Capítulo Três

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Realmente a família do Conde conseguia fazer jantares magníficos. A entrada, uma ave ao curry com arroz cozido, caíra maravilhosamente bem no paladar da Sra. Deschamps. Sorrindo para a filha, sentada do outro lado da mesa, ao lado do noivo, a Sra. Deschamps pousou o garfo que usava.

— Está tudo uma perfeição. — Anunciou, mantendo seu sorriso ao olhar para a Condessa Dubois.

— A senhora que é encantadora sempre. — A Condessa respondeu, devolvendo o sorriso.

Que cobra! Como pôde sorrir para mim? A Sra. Deschamps pensou, apertando as mãos sob a mesa para descontar sua raiva. Por fora, era uma lady, uma mãe orgulhosa pelo noivado da filha com o filho do meio do Conde — por dentro, fervilhava.

Aquela... piranha! Como ousa fingir que não se casou com o Conde antes mesmo que a carne de sua falecida esposa esfriasse sob a terra? Como ousava sorrir para todos, orgulhosa de ter conquistado o velho Conde com seus poucos 20 anos de idade? Deus perdoe esse absurdo, mas ela é mais nova que os filhos do Conde!

A Sra. Deschamps estava feliz com o casamento da filha, era claro. Sua pequena Estela se tornaria uma Dubois e, a julgar pelas expressões que o Conde Dubois lançava ao seu filho mais velho, era provável que deixaria sua herança para o filho do meio. E então Estela seria Condessa!

Pelo sonho de ver a filha bem casada, a Sra. Deschamps ignorava que sabia a verdade. Ignorava que seu marido havia ido para a cama com a jovem esposa do Conde. Fingia ser a boa esposa, afinal, ela mesma guardava uma cota de segredos também.

Ah, se eu pudesse, arrancaria esse sorriso presunçoso do seu rosto, Condessa Dubois! Pensou enquanto o mordomo servia o primeiro prato principal, uma deliciosa Soupe à la Reine, típico da monarquia inglesa. Era realmente ridículo como os franceses copiavam a moda da Inglaterra!

Quase como se seu corpo rejeitasse o prato, sua garganta coçou e tossiu forte. Sorriu, constrangida, e mergulhou a colher na sopa.


[335 palavras]

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