Destiny

「 03 」

☽• Peter •☾

O jovem ômega veio a despertar antes mesmo do sol se esgueirar no horizonte entre as velhas árvores sem folhas e as nuvens carregadas que logo deixariam que a neve caísse mais uma vez, desceu as escadas para o andar debaixo da casa e se moveu até a cozinha. Peter jogou alguns pedaços de madeira na parte debaixo do fogão logo ascendendo as mesmas para que pudesse usar o fogo para esquentar um pouco de água.

Se sentou em uma das cadeiras a mesa, apoiou os cotovelos sobre a madeira e a cabeça entre suas mãos. Sua mente não havia lhe permitido nem mesmo um minuto de sono aquela noite, seu conservis o havia achado e estava nas redondezas, Peter conseguia sentir seu lado animal mais próximo que nunca, implorando para que saíssem daquela casa e encontrassem seu conservis de uma vez por todas, um ômega de fato precisava de um alfa - de seu alfa - e todos sabiam disso, era uma lei muito mais que natural para os lobos, apesar de que algumas pessoas insistiam em fazer com que ômegas fossem forçadamente marcados com alfas que não fossem os seus alfas determinados pela Deusa da Lua, morriam não muito tempo depois, corroídos pela dor e tristeza de uma marca feita a força.

Um ruído foi feito na porta e um chiado surgiu logo em seguida, quase inaudível, o corpo do jovem Parker congelou no mesmo instante, encarou a porta da cozinha que dava acesso ao lado de fora, o cheiro de canela e pinheiros novamente inundou seus sentidos de forma harmoniosa, intrigante até. Seu corpo se levantou da cadeira onde esteve sentado, seus pés se moveram o levando até a porta, encarou a madeira por longos segundos antes de respirar fundo e abrir a porta de uma vez por todas. Ao longe Peter pode perceber uma pelagem negra como a noite se fundindo com a floresta morta pelo frio, seu lado ômega pareceu ronronar com a imagem, seus olhos se focaram para baixo, desta vez não era um coelho, um cervo, grande, com cifres que pareciam ter sido quebrados no meio de uma luta com alguma coisa maior que ele mesmo. Peter se abaixou perto do corpo, não haviam cortes de facas naquele corpo somente marcas de dentes. Era compreensível.

Mas algo ainda estava confundindo Peter, por que o lobo não ficava? Obviamente poderia ser perigoso já que o alfa de sua alcateia não tolerava muito bem lobos estranhos, mas era a segunda vez que aquilo acontecia e se aconteceu uma segunda vez era porque seu conservis com certeza era um lobo extremamente confiante em sua própria habilidade de luta, então qual era o motivo pelo qual ele o abandonava?

Peter se levantou, respirou fundo os traços de canela e pinheiro deixados para trás pelo lobo de pelagem negra, e se virou para dentro da casa, a água fervia no recipiente de ferro em cima do fogão, se apressou em desligar as chamas e retirar a panela de cima do mesmo. O vento frio adentrou de forma sorrateira pela porta o fazendo arrepiar.

— Bom dia — A voz de May preencheu o silêncio da cozinha, Peter elevou o olhar para ela. A Parker estava ainda em seus pijamas de cores diferentes e materiais quentes, uma manta de cor azul escura estava sobre seus ombros e era segura de forma firme a frente de seu corpo, seus cabelos estavam presos em um coque mal feito e isso permitia que Peter conseguisse ver seus fios brancos de forma mais clara. Os olhos de May se voltaram para a porta e uma de suas sobrancelhas se ergueu em questionamento, logo seu rosto se contorceu em dúvida.

— Bom dia — Respondeu Peter, deixando a água de lado e se virando para a porta também — Ele veio de novo.

— Está ficando perigoso, se ele continuar os patrulheiros de Osborn vão notar o cheiro de sangue e o cheiro do lobo — May resmungou atravessando a cozinha, deixando a manta que usava apoiada em uma das cadeiras no caminho. Segurou o batente da porta com uma das mãos e se abaixou próximo ao corpo morto do animal, seus olhos trabalharam rápido ao perceber as mordidas no pescoço e os chifres quebrados do cervo. Duas batidas na porta principal chamou a atenção dos dois lobos, May se virou para encarar o sobrinho de forma questionadora.