Escolhas

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 Jiang Cheng abriu os olhos lentamente sentindo que tinha acabado de ir ao inferno e retornado. Não que desconhecesse aquele sentimento de quase morte. Já tinha passado por ele certa vez... E acreditou que tinha superado, até saber que a pessoa que odiou por anos foi quem salvou sua vida e então... ele fez o mesmo.

Mas Wei Wuxian jamais saberia.

Deveria ser passado e ele ficava repetindo aquilo como um mantra, mas simplesmente não conseguia esquecer ou ignorar. E por isso ele foi para aquele canto remoto das terras conhecidas, atrás de lendas, de pistas, de alguma coisa para devolver o que não lhe pertencia.

Aquilo deveria ser superado, ele era um líder de seita há anos, ele tinha que ter controle... Mas porque não tinha!? POR QUÊ!?

Bateu com o punho no chão, mas uma mão segurou a sua e em seguida uma voz suave soou baixa.

— Cuidado.

Seu corpo todo retesou. Conhecia aquela voz... Conhecia e...

ZeWu-Jun?

Sua mente saltou para a lembrança de tê-lo visto e conversado brevemente com ele quando se feriu com o cervo. Ele o ajudou com a ferida e...

Piscou. Nada mais vinha a sua mente. Apenas branco.

Olhou ao redor e se viu deitado sobre um grande tecido branco, a beira de um rio largo e raso...

Como?

— O que aconteceu!? - Perguntou tenso, sentindo a garganta seca, estranha e a cabeça extremamente pesada. Se sentou e imediatamente olhou para a perna... Que não tinha mais tala – Isso...?

— É uma longa história – O líder da seita Gusulan disse baixinho antes de se erguer do seu lado e ir para o lago encher um cantil simples. Ele parecia tranquilo e aquilo nem o incomodou muito, afinal todos de Gusulan pareciam deuses serenos e silenciosos. E ele nunca gostou de toda aquela altivez irritante. Desviou os olhos das costas de ZeWu-Jun e tentou reconhecer o lugar sem sucesso – Estamos longe da montanha em que nos encontramos.

Ele concluiu baixinho.

—Você nos trouxe aqui?

— Não eu – E ele estava ali, ao seu lado, de pé, altivo e com um olhar indecifrável... Por algum motivo aquilo lhe irritou ainda mais do que o normal – Como se sente?

— Uma merda – Rebateu antes de se erguer e deu um passo para trás instintivamente quando o outro ergueu os braços como se fosse ajudá-lo. Em um segundo se encararam e Jiang Cheng jurava que tinha visto nervoso ali. Impossível! – Eu estou bem.

Respondeu ríspido e viu confuso o outro fechar os olhos lentos como se estivesse reunindo paciência ou algo assim.

Gusulan! Todos uns insuportáveis!

Então abaixou os olhos e percebeu que não só estivera deitado sobre robe externo de ZeWu-Jun, bem como aparentemente o outro estivera tocando sua flauta já que ela estava sobre o robe e não na cintura dele.

— Jamais ouvi dizer que a música de Gusulan pode curar feridas.

— E não pode – Ele suspirou longamente e o olhou fixo, sério - Jiang Cheng, temos de conversar, sente-se, beba água e fique calmo.

— Sabe como é idiota pedir para alguém ficar calmo depois desse alguém acordar longe de onde desmaiou e ainda por cima ouvindo que a pessoa que supostamente o curou diz que eles têm que conversar? O que está acontecendo!?

ZeWu-Jun suspirou de novo e por um longo momento só ouviu o som da água correndo rio abaixo e então... E então ele caiu ajoelhado diante de si e Jiang Cheng quase pulou para trás começando a ficar assustado.

WangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora