NOAH
Mesmo depois de algumas semanas longe de qualquer hospital, eu ainda sentia o forte cheiro de macas e remédios por onde eu ia. Fazia quase um mês desde que Joalin recebeu sua alta, e aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Ela decidiu vir pro México pelo menos até seu irmãozinho nascer, e eu não pensei duas vezes antes de vir junto.
Nós passávamos o dia todo juntos, cuidando da casa enquanto Bobby ia para sua escola de dança e Johanna frequentava atividades em grupo para mulheres grávidas na região. Um fisioterapeuta visitava Joalin a cada dois dias, e finalmente o progresso estava cada vez mais rápido. Nos primeiros dias eu me sentia péssimo, pois ela chorava de dor a todo instante e eu tinha medo de não dar certo. Mas nas últimas visitas ela se sentiu muito bem e agora tá quase conseguindo andar pelo corredor todo sem se apoiar em nada.
Uma das recomendações do fisioterapeuta e a coisa que Joalin mais gosta de fazer agora é ir pro mar. A casa é praticamente do lado da areia, e todas as manhãs eu comecei a levá-la até lá. Eu empurro a cadeira de rodas até o ponto em que ela quase se atola na areia molhada, e depois disso carrego Joalin até a parte rasa da água clara e fresca do mar calminho da Playa del Carmen. Assim que ela sente a água gelada no seu corpo ela se acalma e consegue relaxar bastante, o que me deixa muito feliz por saber que estou conseguindo ajudá-la nesse momento agonizante. Nós ficamos ali no mar por longos minutos, ela se deita nos meus braços e eu a balanço levemente de um lado pro outro, vendo as cicatrizes da sua perna subirem e descerem nas pequenas ondas pouco agitadas.
Assim que começou a recuperar os pequenos movimentos e quando sua perna não doía mais simplesmente por estar parada, foi como se a vida tivesse sido devolvida à minha pequena Joalin. Ela acordava sabendo que naquele dia melhoraria pelo menos um pouquinho, e isso dava energia suficiente pra passarmos o restante das horas rindo e nos divertindo com tudo ao nosso redor. A gente cozinhava, assistia TV, passeava pela cidade, fazia nossa pequena fisioterapia no mar e ainda sobravam muito tempo para ficarmos juntinhos na cama, apenas conversando sobre qualquer coisa e qualquer assunto. Eu tava sentindo tanta falta disso que conseguia apreciar todos os momentos de um jeito incrível. As coisas mais simples que fazíamos juntos se tornavam extremamente especiais, só por saber que aquilo a ajudava a se recuperar e que ela tava realmente e finalmente se sentindo bem.
- Eu tava pensando na nossa cidade. - ela dizia baixinho enquanto a gente assistia E.T. deitados na cama. Ela me abraçava de canto, com a perna esticada e levantada por diversos travesseiros.
- É, eu também to com saudade de Washington.
- Não... - ela sorria. - Não to falando de lá.
- Ahh. - eu dei uma risada, me afogando com tamanha nostalgia e saudade. A cidade onde crescemos juntos, nos conhecemos e vivemos tanta coisa incrível.
- Imagina voltar lá um dia? Quem será que tá morando na minha casa?? Será que os novos moradores estão sendo assombrados pelo espírito agitado do meu irmão que pairava no quarto dele? - ela ria junto comigo.
- Será que a loja de discos ainda funciona?
- Meu Deus, Noah. - ela se levantou, tendo uma epifania. - Nós temos que ir lá.
- Joalin... - eu de repente tentei imaginar toda a viagem. Na estrada. De carro. Joalin não gostava de se aproximar de um carro desde o acidente. Mesmo sendo de avião, a viagem do hospital pra cá foi difícil, considerando os carros que nos levaram do hospital pro aeroporto, e do aeroporto pra casa, e as pequenas crises de choro regadas de trauma. Depois disso nós nunca mais andamos de carro. E eu me preocupava com como seria sua reação agora.
- Visitar nossa escola... O clube, a quadra. A lanchonete!!! Nós temos que ir.
- Eu amei essa ideia. De verdade. - eu falava um pouco sério, me reajustando na cama e me sentando ao seu lado. Ela se apoiava pelos cotovelos, me olhando atentamente. - Mas... Eu me preocupo com você. Com o fato de que passaríamos algumas horas em um carro, numa estrada.
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Ready for Love | Noalin
RomanceApós o casamento de Sabina tudo ocorria bem, e Joalin sentia que sua vida finalmente fazia todo o sentido. Noah se vê obrigado a fazer escolhas bem difíceis, e isso só resultaria em duas coisas: fortalecê-los ou separá-los. Até onde ele iria para sa...