BEAUTIFUL NIGHTMARE - LIVRO 2 ✓

21 - r u s s i a n r o u l e t t e

Capítulo 21.

As my life flashes before my eyes
I'm wondering will I, ever see another sunrise?
So many won't get the chance to say goodbye
But it's too late to think of the value of my life
Rihanna – Russian Roulette

Enquanto as horas se arrastavam e as questões continuavam a empilhar-se na minha mente, eu conseguia apenas contar as gotas de suor que corriam pela minha têmpora abaixo. Engolindo em seco, eu não conseguia esconder o medo – sabia muito bem que é que a roleta russa consistia e eu receava que apenas um de nós sobreviria a este evento. A expressão no rosto de Zach era uma de divertimento, uma certa euforia a dançar nos meus olhos que não continham qualquer piedade para qualquer um de nós.

Conseguia sentir as minhas mãos a tremerem, os meus ossos e até a minha alma. De todas as vezes que a morte caminhou ao meu lado, esta deveria ser, definitivamente, a mais assustadora. Mesmo querendo colocar as palavras de Zach de parte, atirá-las para uma parte do meu cérebro onde as mesmas não seriam acedidas, alguma parte de mim recusava-se a fazê-lo. Talvez esta fosse a nossa última noite juntos e estava longe de ser como eu imaginei, tudo estava a correr de forma pior. Embora eu soubesse que isto tinha uma grande oportunidade de ser uma armadilha, tinha de arriscar tudo... por ele.

Enquanto ele andava de um lado para o outro, como se analisando a situação, a cadeira de Zayn foi erguida e posicionada à minha frente. Conseguia vê-lo perfeitamente agora e um senti um aperto em torno do meu coração —— o sangue continuava a pingar dos seus lábios, as pisaduras no seu rosto demonstrando o quão violento Zach havia sido com ele. O desejo que me consumia de conseguir elevar as minhas mãos e cuidar das suas feridas, apenas me fazia esquecer onde nos encontrávamos e o destino que nos aguardava.

- Zayn? – Ele não se atrevia a olhar-me nos olhos, talvez o que fora revelado fosse de facto uma realidade, mas eu continuava a recusar-me a acreditar naquilo. O que estivesse destinado a acontecer hoje, aconteceria e os meus sentimentos iriam permanecer inalterados até eu ouvir as palavras vindas si. – Eu...

- Nunca te devia ter arrastado para isto. – A voz dele não passava de um murmúrio, se eu não me estivesse perto de si duvido que ter ouvido. – Não existem palavras para descrever o quanto me magoa ver-te assim. – Mesmo com aquela frase, os seus olhos permaneceram focados no chão, na poça de sangue que se formava entre nós.

- Alguma vez pensaste que ela está nesta situação devido a ti? – Zach, como sempre, tinha um comentário pronto a ser adicionado a qualquer palavras que fossem proferidas. Olhá-lo enchia-me de raiva —— ele continuava a tentar causar com que eu o odiasse, mas isso não iria acontecer. Eu sabia, bem dentro do meu peito, que ele não era um assassino, ele nunca me magoaria. Tinha de me agarrar a esse pensamento como se a minha vida dependesse do mesmo.

- Já chega de mentiras. – Grunhi, os meus dentes juntos demonstrando o quanto eu tentava conter a minha aversão. Os meus olhos aterraram na minha arma que ele carregava na sua mão, a mesma tinha apenas uma bala enquanto todas as outras permaneciam no chão. Este seria um jogo entre a vida e a morte, um movimento em falso e era uma bala nas nossas têmporas. – Os teus jogos doentios só divertem a tua mente pervertida. – Zach soltou uma gargalhada.

- Podias ser isto e muito mais, se ao menos abrisses os olhos...

Apenas agora começava a reparar nas cicatrizes que cobriam as suas mãos, as queimaduras que eram familiares – Lyn. Ele possuía a mesma espécie de pele com textura caótica, como a minha tia havia sofrido quando a casa explodiu tão subitamente. Quando ela se encontrava naquela cama de hospital e eu apenas a podia observar pelo vidro que nos separava, enquanto chorava e temia que a única família que me restava também abrisse as portas à morte.