VIII

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Desculpem qualquer erro e boa leitura!

O Castelo parecia estar um caos... ou melhor, todos pareciam estar um caos. Pelo o pouco que eu consegui aprender, está havendo revoltas fora dos portões da Capital o tempo todo, os Desertores - os assim chamados Guardiões que se "revoltaram" contra a Ordem - estão ajudando os civis nessas revoltas, e aparentemente tentando evitar que se machuquem enquanto protestam e tentar fazer que não vão longe demais. Não que isso esteja adiantando de muita coisa, pois aparentemente muitos lugares foram incendiados e/ou destruídos no processo.

Isso me fez perceber o quanto uma Ordem é necessária, bom... quanto a antiga Ordem dos Guardiões é necessária, já que a atual só serve para seguir cegamente os comandos dos Lordes, que sinceramente não estão muito pacíficos aqui também. 

Reuniões são feitas o tempo todo, pessoas ficam exaltadas, opiniões e argumentos são trocados, mas não parecem chegar a lugar nenhum mesmo ficando presos na sala de reuniões durante horas. 

Um dia, consegui me esgueirar pelos corredores do Castelo e entrar na sala onde as reuniões acontecem, e me posicionei em um dos mezaninos onde esposas, crianças e lordes menores se posicionavam para assistir os principais Lordes debaterem e decidirem o destino de todo um planeta. Era extremamente restrito quem poderia ficar ali, felizmente, todos ali estão mais preocupados em prestar atenção e fofocar pra perceber que há uma pessoa 'estranha' entre eles.

O salão de reuniões possui uma grande mesa retangular onde os 12 Lordes estão distribuídos sentados igualmente de cada lado, com os seus vices em pé atrás de suas cadeiras, de vez em quando se inclinando e sussurrando algo no ouvido de seu Lorde, antes de voltar a posição anterior. 

Mas diferente de todas as outras reuniões da Câmara dos Lordes durante séculos, a cadeira da cabeceira da mesa está ocupada, por ninguém mais ninguém menos que Eros, um representante dos Titanus. E Ivy posicionada a sua direita, com o queixo erguido orgulhosamente, os cabelos soltos com todos os fios no lugar e parecendo muito elegante vestida toda de couro, mesmo destoando um pouco de todas as roupas formais e chiques de todos os outros, sem nenhuma arma a vista.

Pra falar a verdade, parece que nenhum dos Lordes, vices e a platéia do mezanino está com nenhum tipo de arma visível, até mesmo os da Casa Taurus, apesar dar armadura não estavam com armas, provavelmente a entrada com elas é proibido já que esse é um lugar para dialogar e não tentar acertar, machucar ou mesmo matar alguém. Mas aposto que muitos deles conseguiria fazer algumas dessas coisas sem precisar de um instrumento para auxiliar.

As discussões giravam em torno do que deveria se fazer com aqueles com herança alienígena, humanos pra ser mais especifica. Aqueles pró-Eros queriam coloca-los novamente na mesma nave que os trouxe para cá e manda-los de volta pro antigo planeta deles. Expulsá-los do lar deles para um que eles nunca viram ou pisaram sem saber se é habitável novamente e se irão sobreviver. 

E felizmente, aqueles em que eu logicamente sou a favor, há aqueles contra essa ideia, porque por mais eles tenham qualquer descendência humana, eles estão aqui a séculos, e depois de tanto tempo para fazer eles se "enturmarem" e se adaptarem a um novo mundo, há aqueles que querem mandá-los pra fora. Quantas famílias são "mistas"? Quantas irão perder parentes, amigos e conhecidos se essa ideia for pra frente? O que acontecerá com as pessoas que ficarem e o mundo que deixaram pra trás? Como o planeta continuará funcionando com a perda de boa parte da população, dos trabalhadores?

_Do mesmo jeito que estávamos antes deles vierem - respondeu seriamente Eros, silenciando toda a sala, até mesmo todas as pessoas que estavam observando e fofocando animadamente no mezanino.

_Você não pode estar falando sério - comentou um deles descrente.

_É claro que sim. Nós, witianos, vivíamos em perfeita harmonia com o planeta, os seres além de nós que o habita, os deuses. - enfatizou veementemente a ultima palavra, sem nunca tirar o olhar sério do rosto, ou mudar o tom - Há quanto tempo eles não entram em contato conosco? Há séculos. E ninguém aqui parece se importar com essas... pequenas coisas - soltou uma baixa e irônica risada - Já que todos vocês e seus antepassados apenas sentaram em suas cadeiras bonitas em volta dessa mesma mesa sem fazer nada. Dizendo a todos que está tudo bem continuar desse jeito. Pois eu te digo agora que não está tudo bem, vocês não viveram naquela época, não sabem como tudo era diferente, melhor.

Guardiões do AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora