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capítulo oito: faça carinho no lobo

sobre a possibilidade de amizade entre James e Keith: sou cadela SIM e vou tornar real SIM.

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O sol já havia desaparecido no horizonte quando Keith ouviu seu nome sendo chamado - na verdade, seu sobrenome.

Alguns minutos atrás, ele e Lance estavam sentados em cima do Leão Negro, assistindo o pôr-do-sol e tendo uma conversa que revelou muito mais que Keith pretendia. Ele não se preocupou muito, no entanto - Lance costumava ser muito lerdo quando se tratava de perceber o que ele significava para as outras pessoas.

Então, tudo bem se Keith literalmente disse a Lance como ele é incrível e como seria fácil amar ele - inferno, ele até usou a si mesmo como exemplo, mas Lance estava muito perdido em suas fantasias com Allura para perceber.

Isso deveria machucar mais, Keith sabe. O modo como ele se sentia em relação a Lance era tudo, menos novo. Por mais que no início houvesse toda aquela baboseira de rivalidade, também houveram momentos onde Keith pôde conhecer as partes mais leais e amorosas de Lance - talvez esse tenha sido seu erro. Keith nunca havia realmente se apaixonado por ninguém, e por um tempo acreditou que isso nunca fosse acontecer. Ele já havia aceitado, como parte dele - então veio Lance e bagunçou totalmente sua cabeça.

- Kogane? - A voz chama novamente, e Keith se sente um pouco idiota por ter ficado ali pensando em Lance ao invés de responder na primeira vez.

- Aqui em cima. - Keith disse, alto o suficiente para que quem quer que estivesse o chamando pudesse ouvir.

Menos de um minuto depois, Keith se surpreendeu quando James Griffin chegou ao seu lado, com a postura rígida que ele usava sempre que estava obedecendo ordens. Keith suspirou, lançando um último olhar ao horizonte azul escuro com os últimos resquícios de laranja do por-do-sol.

- Alguém precisa da minha ajuda? - Ele pergunta, apoiando a mão no pescoço de Kosmo, que estava encarando James com seu típico olhar entediado - a única indicação de interesse era a forma como sua cabeça estava inclinada em curiosidade.

Quando Keith percebeu que não iria ser respondido, ele voltou a olhar para Griffin, percebendo que seu uniforme da Garrison, sempre rigorosamente arrumado, estava amarrotado, e havia uma leve sugestão de rubor em seu pescoço.

- Na verdade, não. - Griffin finalmente falou, desviando o olhar para o deserto a seu redor. - Posso...? - Ele aponta para o espaço ao lado de Keith, onde Lance havia se sentado mais cedo. Mesmo estranhando, Keith assente com um movimento leve da cabeça, e Griffin se abaixa até estar sentado - a uma distância grande o suficiente para que ele não se sentisse desconfortável. - Obrigado. - Ele diz, e fica em silêncio de novo.

Keith se lembra que sua relação com Griffin nunca foi a melhor quando ambos estudavam juntos, mas depois de todos os anos que ele passou no espaço, seu conflito parecia algo bobo agora. Griffin agora era um piloto dos MFEs, e mesmo que continuasse sendo irritante, ele estava lutando a mesma guerra que Keith. Não haviam motivos para que Keith evitasse sua companhia - mas também não havia nada que devesse os unir. O que quer que Griffin quisesse falar, deveria ser importante, e Keith iria deixá-lo tomar seu tempo.

Não demorou muito para que Griffin limpasse a garganta com um som baixo, claramente querendo ter a atenção de Keith.

- Você ouviu o discurso do Capitão Shirogane hoje. - Keith assentiu, estreitando os olhos na direção de Griffin. - Ele disse que, como nosso último dia na Terra, deveríamos nos divertir, passar um tempo com nossas famílias, as pessoas que amamos. - Keith apenas continuou o observando, sem entender onde Griffin queria chegar. - Eu estava com os outros pilotos do esquadrão. Depois de tudo o que aconteceu, o ataque... Eles são toda a família que me resta. - A voz de Griffin diminuiu na última parte, e ele puxou os joelhos para mais perto do peito, encarando a seus pés com um sorriso triste.