Ready for Love | Noalin

2. champagne supernova

JOALIN

- Ei, Dustin, por favor não mexa no cabelo da Lily. - eles riam enquanto eu tentava fazê-los concentrar nos últimos instantes da aula. Todos me olhavam com muita atenção, mas sempre que ficava no fundo, Dustin se distraía nos minutos finais e se tornava bem agitado. - Ok. Vocês já estão fartos de mim hoje, né? Vamos fazer um momento relaxante...

- Professora Joalin, o que é farto? - Ian me perguntou bem curioso e confuso enquanto eu pausava a música.

- Farto é quando você se sente cansado de alguma coisa.

- Ok. Bom, eu não estou farto de você não. - ele disse todo sorridente.

- Ah, Ian. Você é um doce. - ele se sentia orgulhoso. - Ok pessoal. Todo mundo inspira bem devagar, levantando os braços e expira, deixando eles caírem no ritmo da respiração. 1... 2... 3...

Todos eles formavam juntos um coral de ar saindo e entrando nos seus pulmões, bem concentrados e focados no relaxamento. O salão tava bem cheio, levando em conta que eu dava aula para trinta pequenos dançarinos bem talentosos. Um lado das paredes era todo de vidro e por isso todo mundo que passava pela rua conseguia nos acompanhar pelo lado de fora, o que parecia muito assustador pra mim no começo, mas hoje em dia eu nem percebia mais os olhares curiosos e críticos. Enquanto eu passeava entre eles para direcioná-los no exercício, vi uma Heyoon bem entusiasmada acenando para mim do outro lado do vidro. Isso indicava o fim da minha aula.

- Ok, meus amores. Por hoje é só. Ótimo trabalho hoje!! Nos vemos na quinta-feira. - em um piscar de olhos eles já começaram a ir atrás de suas mochilas, gritando várias despedidas para mim e me desejando um bom dia. Eu organizei o salão, tirando meu CD do som e pegando minha mochila. Assim que terminei, todos os alunos já tinham saído da sala, então apaguei as luzes e fechei a porta. - Tchau, Lisa. Até mais, Jane. - eu me despedia das garotas da recepção assim que saí do estúdio.

Heyoon me esperava na calçada, iluminando o rosto no momento em que me viu. Nós duas estávamos bem suadas por causa das aulas. Ela também era professora de dança na maior academia da cidade a uns dois quarteirões daqui, e sempre que nossos horários de aula eram compatíveis ela me esperava para andarmos juntas até a estação de metrô. Essa era nossa rotina de segunda à sexta, o que era essencial para eu me sentir em casa nessa cidade completamente nova e ainda um pouco desconhecida para mim.

- Ah. - ela disse em um pequeno susto, abrindo sua bolsa e procurando alguma coisa lá dentro. - Eu trouxe nosso lanche hoje. - ela pegou um ziploc com dois sanduíches dentro, me entregando um e ficando com o outro enquanto andávamos nosso caminho de sempre. - Dessa vez eu não esqueci. Samuel tava preocupado que eu chegava em casa com fome todos os dias, então ele começou a espalhar vários recados pela casa "leva um lanche!!", "não esquece de levar comida!!". E funcionou! Não sei se ainda tá bom... Porque faz um tempinho que tá dentro da bolsa. Ahhh!! Eu posso deixar na geladeira da academia. Mas e se alguém comer sem querer?? Vou ter que colocar uma etiqueta enorme com meu nome escrito NÃO COMA!

- Isso com certeza vai funcionar. - eu disse rindo e apreciando o sanduíche, que tava incrivelmente saboroso considerando minha fome enorme depois de tantas aulas no dia. Nós atravessávamos as ruas movimentadas de Washington nos aproximando da estação de metrô. Em poucos minutos ja terminamos os sanduíches, pegando nossos cartões de transporte e entrando na estação que tava bem movimentada nessa hora do dia. Algumas escadarias depois e já estávamos sentadas no vagão a caminho de casa, nos preparando pra pequena viagem de 15 minutos. Heyoon e Samuel moravam bem perto do nosso apartamento, mas ela desembarcava uma parada antes da minha, o que nos dava bastante tempo para conversar sobre nosso dia. Eu amava sua companhia, pois além de ser tão familiar, ela só me transmitia coisa boa por estar sempre tão alegre. Heyoon me fazia rir tão alto que quase sempre as pessoas no metrô nos lançavam olhares perturbados, mas isso não nos impedia de continuar.