Extra - Tango

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  Mandala entrou em seu quarto com o sol ainda de pondo e viu ela ali, diante da janela, silenciosa como sempre, linda como sempre.

Tinha consciência do que tinha pedido a deusa que Lanyi servia e na verdade grande parte de si não esperava que fosse concedido, contudo foi e ela estava radiante. Aquilo lhe fez perceber duas grandes coisas: Uma era que de fato aqueles machos eram importantes para o mundo ou Baoshan não daria importância ao destino deles, e segundo... Segundo que Lanyi não a odiava completamente, do contrário jamais a dona dela lhe entregaria a mensageira em quase bandeja de prata.

Sabia como a deusa mais próxima dos animais sagrados se sentia pela Ancestral ascendida do clã Lan, bem como sabia que aquele acordo era uma concessão imensa.

Metade do ano, Lanyi moraria ali indo para os céus apenas à trabalho, era um grande acordo de fato, o verão e o outono seriam seus, todos seus.

Sorriu e fechou a porta atrás de si.

Uma batalha terminava, uma outra começava, mas ela estava disposta a passar por tudo para ter aquela deusa para si. Lanyi... A fascinava.

— Por que está com esse olhar congelante em um pôr do sol tão lindo?

Disse indo para ela que continuava imóvel diante da sua janela.

Sabia que Lanyi era uma deusa virgem, claro, e hetero até onde sabia. Mas Mandala não tinha intenções de fazer nada sem consentimento, e nem a humilhar de qualquer forma. Ela só queria a companhia daquela mulher, queria poder tocá-la de vez em quando.

Desejava tê-la dormindo ao seu lado.

Ela era forte, intensa, mas ainda assim suave nas coisas certas e pontuais. Gostava da maneira em que ela ficava ofendida por coisas mínimas e também adorava a honra que carregou por toda a sua vida antes, seu exilio e por fim sua ascensão.

— Por que você me quer ao seu lado? – Ela perguntou sem ao menos lhe olhar, parecia uma estátua bela, vestida completamente de azul, da cabeça aos pés, a faixa Lan na testa delicada e as mãos nas costas como algum monge do outro continente – Você é a imperatriz, Mandala, pode ter a mulher, a deusa que quiser e sabe disso. Eu sou estoica e...

— Eu quero você e só você – Rebateu se colocando as costas dela que se retesou, mas não fugiu. Ótimo. Sorriu e abaixo o tom – Eu não tenho mais nenhuma amante desde que nos vimos pela primeira vez, ninguém mais me interessa, nada, ninguém, só você.

Mandala tocou os ombros da deusa, sua deusa... E massageou ali com cuidado. Ela era levemente mais baixa e menor em todas as medidas. Cabia completamente em seus braços e por estar com as mãos nos ombros dela, sentiu o suspiro inaudível:

— Eu não sou um caso! Aliás eu nem...

— Eu sei, eu sei, eu não penso assim e você também não deveria – Virou a deusa até que seus olhos se encontrassem - Você é minha mulher, não minha amante, entenda a diferença. Eu não sei do futuro, mas eu sei do agora e o que sei é que eu quero ser a pessoa que te tire desse congelamento em que vive como se ainda morasse na fonte gélida. Você ficou confinada cedo demais, amada, deixe ir tudo isso - Terminou dizendo suave antes de soltar os cabelos macios e longos com mãos ágeis e segurar o rosto delicado embora aquela fosse uma Lan em toda a sua essência – Eu sei que você é imortal e eu sou mortal, eu sei de tudo isso, mas vamos deixar essas coisas chatas fora do quarto, pode ser?

— Coisas... Chatas!?

Ela disse entre chocada e irritada e Mandala assentiu, soltando o robe externo com rapidez e destreza antes dela reclamar e então a soltou.

— Vamos para a cama um pouco, você precisa se acostumar com contato físico.

Estava alguns passos dela e pode ver claramente os olhos se arregalarem e então ela lhe dar as costas:

— Eu não vou...!

— Eu sei, eu sei... Sua dona deixou bem claro o que ela faria com as minhas entranhas se eu te tocasse sem consentimento ou te machucasse, não sou masoquista, obrigada.

— Ela não é minha dona!

— Então isso me dá esperanças, hun?

Provocou e assistiu divertida a deusa ir para a cama e se enfiar nos lençóis totalmente de mau humor. Quem via não acreditaria que ela tinha centenas de anos.

Soltou alguns risinhos quase sem querer, pelos ancestrais, Lanyi era muito fofa!

Foi para a cama, se deitou ao lado dela ainda que por cima dos lençóis e acariciou alguns fios de cabelos negros e macios:

— Seus protegidos estão bem e eu enviei Xena e Gabriele para buscar a parteira, além disso eu sei que está furiosa por eu ter quebrado a Xiao do seu cervo alfa, mas como eu faria ele aceitar um instrumento mais poderoso se ele ainda tivesse o de estimação dele grudado em seu corpo?

— Por que você tem que ser tão bruta!? Poderia ter agido diferente...

Ela reclamou ainda de costas para si e Mandala suspirou. Não era de dar explicações, mas sabia que se não cedesse um pouco, Lanyi ficaria distante...

— Sua deusa quer o macho com algumas das nossas habilidades, como farei isso se não souber o que ele tem e até onde ele foi? Ser o mais poderoso do meio em que ele habitava não significa nada aqui. Eu precisava pegá-lo de guarda baixa, furioso e em seu limite. Ele já está completamente frustrado sexualmente ainda que nem faça ideia, era um ótimo momento. Jiang Cheng deve ser um único da nossa linhagem que é virgem depois dos vinte anos, ainda não me recuperei do choque, desculpe.

Disse acabando por rir. Como um portador de Zidian tinha aquela tendência estoica, era uma questão indecifrável, ainda mais sendo descendente direto dos antepassados da Xena. Eles eram libidinosos, para dizer o mínimo... Mas sempre havia uma ovelha desgarrada do rebanho, não é mesmo?

— Ele... Amava a Xiao.

Lanyi reclamou baixinho e Mandala acabou a abraçando por cima dos lençóis e sussurrando em seus ouvidos:

— Forjarei uma Xiao tão bonita e infinitamente superior à dele, vou até colocar nuvenzinhas para te agradar, então não fique chateada, meu bem.

— Você é impossível!

Ela reclamou e então cobriu a cabeça com os lençóis. Mandala quase gargalhou, mas deixou como estava, sua deusa feroz e gelada já estava na sua cama, era um bom ganho do dia.

— Descanse, eu sei que você dorme e tem necessidades humanas ainda pelas próximas décadas, quero que descanse e relaxe.

Ela não respondeu, mas aparentemente ela estava bem cansada porque logo adormeceu e não demorou muito para alguns coelhos surgirem aqui e ali pelo seu espaçoso aposento. Mandala ficou ali por um longo tempo admirando sua Lan adormecida até que uma da suas guardas veio lhe chamar para seus afazeres noturnos.

Acariciou com cuidado a tez delicada e saiu da cama quase contra a vontade olhando para os coelhos brancos e negros por ali:

— Cuidem da sua deusa por mim, hun? E não a acordem, ela está exausta.

Saiu do quarto sorrindo e vestindo o manto que tirou assim que se deitou.

Hora de lidar com os problemas.




Foi curtinho né, mas o próximo é mais longo hehe

Para quem quiser reler com a vibe dessas duas kkkk
Beijocas
!

WangxianOnde histórias criam vida. Descubra agora