Um anjo que desconhece qualquer sentimento humano cai do paraíso por sentir algo desconhecido por um humano que cativou seu ser e ele tem quatro estações para cativa-lo também.
#2 sobi: 22/05/2021
Iniciada: 18/01/2020
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Uriel, 2020.
Meu nome é Uriel, ou pelo menos era como costumava ser chamado por aqueles que um dia me apoiaram e hoje sequer devem lembrar que me chamaram de irmão, não os julgo por isso já que por influência do trono poucos se lembravam daqueles que caíram mas ainda ressentia pelos olhares daquela noite. Agora eu me chamo Min Yoongi, esse foi o nome que recebi quando cai, um estudante do ensino médio cuja existência era irrelevante a todos a volta, era estranho um dia ser aclamado e conhecido como Uriel, o grande, aquele que muitos clamavam para iluminar suas vidas e seus caminhos e lhes dar a paz em uma vida conturbada e agora não ser nada além daquele em quem esbarram no corredor e sequer pedem desculpas, seres humanos sempre se achando superiores sobre todos incluindo eles próprios. Pelo menos era dessa forma que eu pensava quando apenas os olhava de uma posição superior, agora em parte eu era um deles e poderia dizer que alguns humanos valem as minha asas.
Ainda é estranho pensar que eu era de certo modo poderoso e agora era só mais um mortal comum que sentia dor e caia mesmo ainda tendo as minhas asas. Eu preciso constantemente me lembrar da minha missão no mundo humano para não sucumbir e me entregar a esse sentimento avassalador que eu descobrir se chamar tristeza. Mas tinha um objetivo e prometi a mim mesmo que suportaria a dor até o fim só para protege-lo.
A queda.
Primavera de 2019.
Eu não conseguia lembrar quem era ou o que exatamente eu era, matéria, um ser vivo, uma lembrança ou uma pessoa, minha mente era um completo vazio que chegava a ser sufocante. Quando finalmente tornei a minha consciência uma luz forte atingiu meus olhos me fazendo resmungar e por instinto tentar me levantar de seja la onde estivesse, só não contava com a dor excruciante nas omoplatas, parecia que estavam me rasgando de dentro pra fora com garras afiadas me dilacerando me fazendo gritar e chorar da forma mais covarde possível. Então alguém veio ao meu socorro, eu chorava como um humano fraco e digno de pena quando senti a presença forte de Haniel próximo a mim.
— Se acalme Uriel, tente não se mover, eu estou fazendo o possível. — Disse enquanto mantinha minhas asas imóveis diante das minhas tentativas inúteis de contrai-las. Senti o toque suave de um tecido úmido e morno sobre as feridas me fazendo soltar um grunhido a cada toque por mais gentis e cautelosos que fossem e me deitar novamente visto que era minha única opção diante de tal humilhação.
— O que aconteceu comigo? Eu não lembro de nada, apenas da dor.
— Você irá se lembrar com o tempo, ainda está se adaptando a sua forma mortal e com a dor que deve estar sentindo sua mente deve estar nublada, mas eu vou tentar te recordar. Você caiu Uriel, ela descobriu sobre seus planos com o humano e você a confrontou, foi muito corajoso da sua parte, eu já vi muitos anjos valentes mas nenhum que tenha a encarado daquela forma, disse o que muitos do paraíso se acovardam em dizer na hora de encará-la.
