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  Jiang Cheng acordou se sentindo descansado como há muito tempo não se sentia e por alguns segundos, naquele estágio de despertar sonolento, entre mundo dos sonhos e realidade, ele pensou que tudo ia bem.

Ledo engano.

Abriu os olhos e se viu deitado em uma cama estreita para os padrões do Píer Lótus e claro que assim era, ele não estava de volta ao lar. Da janela vinha a paisagem rural e montanhosa, do lado de fora vinha o som de pássaros a distância e som de quedas d'água.

Conhecia aqueles sons, aquele local...

Recanto das nuvens!

E então todas as lembranças se derramaram sobre sua cabeça como um golpe fatal.

— ZeWu-Jun... Cervo alfa... Montanha da deusa... – Foi murmurando ficando a cada segundo mais aflito e então fechou os olhos – Aberrações!

ZeWu-Jun tinha lhe levado para lá, por quê!? Sua mente se questionou e logo ela mesma respondeu em tom cruel: Medo do que ele pudesse fazer com as aberrações, claro!

Ele se levantou e sentiu seu corpo estremecer em fúria outra vez.

Maldita hora em que resolveu ir atrás de Baoshan Sanren!

— Jiang Cheng, você acordou!

O som alegre daquela voz ecoou pelo lugar, seguido pelo corpo do atual Wei Wuxian.

Mo Xuanyu era menor que Wei Wuxian foi no passado, mais delgado e com voz mais suave também, mas a alma era daquela pessoa que odiou intensamente por tantos anos. E o jeito de agir era o mesmo, o que fez uma dor profunda e enterrada dentro da sua alma, emergir. Ele era capaz de sorrir nas piores das calamidades e claro, ele estaria ali, porque o Hanguang-Jun estaria ali.

Estreitou os olhos para o pote fumegante que ele trazia na pequena bandeja simples de Gusulan. Wei Wuxian carregando comida para outra pessoa era algo tão inesperado que até mesmo lhe arrancou da raiva para a surpresa chocada:

— Isso... É para mim?

— Não, é para os meus sobrinhos – Ele respondeu sorridente e então colocou a bandeja em uma mesinha perto da cama e disse animado – Lan Zhan faz uma sopa de costela com raiz de lótus bem gostosa, não é como a da Shijie, mas é muito boa.

Ele não sabia o que lhe doeu mais ao ouvir, se foi Wei Wuxian falando sobre sua irmã como se ela ainda fosse uma pessoa presente nesse mundo ou se estava chamando as aberrações que agora estavam em seu corpo sem o seu consentimento, de sobrinhos.

Suas emoções giravam furiosas dentro da si e ele mal conseguiu abrir a boca por isso. Contudo... Alheio a tempestade que ardia em sua alma, aquela pessoa dentro do corpo de um jovem mestre louco, ficou a sua frente com um sorriso absurdo e irritante:

— Vamos, coma enquanto está quente.

— Vamos fingir que somos amigos e que você está me ajudando em alguma espécie de doença simples, Wei Wuxian?

Resmungou entre os dentes e só então, ainda que não muito, o sorriso irritante caiu um pouco:

— Jiang Cheng, você ainda não deixou ir? – Ele suspirou e acabou se sentando a sua frente como se estivessem voltado para a infância. Aquilo também acrescentou uma facada a mais em seu peito – Achei que tivéssemos enterrado o passado na última vez que nos vimos. Eu pedi perdão, guardar rancor só te fará mal, nos fara mal... Eu morri uma vez, eu não quero morrer de novo sentindo que fiz tudo errado outra vez, dessa vez... Eu quero ser feliz, Jiang Cheng e você deveria querer o mesmo. Não devemos mais nada um ao outro, então não podemos mesmo recomeçar? Seu ódio é tão profundo que não permite que possamos ter uma segunda chance?

WangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora