Wangxian

Provações

— Eu vou junto!

Jiang Cheng encarou Xichen nos olhos e ainda que o via irremovível da ideia e tinha sim sua razão racional, ainda assim não conseguia conceber que ele voltaria para casa sozinho, sem ele e com um perigo tão iminente a espera.

Aquilo tudo não era justo, não era!

Sentia tanta raiva que não conseguia nem raciocinar direito àquela altura.

Por que não picaram o corpo daquela cobra por segurança? Porque não tacaram fogo em tudo, inferno!? Porque perderam a chance quanto a tiveram em mãos!?

— A-Cheng...

— Não use esse truque em mim, Lan Xichen!

Praticamente gritou antes de ir até o mais velho e socar seu peito sem força real. Estava bem mais forte desde que engravidara... Gravidez... Mal acreditava que conseguia pensar naquilo sem surtar, que agora que sua barriga estava de fato muito aparente, grande até, ele a via como parte de si, pensava nos bebês com carinho, como filhos de verdade e tudo era graças aquele homem idiota a sua frente.

Muitas coisas mudaram desde o fim daqueles fatídicos três dias e noites no cômodo subterrâneo. Ele e Xichen saíram de lá mudados, muito e cientes de que tudo entre eles agora era uno.

Ele tinha brigado com o Lan e muito por ter lhe feito de vítima escravizada sexual, mas no fim a verdade era que não tinha desgostado. Tinha percebido que gostava e muito de ser uma vítima escravizada sexual de um troglodita que surgia de tempos em tempos, mas lógico que jamais diria aquilo em voz alta.

Ele era um Jiang, afinal.

O fato era que eles eram de fato um casal agora, não dava para modificar tudo aquilo, era um fato e Jiang Cheng sabia reconhecer fatos. Outra coisa era que Xichen era um coração de manteiga tonto que a cada dia ficava mais babão sobre os bebês e até sobre ele mesmo que não tinha mais como evitar aquele mel todo em cima de si e era por aquele exato motivo, embora soubesse que Xichen fosse um guerreiro, um cultivador completamente poderoso, apesar daquilo tudo, tinha horror em pensar em permitir que o Lan fosse para a guerra sem ele.

E se o pior acontecesse? E se o pai dos seus filhos fosse ferido sem ele lá para ajudar e proteger, e se o maldito Yao tocasse em seu homem!?

Eram tantas possibilidades horríveis que seu corpo inteiro tremia de ódio. Ele tinha que ir junto, ele tinha!

— A-Cheng, olhe para mim.

Xichen segurou seu queixo e lhe fez encará-lo olhos nos olhos. Ele estava tranquilo e aquela tranquilidade toda lhe deixava ainda mais furioso. Aquele hábito de Buda Lan o deixava tão, mas tão estressado!

— Você não vai sem mim, isso não é uma conversa.

— Sim, é uma conversa – Ele retorquiu e então suspirou – É muito arriscado para os bebês, se fosse em qualquer outra circunstância eu seria o primeiro a defender sua presença, mas não nesse caso. A coletânea da desordem é muito poderosa, em um nível que não faz ideia, ele poderia matar os bebês com cinco acordes. Não podemos arriscar, Cheng, por favor, compreenda.

— Eu compreendo, só não aceito!

Ele trincou os dentes e viu aquele olharzinho de filhote fofo antes de surgir no rosto belo aquele sorriso que em sua opinião era injusto com o universo. Ninguém tinha o direito de parecer doce sendo tão alto, grande e forte.

— Esse é o meu consorte.

— Xichen!

— Eu irei, destruirei nossos inimigos e voltarei para buscá-lo. Simples e limpo. As águias nos levarão pelo mar então ganharemos tempo e passaremos seguros. Hua Cheng e Luo Binghe estarão ao meu lado bem como Shen e Xie Lian. Wangji jamais cairia e você sabe disso. Não vamos perder, A-Cheng, você precisa confiar em mim.