Capítulo Nove

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O Conde Dubois deslizou o olhar pela milésima vez para a Sra. Deschamps e se surpreendeu todas as vezes com o brilho que havia ali, direcionado ao casal de noivos.

Por Deus, mulher, parece ter se esquecido quem são eles! Pensou, fingindo contentamento quando a pequena torta de amoras foi servida pelo mordomo. A raiva, porém, estava ali, tornando sua respiração cada vez maia difícil naquele ambiente. Esqueceu-se ou está louca? Ou, pior, deseja me enlouquecer também?

Quando recebera a notícia do noivado entre seu filho Alexander e a jovem Estela Deschamps, sentira que morreria de um ataque cardíaco. Era a coisa mais absurda que um dia imaginara ouvir e, no entanto, ali estava, em um jantar de celebração. Seria uma forma da Sra. Deschamps jogar o passado sujo em sua cara?

Lembrava-se ainda daquele verão, vinte anos antes, quando prensara a Sra. Deschamps em uma árvore, erguera suas saias e terminara se desfazendo em prazer pouco depois. Foram apenas alguns encontros escondidos nas matas que circulavam a mansão, e portanto o milagre acontecera: semanas depois a cidade inteira comentava sobre a gravidez inesperada da Sra. Deschamps, que lutava há anos por um filho.
Que diabos, mulher!

Não podia revelar seu segredo, então o Conde contaria uma história. A história de um jovem casal de jovens assolados por uma tragédia terrível: tão próximo ao casamento, uma morte separaria as duas almas apaixonadas.

Enquanto mastigava a torta de amora, observou a jovem Estela Deschamps, tão pálida e fraca que seria fácil fazer todos acreditarem que sua morte fora natural. Pobre criança, o Conde se disse, terá um destino triste.

Porém, entre seu filho e sua filha, a decisão era clara.

[281 palavras]

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