdade essa música é minha obra secreta, eu quero mostrar a Kim Jisung. - Ela responde toda orgulhosa.

- Você pode me mostrar? - Digo, sentando ao lado dela de frente para o piano.

- à droite! - Ela diz sorrindo e começando a tocar.

Eu não conseguia expressar o sentimento que eu tinha quando Nayeon começava a tocar, era algo que me tomava por dentro, me deixava eufórica, boba, eu só conseguia pensar o quanto ela era incrível e eu tinha sorte de te-la.

O dia que nos ficamos pela primeira vez já fazia um tempo, mas nada tinha mudado desde aquele dia, ou muito pelo contrário. Tinha aumentado.

E eu ficava tão feliz porque parecia tão recíproco.

Nayeon sempre vinha aqui quando eu chegava do trabalho, a gente tomava café juntas, almoçavam juntas, e as vezes jantamos também, e ela dormia aqui.

E quando era dia da transfusão de sangue, eu a acompanhava.

Ultimamente isso vem me deixando preocupada, porque os bancos de sangue estão ficando vazios e daqui a uma semana Nayeon vai precisar.

Eu tento pensar positivo, mas as vezes me pego aflita e tento não passar isso para ela. Já que é estressante ter uma doença e depender sempre dos outros a vida toda.

Nayeon dependia dos doadores de sangue para se manter viva.

Infelizmente eu gostaria de ser doadora, mas existe uma política de que homossexuais não podem doar sangue. O que me deixa irritada.

Porque eu poderia ajudar uma pessoa importante para mim, e também outras que precisam.

Volto a focar na melodia doce que Nayeon toca, essa com certeza era a melhor música que ela já tinha tocado para mim.

- De todas que você já tocou, pra mim é a melhor. Você já deu um título? - Passo os dedos levemente no teclado.

- Whats is love? E a história de uma garota que quer se apaixonar como nos filmes de romance, e ela pede isso silenciosamente. - Nayeon responde.

- É uma história legal, tem alguma inspiração? - Me viro para ela, meu coração começou a bater mais forte.

- Foi inspirado em mim mesmo, e eu encontrei em você. - Nayeon se aproxima.

Então isso foi um eu te amo?

Estou prestes a beija-la, mas Taehyung volta com algumas sacolas. - Eai meninas, bom dia.

- Vamos dar uma volta, o que você acha? - Pergunto, eu queria ficar sozinha com ela.

Já que a casa era tão pequena e não tínhamos muita privacidade. E também porque eu gostava de andar de mãos dadas com ela pela rua.

Nayeon trancou a bicicleta em uma área da cidade, e depois fomos caminhando, entramos em algumas exposições de artes, paramos para ver artistas de rua, e também compramos sorvete.

Presto a atenção em um grupo musical, um tocando gaita, outro triângulo e os outros dois sanfona.

- Vai Jeongyeon dança comigo.
- Ela me puxa.

- Não não não Nayeon - Respondo envergonhada, colocando uma das mãos no rosto.

Ela me ignora e começa a dançar e a me puxar, até que finalmente desistir de tentar lutar e comecei a rir e dançar junto. Ela me girava e eu a girava de volta, e nós rimos quando um rapaz também começou a fazer passos engraçados.

Quando vimos várias pessoas estavam dançando junto com a gente, e quando a música acabou todos bateram palmas. Eu me aproximei e deixei 5 euros no chapéu que estava no chão.

- Sabe o que eu admiro? As pessoas que vivem de música, elas fazem aquilo porque amam, já que a área é tão imprevisível.
- Digo, voltando a caminhar com ela.

- Sim... Quando eu descobri que tinha Talassemia com 6 anos, e foi ai que eu percebi o quanto somos frágeis, como a vida é frágil.
- Ela responde olhando para as pessoas caminhando e conversando.

- Eu decidi seguir o caminho fazendo o que eu gosto, porque eu estaria feliz, e se um dia chegasse minha hora. Eu tinha vivido da melhor maneira possível.- Nayeon continua a dizer, dessa vez olhando pra mim.

Isso me dava um aperto no coração, Nayeon tinha 22 anos apenas. - Não se preocupe com isso, você tem muito tempo pra viver ainda.

Nós atravessamos a rua de mão dada, e paramos na frente de um rio onde tinha pessoas dentro de um barco fazendo passeio turístico.

Estava ventando, o que fazia meus cabelos voarem no rosto fazendo com que eu tentasse afasta-los.

- Eu tento me manter firme, mas as vezes eu só quero desabar, eu sei que os bancos de sangue do hospital de Paris está em escassez, e eu vou ter que ir para outra cidade e gastar o dinheiro que recebi no concurso.

- Nay... - Junto nossas mãos e a aperto contra a minha, jogando o cabelo para o lado que o vento não o colocasse no meu rosto.

- E tudo isso... Todo esse esforço para estar viva... É cansativo.

Nayeon também estava aflita com isso, e eu não podia nem imaginar o que ela estava sentindo no momento, eu só queria estar do lado dela e ajudar da melhor maneira possível.

- Nayeon... Eu estou com você tá? Eu vou com você a onde tiver que ir, estarei do seu lado. Eu te amo. - Acabei dizendo finalmente o que eu queria ter dito a tanto tempo atrás.

Eu pude ver os olhos de Nayeon brilharem, e ela me dar um sorriso lindo, para depois responder. - Eu também te amo, Jeongyeon.

Então eu a abracei, e ela correspondeu envolvendo os braços em minha cintura, e ficamos ali olhando o rio e o barco dos turistas se distanciar lentamente.

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Sim gente em mais de 50 países, incluindo o Brasil, EUA e França, gays são proibidos de doar sangue por conta da AIDs kkk loucura né? Pse.

Até amanhã pessoal espero que estejam gostando 😙

Fσυr Sєαsσทs • 2yeonOnde histórias criam vida. Descubra agora