Capítulo 28

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Sem Revisão

Danielle

Consigo mancar até a porta; espero Ansel digitar a senha para o fechamento do elevador e vir por a outra senha, dessa vez para abrir a porta. O ferimento lateja um pouco, mas é suportável. Ele tenta se pegar, mas afasto balançando a cabeça. Algo sobre ele não está certo, é como se faltasse uma parte.

Um bip anuncia que a porta está aberta. Espero ele entrar e depois faço o mesmo. Algumas pessoas estão ali, um homem grande, rosto másculo e bonito é o primeiro a vir até nós. Seu olhar recai sobre mim, analisando.

— O que aconteceu com ela?!

Sua voz... parece tão familiar, mas não consigo saber quem ele é. Tudo está tão confuso.

— Um problema que já eliminei. O corpo ainda está lá, faça seu trabalho.

O homem solta um suspiro irritado, os olhos azuis brilhando em raiva contida. Um gemido escapa dos meus lábios quando sem perceber apoio a perna. Os dois me seguram pelos braços e me levam até o sofá, onde uma mulher e uma menina estão sentadas.

Um terceiro homem surge, esse é alto, ombros largos, cabelo escuro e pose firme.

— Quem são essas pessoas? — pergunto para Ansel, tudo é confuso demais. A dor de cabeça que até então tinha sumido, voltou com tudo.

Todos me olham confusos.

— O médico disse que pode ser temporário. Ela precisa descansar. Temos assuntos para resolver. — Ansel diz. A menina corre até ele e pula em seus braços.

De repente eu lembro, a dor, todas as lágrimas, meu pai dentro de um caixão. Sinto um aperto no peito.

Suspiro fundo, temendo por fazer algo drástico. Lukas ainda me olha, isso me deixa desconfortável. Daryl está como sempre, neutro.

— Preciso descansar um pouco, não estou me sentindo bem. — eu falo. É um pouco da verdade. Fico em pé, a ardência na coxa persiste, preciso de algo.

— Eu levo você. — Alisson diz, mas aceno com a mão; negando.

— Quero que Daryl me leve.

Meu pedido  deixa todos de sobrancelhas erguidas, uma veia pulsa no pescoço de Ansel, as mãos em punhos. Ele abre a boca para dizer algo, porém sou mais rápida e seguro no braço de Daryl, que já se aproximou. Com certa dificuldade eu caminho até um quarto que Daryl nos direciona. Eu abro a porta e manco até a cama. Sento soltando um gemido.

— Já se lembra de tudo. — é uma afirmação. Assinto devagar.

— Eu não suporto isso, Daryl. Não sei se amanhã estarei viva, esta cada vez ficando pior. Eu preciso de ajuda.

— Eu não posso te ajudar, não do jeito que você quer. Ansel é meu irmão, mas ele não hesitaria caso eu interferisse em seus planos.

— O que eu faço? Continuo vivendo essa vida de merda? Passar o resto da minha vida ao lado de um monstro?!

— Você precisa se manter firme. — ele diz. Daryl senta ao meu lado, sua mão segura em meu queixo. — Jamais abaixe a cabeça para ele, mas não o enfrente, as consequências serão ruins, Dani. Ansel é instável, ele tens seus bons e maus momentos.

— Eu não sei se consigo. 

Agora suas duas mãos estão no meu rosto.

— Você vai conseguir. Quando voltarmos para Nova York, e Ansel conseguir a guarda definitiva de Becca, tentarei fazer com que ele pense no divórcio. Só... aguente firme até lá.

Meus olhos brilham pelas lágrimas não derramadas.

— Obrigada.

Abraço ele, minha cabeça contra seu peito. Seria possível? Ansel concordar com um divórcio? Parte minha torcia para que isso fosse real, ter minha liberdade de volta, a outra não colocava muita fé nisso.
Eu queria muito sentir o sol contra meu rosto sem ter um alvo nas costas, queria voltar para o hospital, queria andar de  bicicleta sem me preocupar com nada. Eu só queria ser... eu outra vez.

Mas Daryl estava certo, eu deveria ficar firme. Não confrontar Ansel seria difícil, ainda mais com meu temperamento explosivo. Portanto eu tentaria.

— Interrompo algo? — a voz de Ansel é dura. Daryl sussurra algo em meu ouvido e se afasta. Ele não olha para nenhum de nós quando sai do quarto.

Ansel fecha a porta e caminha até mim. Seu aperto é forte no meu braço, ele me põe de pé e protesto brevemente.

— Espero que não esteja planejando nada, Danielle. Ou pagará por isso. Daryl também.

— Eu só queria que ele me ajudasse a me proteger. — respondo com uma mentira.

— Você deveria pedir isso é para mim, que sou se marido.

Isso pega ele de surpresa, e eu também. Seu aperto fica frouxo, mas ele não tira a mão de mim.

— Eu... Vou treiná-la.

Até para ele essas palavras parecem estranhas.

Ansel tem um olhar estranho, vejo uma gotícula de suor descer pelo seu rosto.

Saindo de onde quer que a mente perturbada dele estivesse, Ansel se afasta e põe a mão no bolso. Dali tira uma cartela de remédio. Deixa em minha mão e sai.

Isso tudo está cada vez pior.


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Ansel - Trilogia Sombras da Noite #1 ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora