"Como pode alguém querer entender outras pessoas se não entende a si mesma?!"
Pensei nisso a viajem toda quando estava prestes a iniciar o maior sonho da minha vida, sair do Canadá e ir estudar Psicologia na Inglaterra.
Fiquei feliz quando avistei o alojamento, não aguentava mais minha própria companhia com meus pensamentos. Estacionei meu carro e entrei. Era totalmente gigante; assim que entrei vi 4 escadas gigantes em direções opostas, do lado das escadas estavam os números dos dormitórios que estavam no final delas. Peguei minha agenda e vi, "52B", era a segunda escada, subi junto de várias pessoas, totalmente diferentes umas das outras, era estranho. O corredor enorme lotado de portas e pessoas era muito apertado, mesmo que meu quarto não fosse nem na metade daquele corredor, pareceu uma eternidade chegar até ele. Avistei, "52B", assim que abri vi uma cama na frente da porta, e quase que junto a cama, um pequeno criado mudo com três gavetas, do outro lado do quarto era da mesma forma, uma cama e um criado mudo; em cima dos criado mudos havia uma janela com uma cortina cinza, sob cada cama estava uma chave, a chave do quarto para ambas as pessoas; do lado da porta havia um guarda-roupa grande o bastante.— Legal, vou ter que dividir. — disse num tom quase inaudível. Eu odiava dividir as coisas.
Escolhi o lado de frente pro guarda-roupa e comecei a decora-lo do meu jeito. Pendurei minhas roupas e usei 2 das quatro gavetas que estavam no final do guarda-roupa; coube tudo perfeitamente. Peguei meu mural de fotos e colei com fita, peguei as fotos e fui colocando no mural. Quando peguei as últimas fotos nem notei que as havia levado, já deveria ter rasgado antes de vir.
Fico ali analisando minhas fotos beijando, abraçada, de mãos dadas com um cara bonito o bastante pra pensar no estrago que faria comigo. Passo os dedos nas fotos na intenção de sentir exatamente o que eu senti no dia em que foram tiradas, quando dei por mim haviam lágrimas caídas sob as fotos que um dia tomavam conta de todo meu mural, foi tudo muito intenso. Sou tirada dos meus pensamentos quando ouço a porta se abrindo. Rapidamente limpo meus olhos e escondo as fotos atrás de mim como num instinto. Entra uma garota loira dos olhos azuis, alta o bastante pra fazer eu franzir a testa por um momento, e com uma cara de criança inocente.— Oi, me chamo Samantha.
— Oi Samantha, sou a Madson.
Samantha entrou e começou a desfazer as malas, e um silêncio perturbador ecoou naquele quarto. Peguei o meu notebook e resolvi ver algum filme. Coloquei os fones e fiquei descendo pela Netflix até colocar um filme que já vi pelo menos 100 vezes, "meninas malvadas".
Quando o filme terminou Samantha já havia arrumado suas coisas e estava na sua cama lendo, eu estava muito cansada, a viajem tinha sido extremamente cansativa, principalmente psicologicamente, resolvi que ia tomar banho e dormir. Levantei, peguei minha nécessaire, uma toalha e um pijama. Sai do quarto e estavam todos fora no corredor, como na hora que eu cheguei, porém tinha menos gente. No final do corredor tinha um banheiro unissex. Ao entrar vi duas entradas, uma era para os sanitários, a outra era para os chuveiros; tinham vários chuveiros com pias na frente, a divisória dos chuveiros eram apenas cortinas, e havia onde pendurar as coisas em cima das pias, confesso que fiquei com medo de pegarem minhas coisas mas arrisquei. Quando entrei no chuveiro foi quando caiu minha ficha de onde realmente eu estava, dei tanto duro, a ao mesmo tempo abro mão disso tantas vezes que chega ser inacreditável estar aqui. Meu banho dura pouco. Saio pego minhas coisas e me troco dentro do cubículo que chamam de espaço onde tomamos banho. Escovo meus dentes e volto pro quarto. Samantha permanece lendo, nem levanta a cabeça quando abro a porta. Começo a arrumar minha cama para dormir, quando pego novamente as fotos; o que vou fazer com elas? Resolvo então guardar na minha gaveta do criado mudo já que não temos lixo, e tento convencer a mim mesma que eu queria de todo o coração jogá-las fora.— Você já vai dormir? — Samantha pergunta, me olhando com aqueles olhos azuis. Será que estava me observando?
— Sim, a viajem até aqui foi cansativa. Você não vai?
— Não, ainda está cedo, vou ficar lendo. — realmente estava cedo, eram apenas 20h30.— Mas você pode apagar a luz se quiser, eu ligo o abajur.
— Obrigada. — desligo a luz e deito. Checo meu celular e havia apenas algumas mensagens da minha mãe, respondo que está tudo bem e desligo ele. Hoje o dia foi cheio de emoções, pelo menos para mim, descansar a cabeça é o que mais necessito nesse momento.
Me vejo ansiosa pelo dia seguinte, esperando que seja melhor que hoje. E acabo pegando no sono no meio dos meus pensamentos.
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CHANGES
Romance"Meus sentimentos são sempre uma confusão. Não sei bem como tudo desandou, era tudo tão normal e de certa forma perfeito, mas a partir do momento em que o vi, foi tudo por água a baixo, mesmo que eu não assumisse, eu sabia disso." ...